Uma silly season memorável
É notável o esforço de José Sócrates em valorizar esta campanha. É também um exclusivo do líder do PS. A moda parece pegar: nos debates sem ele, os restantes procuram expor as suas ideias. O resultado é dramático: nem um projecto, uma proposta uma solução, fez até agora eco.
Alguém já leu: “Louçã propõe…”, “Portas defende que…”, “Ferreira Leite vai fazer…”
Até aqui o combate foi marcado por três episódios fascinantemente ridículos. Primeiro, o caso Joana Amaral Dias. Como é óbvio direi apenas o essencial, guardando o resto para contar aos meus netos… Sabemos, hoje, que foi JAD que falou a Francisco Louçã sobre uma sondagem de disponibilidade de que foi alvo: nas relações profissionais, pessoais, políticas, na família há uma diferença substancial entre uma pergunta e um convite. Entre “queres casar comigo?” ou, “dás-me um beijo?” entre “estás insatisfeito no teu trabalho?” ou, “assine este contrato”, entre “fazemos o jantar de Natal na casa da Avó?” ou, “o Jantar é em casa da tia”.
Afinal, ficámos hoje a saber, Louçã lançou e alimentou uma mega campanha com a seguinte parangona: “José Sócrates faz tráfico de influências”. E Joana não gostou do abuso. Eu também não gostaria e garanto: não o teria permitido, assim que soubesse que alguém me estava a usar para os seus interesses, parava logo com a questão e não meses depois…
Depois foram as escutas no Palácio de Belém e o condicionamento de Alexandre Relvas: mais um projecto de comunicação, criado pelo PSD, que culminou com a ida da Assessora de Juventude da presidência à Universidade de Verão do PSD, assumindo com naturalidade o seu apoio ao seu partido. É evidente que os assessores de Cavaco, colaboraram, directa ou indirectamente, com as suas ideias, os seus contributos e as suas propostas para o PPD. Têm a influência e prestígio necessários para tal. Isso não seria notícia, a não ser a necessidade de esconder uma participação natural. O resultado foi o spin que se viu: em vez de “prestigiados militantes do PSD colaboram no programa eleitoral”, “Espiões do governo no palácio de São Bento”.
O caso TVI é a última grande notícia deste país, alimentada, claro, pela oposição. Alguém de bom senso jamais viria a terreiro defender aquela vergonha. Alguém que defenda a democracia, o direito à verdade, ao jornalismo sério e digno, pode vir a terreiro pronunciar-se favoravelmente contra a interrupção daquilo. Aquela hora semanal, foi a mais gritante forma de condenação pública, perseguição, calúnia e ofensa à dignidade que assistimos desde o 25 de Abril.
Assim, em vez de “espanhóis calam Moura Guedes” deveríamos ter visto: “Finalmente alguém teve coragem democrática”!
Assim penso, mesmo que fosse ao contrário.
Alguém já leu: “Louçã propõe…”, “Portas defende que…”, “Ferreira Leite vai fazer…”
Até aqui o combate foi marcado por três episódios fascinantemente ridículos. Primeiro, o caso Joana Amaral Dias. Como é óbvio direi apenas o essencial, guardando o resto para contar aos meus netos… Sabemos, hoje, que foi JAD que falou a Francisco Louçã sobre uma sondagem de disponibilidade de que foi alvo: nas relações profissionais, pessoais, políticas, na família há uma diferença substancial entre uma pergunta e um convite. Entre “queres casar comigo?” ou, “dás-me um beijo?” entre “estás insatisfeito no teu trabalho?” ou, “assine este contrato”, entre “fazemos o jantar de Natal na casa da Avó?” ou, “o Jantar é em casa da tia”.
Afinal, ficámos hoje a saber, Louçã lançou e alimentou uma mega campanha com a seguinte parangona: “José Sócrates faz tráfico de influências”. E Joana não gostou do abuso. Eu também não gostaria e garanto: não o teria permitido, assim que soubesse que alguém me estava a usar para os seus interesses, parava logo com a questão e não meses depois…
Depois foram as escutas no Palácio de Belém e o condicionamento de Alexandre Relvas: mais um projecto de comunicação, criado pelo PSD, que culminou com a ida da Assessora de Juventude da presidência à Universidade de Verão do PSD, assumindo com naturalidade o seu apoio ao seu partido. É evidente que os assessores de Cavaco, colaboraram, directa ou indirectamente, com as suas ideias, os seus contributos e as suas propostas para o PPD. Têm a influência e prestígio necessários para tal. Isso não seria notícia, a não ser a necessidade de esconder uma participação natural. O resultado foi o spin que se viu: em vez de “prestigiados militantes do PSD colaboram no programa eleitoral”, “Espiões do governo no palácio de São Bento”.
O caso TVI é a última grande notícia deste país, alimentada, claro, pela oposição. Alguém de bom senso jamais viria a terreiro defender aquela vergonha. Alguém que defenda a democracia, o direito à verdade, ao jornalismo sério e digno, pode vir a terreiro pronunciar-se favoravelmente contra a interrupção daquilo. Aquela hora semanal, foi a mais gritante forma de condenação pública, perseguição, calúnia e ofensa à dignidade que assistimos desde o 25 de Abril.
Assim, em vez de “espanhóis calam Moura Guedes” deveríamos ter visto: “Finalmente alguém teve coragem democrática”!
Assim penso, mesmo que fosse ao contrário.
1 Comments:
Quase um mês depois a silly season continua - o que não seria tão grave se não estivessemos em plena campanha eleitoral! - e o país mergulha numa disputa vazia e degradante. Quando é que isto acaba?
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