Cascais
Em 2001 o PS, com José Lamego a liderar uma campanha de grande dignidade política, perdeu para António Capucho a batalha autárquica em grande medida por causa da gestão de José Luís Judas e respectiva consequência: a sua não recandidatura.
António Capucho e o PSD montaram um amplo esquema de difamação, que Lamego designou como "uma lógica de confrontação e crise".
Durante quatro anos pouca coisa se ouviu sobre o Município de Cascais. Foi um marasmo. Das lebres levantadas sobre Judas, nada. De obra da Câmara, nada. Do Estoril Sol, quase nada, para não dizer uma escandaleira.
E agora que Capucho foi reconduzido pelos cascaienses, reforçando inclusivamente a maioria absoluta do executivo, eis que finalmente acontece algo de extraordinário.
O presidente da Câmara nomeia Diogo Capucho, seu filho, director Municipal de Ordenamento, Planeamento e Ambiente, que tem em mãos, nomeadamente, a revisão do Plano Director Municipal de S. João do Estoril (os leitores mais atentos não terão dificuldade em encontrar na net que familiares do director vivem nesta localidade).
O vereador do desporto, João Sande e Castro escolheu para adjunto o seu irmão Luís Sande e Castro e para secretária a sua ama de infância, Maria Amélia Ribeiro Burnay, que não consta ter qualquer experiência na área do secretariado, apesar da sua perceptível idade.
O verdadeiro artista
Herman em versão zap. Cinco minutos bastam para sacar duas pérolas.
"(...)
Herman- E tu Pedro? És católico?
Pedro Granger- Eu? Sim, sou...
Herman- Não pareces nada. Não tens ar de católico.
Pedro Granger- (corando) Não? (gargalhada. Depois) Obrigado!
(...)"
"(...)
Herman- E agora queria dar os parabéns ao terramoto de Lisboa!
(...)"
Joana
Joana Amaral Dias é licenciada em psicologia pela FPCE, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra e é docente (Mestre) no ISPA, Instituto Superior de Psicologia Aplicada, laborando no Centro de Investigação da instituição.
É deputada no sistema de rotatividade do Bloco de Esquerda.
Uma simples pesquisa no google mostra que as primeiras páginas são sobre a polémica aceitação desta missão. Não tenhamos dúvidas: após este período eleitoral, o Bloco aceitará naturalmente a sua reintegração, como acontecerá com Manuel Alegre no PS. Não são partidos estalinistas, nem são chefiados por grupos de rancorosos!
Mérito primeiro para quem convidou: Mário Soares não precisa que se qualifiquem as suas escolhas. Mas salvo a redundância de forma, nunca é demais enfatizar a feliz ideia de convidar Joana Amaral Dias para sua mandatária de Juventude. Uma mulher inteligente, politicamente brilhante e que eu acho que vai mobilizar de forma genuína e interessante a juventude, em torno da candidatura de Mário Soares.
Em segundo, mas sem menor mérito, a própria Joana Amaral Dias. Aceitou este desafio, pondo em causa o seu percurso partidário, em nome de um projecto, de uma missão, de um sonho. É por isso que Joana, por projecção, nos faz sonhar, nos faz acreditar que vamos conseguir.
Critérios
Sempre, sempre esta malta porreira do jornalismo.
Passaram o dia a dar visibilidade e cobertura simpática à inqualificável greve dos juizes, magistrados e pessoal auxiliar. Simpática porque o ónus foi sempre colocado no prejuízo dos cidadãos à porta de tribunais que não funcionaram e não na matéria de facto: porque fazem greve essas pessoas? Inqualificável por que não consigo compreender qualquer, repito qualquer, greve, manifestação ou reivindicação dos funcionários públicos, com excepção para aqueles que são precisamente prejudicados pelo corporativismo dos seus pares, aqueles cujos vínculos a prazo, os colocam numa situação de trabalho precário e cujo o labor é tão necessário como o dos outros.
Mas a vida prega grandes partidas. Mesmo ao mais incauto editor que precisa de contestação e crispação: andava a malta a propagandear uma greve com 95% de adesão e que pomposamente se repercutiu no prejuízo de 50 mil pessoas e não é que o Tribunal da Relação iliba, hoje mesmo, o jornalista Manso Preto acusado, em 1a instância, a onze meses de prisão por não querer revelar a fonte, relacionada com uma notícia de tráfico de droga.
Isto é problemático. Por um lado não sei bem o que pensar sobre esta matéria das fontes, quando estão em causa questões como o tráfico (seres humanos, armas, droga).
Mas o que está também em causa é que isto obrigou as redacções a mudar imediatamente de estratégia. Obriga o corporativismo que se trate o jornalista em questão como mártir, como que a garantir igual tratamento caso aconteça a outro distraído jornalista que se veja a braços com matérias jurídico/éticas. E a ironia torna-se então difícil de explicar:
Será que os juizes e pessoal da Relação não aderiram à greve?
Será que se aderiram, deram prioridade a este caso?
Será que decidiram decidir sobre esta matéria propositadamente hoje (que convenientemente agrada a toda a classe jornalística)?
Será que os magistrados do Ministério Público compareceram na leitura da sentença, ou estavam em greve?
Diabo! Porque é que logo no dia da paralisação absoluta da dinâmica justiça nacional, se iliba um jornalista? Ele há cada ironia...
Para mim
Para mim estava decidido.
Mário Soares apresentou António Cunha Vaz como director de comunicação, Cavaco, Luís Paixão Martins. Soares tem Alfredo Barroso como director de campanha e Cavaco, Alexandre Relvas.
Eu, no lugar dos "estrategas" (leia-se spin doctors) escolhia Edson Athayde para Director Criativo (leia-se de Soares).
Estava doida
Será no mínimo discutível a escolha editorial de Judite de Sousa para a sua grande entrevista de ontem. Melhor: de sempre. O facto do governo ter apresentado o Orçamento de Estado não teve qualquer importância para a jornalista que, passando ao lado desse facto, escolheu dar palco a Ricardo Salgado, presidente do BES.
Eu sabia que ela pretendia a confissão do apoio do bancário a Cavaco. Mas o homem não é burro e defendeu que não estava ali como cidadão, mas como presidente de uma instituição apolítica. Ela insistiu relembrando-o de um jantar servido em sua casa, há dois anos, que juntou Cavaco e gentes da massa. Ricardo Salgado afirmou que o país precisa de um presidente mobilizador e que transmita confiança ao país. E que tem de salvaguardar a estabilidade governativa.
Judite estava doida. A partir daqui percebe-se que vai sempre escolher pessoas que possam manifestar o seu apoio a Cavaco. Desta vez teve azar.
Parabéns Nuno!
À espera
Estou ansioso por ver as reacções do PSD ao Orçamento de Estado (OE), hoje apresentado.
Estrategicamente, Marques Mendes, precisa mais que nunca de dramatizar, de criar uma situação de grande confrontação com vista a preparar terreno para a tranquila e confiante apresentação de Cavaco Silva, na próxima quinta-feira.
Se bem conheço aquela rapaziada, cabe ao partido contextualizar o acto de Cavaco, para que este apareça como o optimista (inspirado na estratégia de Soares), salvador e merecedor da eleição. São um pouco estes os sinais que a opinião pública vai querendo dar e receber da figura do ex. primeiro ministro.
É claro que as aparentes e especuladas datas de apresentação do documento do actual governo não foram tão ingénuas como possa parecer. Se por um lado Cavaco queria esperar pelo OE para enquadrar a sua candidatura, por outro, Sócrates também pode ter escolhido esta data para enfrentar o problema de frente. Ou seja em vez de adiar a situação, apresentou o OE como modelo de estabilidade e ao mesmo tempo de arma de arremesso. Como que a mostrar que há mais Finanças para além do professor.
A RTP dá o mote. Ontem foi Mendes no "Diga lá Excelência", hoje debate "Prós e Contras" e amanhã entrevista a Ricardo Salgado. Tudo bem arranjadinho, tudo bem controlado. Querem voltar ao cavaquismo e ao povo cabe dar o veredicto. Veremos qual será.
Dragão e Alvalade
Pelos vistos os dois estádios estiveram cheios de benfiquistas, tal foi a quantidade de lenços brancos exibidos em ambos.
Falar do futuro implica errar muito. Escrevi, aqui no Estado em 09-08-2005, que Peseiro e Adriaanse cairiam antes de Koeman e fi-lo no dia a seguir à derrota com o Gil Vicente. É bom de vez em quando acertar!
Peseiro é um exemplo típico do futebol contemporâneo: foi despedido pelos adeptos, os jogadores validaram e a direcção destituiu-o.
Hoax
Afinal trata-se de uma piadinha do primo Tiago.
Aqui podem brincar com esta cena.Pena... Quando vi acreditei e tinha uma esperança que alguém me tivesse dado importância. Volto para a minha insignificância.
PS- Obrigado Pinho.
O que um tipo tem de aturar
Enviaram-me esta foto que anda a circular.
Como sou o visado seria bom que o autor, já que sabe tanto sobre as minhas tendências sexuais, soubesse que entrei para o curso de Línguas e Literaturas Modernas da Faculdade de Letras de Lisboa.
É chato referir-se a mim com erros de ortografia. Se por acaso alguém conhecer o artista, por favor peçam-lhe que corrija a falha. Fico indignado com a forma como se escreve em português!
Ainda por cima disseram-me que está ao pé das Amoreiras, uma zona que, como se sabe, permite uma grande notoriedade a ambos: ao criador e a quem se dirige.
Geração Santana
As imagens da sede de candidatura de Carmona no dia da sua vitória eleitoral mostravam as figuras públicas, como que os que simbolicamente representam ou deveriam representar a essência cultural e artística de onde provém o presidente da CML e as referências que definirão o contorno das suas políticas intelectuais.
Sô Dona Simone de Oliveira, Abel Dias. Luísa Castelo Branco e Carlos Castro, destacavam-se. Eles são os mais legítimos resquícios da geração Santana: Sô Dona Eunice Muñoz, Xô Ruy de Carvalho, Marina Mota, Pedro Granger e outros grandes vultos da Lisboa que temos.
A origem da importância que se dá a essa gente é o fenómeno Margarida Rebelo Pinto.
Aqui podem ver como ela escreve os seus ditos livros. Não deixa de ser uma forma idêntica à de Santana fazer política...
E os outros? O que são nas suas actividades?
O voto da Função Pública
Depois das greves e protestos de polícias, ladrões, tropas, professores, médicos, enfermeiros, juizes e funcionários dos tribunais (estes preferem greve 5ª e 6ª calhando o feriado à 4ª anterior e retomando o protesto 2ª e 3ª seguintes) e muitos outros, aqui está o voto, arma maior da democracia, a castigar José Sócrates e o seu governo. Os cerca de 750 mil funcionários e suas famílias mostraram ontem um cartão amarelo às políticas reformistas que toda a gente reclamou e reclama, mas que só se devem aplicar aos outros, nunca a nós próprios.
Tanto foi o medo de que o voto de ontem tivesse consequências mais profundas em termos nacionais que todos, políticos e analistas, não conseguiam deixar de referir o contrário do evidente. O que esteve em causa na maior parte das localidades não foi eleger os mais capazes e honestos, mas os que mais castigassem o governo.
Se o exemplo de Lisboa não serve para ilustrar este facto, Carrilho e os responsáveis locais fizeram a pior campanha de que há memória, o mesmo não se aplica a Sintra, Porto e Leiria.
No Porto a única vantagem da vitória de Rio é a maturidade democrática dos eleitores que separaram o futebol da política. Pois que em relação a Sintra precisamente essa promíscua relação que o seu Presidente mantém com o Benfica, lhe terá sido benéfica. E o mesmo se pode dizer em relação a Leiria. De resto nenhum destes autarcas fez obra. Nem Rio, nem Seara, nem Damasceno e aqui podemos incluir Carmona, têm uma ideia para os seus concelhos. Não têm simplesmente projecto. Não fizeram obra e tudo leva a crer que não farão, no sentido reformador, consequente e decisivo na vida das cidades.
É difícil perceber o povo português. Entendam-me: os sinais estavam à vista, mas eu tinha uma secreta (ingénua?) esperança que as eleições de ontem fossem de uma certa forma uma manifestação de apoio ao PS e ao seu governo.
Isto porque ainda não há 8 meses o país se encontrava numa profundíssima crise e os mesmos que agora votaram assim, votaram na altura assado.
Muito bem. Que dizer da OTA e do TGV? São projectos repetidamente apresentados por sucessivos e diferentes governos, fundamentais e de cuja execução dependem muitos factores da nossa ruinosa sociedade. Se os economistas se dividem sobre se o investimento público gera desenvolvimento, ninguém no seu perfeito juízo nega que impulsionará a Economia, dando-lhe o click necessário, para que outras reformas possam efectivamente consolidar o crescimento.
Como dizia. Há 8 meses atrás alguém duvidava (para não dizer, alguém não pedia) que o investimento público voltasse a ser uma prioridade do governo, depois da vergonha Ferreira Leite e Bagão Félix? Hoje um outro raciocínio gere a cabecinha dos funcionários públicos. Eles tiram-nos direitos para fazerem projectos megalómanos e ganhar votos, recusando-se a entender a necessidade estruturante, o impulso à criação de emprego, a possibilidade de integrar as redes de transportes europeias de forma sustentada e etc., etc.
Por outras palavras aquilo que era exigido (e esperado) ao governo há uns meses atrás foi ontem negado e violentamente contestado. É assim o vergonhoso voto da função pública.
Há alguns aspectos que devemos considerar sobre este grupo e sobre a sua influência na sociedade portuguesa:
1º- No primeiro governo de Cavaco Silva, o ministro das finanças foi um senhor do PSD que dá pelo nome de Miguel Cadilhe. Mal ou bem, digo-o porque o encaixe dos primeiros quadros comunitários de apoio conseguidos pela governação anterior de Mário Soares lhe foram benéficos, conseguiu pacificar a sensível área das finanças, sendo ainda hoje reconhecido como um bom ministro das finanças. No segundo mandato não esteve presente e o resultado, especialmente para Cavaco, foi o que se viu.
Na forma, Miguel Cadilhe demitiu-se por causa de uma notícia de O Independente, que abordava eventuais irregularidades referentes ao imposto mais estúpido do Mundo, o SISA.
No conteúdo, explicou-o Cadilhe recentemente, as políticas que Cavaco se preparava para introduzir de modo a alcançar a pacificação em sede de concertação social, viriam agora a valer-lhe o título de "Pai do Monstro". Cadilhe considera a leviandade estratégica de Cavaco, para segurar a Função Pública, como a causa primeira da grave situação em que se encontra o país nos dias de hoje.
Daí que se as eleições fossem hoje não admiraria uma mais que provável vitória de Cavaco: a Função Pública, apesar do ódio final (mais por via da arrogância e do abuso do aparelho de Estado) tem uma inconsciente dívida de gratidão para com o Pai.
2º- No curto ciclo anterior, um argumento político virou a opinião pública. Por mais que se tentasse avisar racionalmente do contrário, os portugueses consideraram o deficit das contas públicas a causa e o efeito do que deveria ser a governação. Assim foram instruídos por Moniz, o Big Brother e Marcelo, depois Durão, Santana e o resto já se sabe.
Claro que tudo não passou de um instrumento da EU, que hoje podemos considerar, evidentemente virtual. A revisão do Pacto de Crescimento e Estabilidade (PEC) foi uma obrigação e um exemplo daquilo que pode ser a genuína orientação estratégica da Europa, onde as políticas por vezes têm de nascer de baixo para cima, por ao contrário estarem em certo sentido desfasadas, ou se quiserem por via do autismo institucional inerente ao mass government, em múltiplos países sem efectivação possível.
Aquilo que ficará para o futuro e em relação directa com o problema português da Função Pública é que daqui a algum tempo, nem mesmo o largo número de profissionais do aparelho de estado poderá sustentar a inevitabilidade da opinião pública achar que também como em relação ao deficit, o governo tem razão.
Mais que não fosse porque os outros, nós, os que não recebemos a horas, que não temos subsídios e reformas garantidas, os cuja fábrica pode fechar no fim do mês sem aviso prévio, os que temos de fazer corresponder as nossas reais capacidades, ao exercício das nossas profissões, somos diariamente confrontados com a pessoa que do outro lado, ao invés de nos ajudar a resolver, nos relembra na sua atitude, na falta de brio e muitas vezes na forma impensável como nos trata (e não trata do problema) que não. Não tem razão.
É claro que as excepções confirmam a regra. A regra sobre a recepção que temos nos hospitais, na esquadra, na escola (ou Universidade), no tribunal, na Junta de Freguesia, na repartição de Finanças e no até no sítio criado para resolver (até aí a governação Durão/Santana conseguiu estragar), a Loja do Cidadão, em todo o lado, somos tratados como merecemos, até porque os Senhores Funcionários Públicos, não que não sejam competentes, simplesmente precisam sempre de melhores condições, pessoais e profissionais.
Esta percepção vai estar cada vez mais presente. Vai ter de ser assumida sempre que os senhores desfilarem porque têm de trabalhar até aos 65 anos, como o resto dos cidadãos, ainda que estes tenham menos importância.
3º- Para os políticos este assunto é melindroso. Ninguém pode assumir, com o risco de perder muitos votos, nem sequer a reformulação do sistema público (como actualmente se verifica com o governo) muito menos a possibilidade de confrontar (note-se bem: apontar o dedo) à incapacidade generalizada dos serviços públicos. O que até é compreensível, sob o risco de criar uma ainda maior perca de estima e simpatia entre os participantes activos (os funcionários) e os passivos (os cidadãos que a eles recorrem). A opção estratégica da anterior governação foi a de diluir a problemática da Função Pública no todo da Classe Média. As medidas visaram esta classe, diminuindo o impacte naquela. Os resultados os que se viram.
Por isso se esperava mais dos comentadores. Mais cedo que tarde, como gosta de dizer Jerónimo de Sousa, também este grupo-dos-sempre-os-mesmos-que-já-ninguém-pode-ver, terá a justa gratificação do povo português. Serão tão conceituados e apreciados que para evitar a perca de audiências as televisões, rádios e jornais os esquecerão com a mesma velocidade com que nos espetam com a sua violenta assídua presença.
Esperava-se que contribuíssem construtivamente para a inevitabilidade e para a urgente necessidade de corrigir ausências ao serviço, gazetas aos horários, faltas de educação, má produtividade e afins, acrescentando a perca de regalias injustas e disparatadas (lá está o problema do paizinho salazarento) como reformas antecipadas, ou mesmo mais cedo que os outros, regimes de excepção para a maioria, etc., etc., etc.
4º- O crash da Administração Pública é de tal forma insustentável que cria desigualdades dentro de si própria: quantos funcionários estão em regimes de trabalho temporário, sem garantias, trabalhando mais (porque os outros já adquiriram estatuto e manha) e ganhando menos, tendo esses sim regimes de excepção discriminatória e sendo não raras vezes os mais responsáveis?
5º- Nada do que anteriormente disse desculpa as nomeações de Vara e Gomes. Nesses casos acho que o governo, ou se quiserem o PS, não esteve bem. É claro que nada se compara com o regabofe de nomes, mas acima de tudo de incompetentes nomeados na anterior gestão: nas Águas, Correios, Comboios, EP's, etc. Em todo o lado se assistiu a um assalto ao aparelho de estado jamais verificado desde o 25 de Abril (desconfio até que essa foi a causa principal da derrota profunda de Durão, porque embora pouca repercussão, em relação ao volume, tenha tido nos órgãos de comunicação, toda a gente sentiu na pele a problemática, conhecendo directa ou indirectamente casos aflitivos). Mas em primeiro lugar o PS (ao abrigo de ser efectivamente um partido de poder, com tendência tácita para respeitar o Bloco Central- convém dizer que justamente a governação Durão/Santana cortou esse natural entendimento) nunca quis explicar bem isso aos portugueses. Em segundo lugar agora esperava-se algo diferente. Até como exemplo a dar aos que dramatizam as justas medidas aplicadas.
Sim. Podemos concluir que considero neste momento os funcionários públicos parte do problema e não da solução. Aliás nem imagino como se vai dar a volta a isto.
Umas palavras ainda sobre os reflexos futuros das eleições autárquicas de ontem. Senti que José Sócrates foi injustamente penalizado. Não contente com a experiência António Guterres, cujo ciclo reconheça-se foi interrompido pelos portugueses, ontem toca a dar mais uma pedrada no único caminho que a todos nos resta.
Depois o aspecto autarcas/arguidos: a próxima pessoa que me vier com descontentamentos estéreis e muito comuns de ouvir, que os políticos são isto, os políticos são aqueloutro, levará de mim uma única sugestão. Vá para a badamerda (desculpem o bada, mas senti necessidade de reforçar)!
Quem tem a decisão, a referida arma da democracia? Quem lhes deu cobertura como ninguém? Se querem saber até acho a classe política melhor que a jornalística e seguramente na generalidade melhor que o povo que serve. Só os ditadores estão contentes com o sistema. Os democratas procuram sempre melhorá-lo. E eu não estou contente com certas coisas, mas isso já são assuntos para as próximas eleições de Janeiro. Não posso aqui deixar de saudar o povo de Amarante, que seguramente ontem ganhou o respeito de um país inteiro, menos 4 concelhos (sim, incluí Leiria).
Agora a esquerda terá de pensar bem. Jerónimo, ao aparecer contente, eufórico mesmo, esqueceu-se de algo elementar. A esquerda perdeu em Lisboa, Porto e Sintra, onde poderia ter ganho se coligada. Em Sintra e Porto com a agravante da governação dos últimos quatro anos ter sido viabilizada pelo PCP. Ou seja Honório Novo e Rui Sá foram os acólitos de uma coligação sinistra com a direita. Será que Jerónimo vai querer suportar Cavaco como suporta Fernando Seara e Rui Rio? E Louçã vai apoiar Cavaco como apoiou Santana e agora Carmona, ao ter inviabilizado uma frente de esquerda em Lisboa? Esses senhores querem afirmar a esquerda pela divisão, ou deveriam querer afirmar pela união? Eu acho que tentarão sempre a divisão. Mas, apesar dos apesares (e desculpem-me os senhores da TVI) eu acho que aí o povo português terá outro tipo de reflexão. Espero.
Parabéns Turquia
A União Europeia decidiu integrar a Croácia e a Turquia no mercado único.
É uma grande oportunidade para o povo turco, que aqui se saúda!
Primeiro Dia
Hoje foi o primeiro dia na Faculdade de Letras.
Para descobrir as salas foi uma aventura de concentração e capacidade de decifrar códigos secretos acima da média. Para universitários, portanto.
O chamado Pavilhão Novo é um espaço absolutamente devoluto, antigo e feio.
As inscrições dos comunas são lindas: "pra kékeserve uma tuna?* pergunta retórica", "com três letras se escreve a palavra NÃO" e "MATA- Movimento Anti Tradição Académica".
Aliás, o pessoal do MATA andava desde as nove da manhã a distribuir panfletos contra a praxe, enquanto os tradicionalistas nem vê-los.
À primeira aula (Bases de Análise Gramatical), nem um aviso. Simplesmente meia hora à espera, em vão. Valeu que os de Latim afixaram que só começam dia 6.
Portanto um primeiro dia sem aulas. Se eles próprios fazem gazeta, então imaginem o pobre aluno que labora para seu sustento.
E não, não vi praxe, mas estive lá pouco tempo. E não, claro que não serei praxado.