Critérios
Sempre, sempre esta malta porreira do jornalismo.Passaram o dia a dar visibilidade e cobertura simpática à inqualificável greve dos juizes, magistrados e pessoal auxiliar. Simpática porque o ónus foi sempre colocado no prejuízo dos cidadãos à porta de tribunais que não funcionaram e não na matéria de facto: porque fazem greve essas pessoas? Inqualificável por que não consigo compreender qualquer, repito qualquer, greve, manifestação ou reivindicação dos funcionários públicos, com excepção para aqueles que são precisamente prejudicados pelo corporativismo dos seus pares, aqueles cujos vínculos a prazo, os colocam numa situação de trabalho precário e cujo o labor é tão necessário como o dos outros.
Mas a vida prega grandes partidas. Mesmo ao mais incauto editor que precisa de contestação e crispação: andava a malta a propagandear uma greve com 95% de adesão e que pomposamente se repercutiu no prejuízo de 50 mil pessoas e não é que o Tribunal da Relação iliba, hoje mesmo, o jornalista Manso Preto acusado, em 1a instância, a onze meses de prisão por não querer revelar a fonte, relacionada com uma notícia de tráfico de droga.
Isto é problemático. Por um lado não sei bem o que pensar sobre esta matéria das fontes, quando estão em causa questões como o tráfico (seres humanos, armas, droga).
Mas o que está também em causa é que isto obrigou as redacções a mudar imediatamente de estratégia. Obriga o corporativismo que se trate o jornalista em questão como mártir, como que a garantir igual tratamento caso aconteça a outro distraído jornalista que se veja a braços com matérias jurídico/éticas. E a ironia torna-se então difícil de explicar:
Será que os juizes e pessoal da Relação não aderiram à greve?
Será que se aderiram, deram prioridade a este caso?
Será que decidiram decidir sobre esta matéria propositadamente hoje (que convenientemente agrada a toda a classe jornalística)?
Será que os magistrados do Ministério Público compareceram na leitura da sentença, ou estavam em greve?
Diabo! Porque é que logo no dia da paralisação absoluta da dinâmica justiça nacional, se iliba um jornalista? Ele há cada ironia...
1 Comments:
Lanço daqui um apelo a todos os portugueses, que já tenham sido de alguma forma prejudicados pelo mau funcionamento dos tribunais que se unam e formem um grupo cívico para organizar uma manifestação à porta do Conselho Superior de Justiça, reividicando a eficiência que falta e que tanto a prejudica a sociedade portuguesa, desmascarando uma vez por todas todas as arbitrariedades que se passam neste sector. Que poder é este que não é eleito pelos cidadãos? Que contas dão eles ao povo que paga os seus impostos para que eles possam receber os seus ordenados? Que história é essa de coitados terem que levar trabalho para casa e trabalharem aos fins de semana. Quem controla isso. Que tretas são estas para tentarem enganar quem? Se assim é porque razão a justiça anda tão atrasada? Se os prejudicados da justiça aderissem à manifestação que preconizo no início deste comentário, 10% da população do País estava lá (mais de um milhão de almas)
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