sexta-feira, maio 25, 2007

A parangona e as letras pequeninas

Na parangona na capa do DN lê-se: “PS pressiona Lino”. Por baixo, em letras muito pequeninas: “Barómetro. Socialistas recuperam maioria absoluta nas intenções de voto.”

No desenvolvimento percebe-se que nem uma, nem outra, são afirmações rigorosas.
Na verdade o PS que pressiona Lino é a Amélia Antunes e o Vítor Ramalho.
Quanto à sondagem, não, o PS não recupera a maioria. O PS reforça. Está dois pontos acima dos votos expressos em Fevereiro de 2005.

Ditador II

As declarações de Guilherme Silva, na qualidade de Presidente em exercício da Assembleia da República, nas quais fez considerações sobre a maioria socialista revelam a condição intolerante do rapazola. Convinha afastar este tipo de gente de funções que são apartidárias.

Pequena Correcção

As eleições em Lisboa, no próximo dia 15 de Julho, não são um referendo à localização do Novo Aeroporto. Não.

Trata-se de eleger um líder, uma equipa e um projecto para a cidade. Certo?

Mais uma

Depois de receber, no intervalo do jogo com a Académica, a equipa de futsal, com uma grande ovação por terem conquistado a taça (!) e de termos acabado a aplaudir entusiasticamente Miccoli que terminou a época com 10 golos, a última notícia do SLB é brilhante.

Em apenas três dias as acções desvalorizaram 40%.

Notícias do céu

A rapaziada deve andar meio com o copo. Ontem a Sky News abriu os seus jornais matinais com o pivot a dizer que a polícia grega tinha agredido exageradamente alguns pacíficos adeptos do Liverpool.

Mea culpa

Começaram os jornalistas britânicos e agora a discussão já não foge aos portugueses. A qualidade e quantidade da cobertura mediática ao caso Maddie McCann está na ordem do dia.

Interessante verificar que nunca sobre nenhum político ou nenhum assunto político os jornalistas fizeram mea culpa.

quarta-feira, maio 23, 2007

Afinal, afinal…

Nos últimos dois dias e agora que a Sky News saiu do Algarve, voltámos à importante questão sobre a licenciatura de José Sócrates.

Desta vez pelo processo interposto pela DREN a um ex. deputado do PSD. Acho que Jorge Coelho tem razão quando considera fora do limiar da inteligência a direcção da Direcção cair na esparrela de exonerar um evidente adversário político, com base em bocas que terá dito. Acho também estranho que o tenha dito a alguém aparentemente fora do seu circulo de confiança, portanto a alguém que, ou colabora com ele nesta farsa, ou colabora com a DREN.

Mas a questão central é a forma como a questão foi tratada na comunicação social, desta vez com os blogues a seguirem a intenção pouco séria dos opinion makers (ao contrário do que é habitual).

Pois que o que o senhor terá dito nada tem a ver com a licenciatura do primeiro-ministro. Ao invés do que nos andaram a dizer, afirmou: “Estamos num país de bananas, governado por um filho da puta de um primeiro-ministro”.

Muito bonito. E o seu castigo, regressar à escola onde leccionava, não sei se será pedagogicamente acertado.

segunda-feira, maio 21, 2007

Fazer Bem!

Enquanto os outros candidatos protestam com a data, com ele e com a vida, António Costa dirige-se ao Tribunal e entrega a sua lista (paritária em género e em partidarismo) e as assinaturas.

A continuar assim, não interessa o resultado. Interessa o exemplo. Fazer o que é preciso e fazer bem.

Você decide.

As minhas últimas palavras sobre essa gente

Helena Roseta saiu do PS e apresenta-se como candidata independente à Câmara Municipal de Lisboa.

Não só está no seu pleno direito como é positivo: em democracia, todas as candidaturas são bem-vindas.

Mas dito isto há alguns aspectos que urge reflectir. É notório que a sociedade não está bem atenta a este fenómeno, começado por Manuel Alegre, que se denomina independente e anti-partidário. É hoje um facto, depois da votação alcançada por Alegre e pelas actuais intenções de voto em Roseta, que algo está enviesado na percepção que as pessoas globalmente têm deste movimento.


Chamar-lhe Movimento em vez de partido é uma questão de pura comunicação. Na realidade trata-se de um ante partido, de uma câmara de preparação e afirmação de um novo partido político, hoje claramente em fase de arranque.


Os seus elementos são próximos do PS. Os seus dirigentes são/foram militantes com responsabilidades ao longo dos anos. Foram criados e viveram intensamente a vida do PS, os seus órgãos, as suas decisões, as suas estratégias. Este movimento/partido nasce de um conjunto de pessoas que não conseguiram liderar o rumo do PS, embora o tenham tentado em muitas ocasiões. De qualquer forma, a sua carreira política, os cargos de estado que ocuparam e a remuneração que auferiram, foi sempre em nome do projecto colectivo do PS.


É um pouco ofensivo que venham com a bandeira da cidadania contra o partidarismo. Efectivamente é ofensivo para as pessoas e para a própria democracia. Para além de ser perigoso. Porque as pessoas que se revêem nos partidos, sejam militantes ou independentes, também exercem a sua cidadania, participando da forma que entendem, mais ou menos empenhada, consoante o interesse pessoal de cada um. Ou seja, não é melhor cidadão aquele que está num partido do que aquele que pertence a um movimento que visa determinado objectivo. Mas o vice-versa também é evidente. E não são os partidos que andam a acusar os “independentes” de menor participação cívica.

3ºa
Aliás, os partidos não são uma sede e um conjunto de autóctones, de instituições com secretárias, computadores e impressoras que decidem o seu rumo. São conjuntos de pessoas aproximadas por determinados objectivos e que procuram, muitas vezes de forma errada, transformar ideias em projectos que sejam úteis à sociedade, ao seu desenvolvimento e à sua equidade social.

3ºb
Muitas vezes os partidos confundem a forma com o conteúdo. Ou seja, o que transparece são os problemas organizacionais, os entendimentos, os desentendimentos, a eleição das estruturas, o próprio papel das mesmas, os interesses individuais, a ânsia pelos cargos, etc. Isso não é o que conta. O importante é o que conseguem estruturalmente alcançar. A capacidade dos seus líderes, as equipas que os rodeiam, os projectos, se são ou não determinantes para a sociedade e se estão objectivamente ao serviço dela.

3ºc
Mas este quadro é também um espelho da sociedade: não deixa de ser absolutamente preocupante que a agenda do arranque destas eleições tenha sido marcada por um problema de secretaria. Sim, acho que quem quer vir a gerir 1000 milhões de Euros por ano (um terço do aeroporto da OTA por cada ano que passar) tem de estar preparado para recolher as assinaturas que forem necessárias num prazo mínimo. Como se viu, foi tudo fogo de vista: as assinaturas apareceram e ninguém teve que se preocupar. Mas ficou a marca. A capacidade de colocar a questão no que menos importa. É tão negativo, que todos vimos o CDS e o BE a protestarem com os prazos, até por causa das coligações. Ambos protestam agora com a estupidez da nova data (por causa da óbvia abstenção) e nenhum entrará em coligação. Roseta, que se atrasou a entregar o protesto no Tribunal Constitucional, portanto valeu o MPT, colheu os louros deste atraso, com emoção pela cidadania, como afirmou e, ao mesmo tempo, ao reintroduzir a possibilidade Carmona, assegurará a vitória de Costa.
Dito isto, constato que para António Costa e para o PSD é absolutamente igual, que as eleições sejam a 1, a 15, ou a 29 de Maio de 2020!


Foi o próprio regime democrático que criou possibilidades plenas de candidaturas independentes. Obviamente essas candidaturas têm estruturas e é a isso que se chama partido. Organizado de uma ou outra forma, um partido é uma estrutura política organizada. O que a democracia fez, foi abrir as possibilidades de forma de organização, permitindo que os partidos não históricos, se possam organizar. Como é o caso do MIC e de outras organizações com menos impacto, normalmente regionais.


Helena Roseta tem todos os motivos para ter ambições na CML. É democraticamente legitimo que alguém que alcançou, partidariamente lá está, notoriedade, entre na corrida. Mas que não se pense que não terá de prestar contas ao eleitorado, como os outros. Que ninguém imagine que Roseta tem uma áurea qualquer que ninguém vai verificar o seu passado político.


Que papel desempenhou Roseta quando foi presidente da CM Cascais, pelo PSD? Foi positivo? Os seus pares e, acima de tudo, os eleitores de Cascais, guardam boa ou desastrosa impressão da sua presidência? Que papel desempenhou na última candidatura de João Soares à CML? Foi uma prestação positiva, ou correu-lhe pessimamente mal?


Não deixa de haver outro dado profundamente curioso sobre esta gente “independente”, cívica e cheia de bons costumes políticos. Durante anos eles foram parte daquilo a que se chama a ala esquerda do PS. Digo parte, porque a outra pertencia aos sampaistas, hoje órfãos de líder, depois do episódio Ferro. Nem eu, que nunca fui sampaista, consigo aceitar o que deu na cabeça daquele homem para nomear Santana primeiro-ministro… Mas retomando: Alegre, Roseta e seus séquitos eram parte da ala esquerda. Mas a sua penetração eleitoral está ao centro. Soares obteve mais votos à esquerda que Alegre, que cedo compreendeu que era no eleitorado flutuante que estava o segredo do seu sucesso.
Portanto, para quem tanto condena o tacticismo partidário, não deixa de ser profundamente hipócrita que reconheça que o centro é o mais vulnerável por não ser partidariamente fiel e portanto toca a mudar e adaptar o discurso de anos e anos, para agradar a franja que mais lhes serve.
Alegre e Roseta, que sempre (bem ela nem sempre, mas desde que saiu do PPD) ergueram a bandeira da esquerda, aparecem hoje com um discurso mais centrão que José Sócrates.


O único motivo para o sucesso deste discurso é a insatisfação do eleitorado. Compreende-se. Mas no futuro a história não os vai perdoar.


Já não tenho dúvidas nenhumas que está em marcha um novo PRD. Este partido surgiu pelo prestígio de Ramalho Eanes. Introduziu um discurso ao centro e anti-partidário. O resto já se sabe. Cavaco a governar 10 anos.
Sócrates fará 12 (a minha aposta) e depois o MIC entregará uma tranquila governação à direita. Provavelmente seria natural e lógico um contra ciclo, habitual em democracia. Por isso, a esta gente restará a análise que o eleitorado vai fazer sobre esta politiqueira forma de estar. Resta-nos viver com eles e esperar que as pessoas tenham bom-senso.


O bom-senso seria perceber bem o que está em causa nestas eleições. Não se trata de um voto de protesto. Esse foi dado a Carmona e foi o que se viu. Tem que se eleger um líder, uma equipa e um projecto. Os lisboetas não vão escolher quem melhor protesta. Vão eleger quem está melhor preparado para as difíceis funções que se avizinham. Eu tenho a convicção que é António Costa, o melhor para esta tarefa. Outros terão outra convicção. Discutamo-la pois! Que isso é que é democracia.

Drrim, Drrim

É só para avisar que houve um duplamente vazio congresso do CDS. A grande notícia foi a de um candidato a Lisboa que não serviu para os militantes do CDS. Ao mesmo tempo, não exercerá o mandato, pelo que o vereador, caso eleito, será Nobre Guedes, que acabou por não ser cabeça de lista, afinal, sendo-o. O PPD agradece.

sexta-feira, maio 18, 2007

Desculpem a repetição

Após ver a entrevista de António Costa na TVI, desculpem os queridos leitores do Estado, mas a pergunta para os jornalistas impõe-se de novo.

Não vêem a figura que estão a fazer?

Uma Câmara de Aspons

Aspon (lê-se axpôn) é o termo usado nos círculos políticos para designar os Assessores de Porra Nenhuma.

Na CML de Carmona havia 194 aspons, estando 64 ao serviço de Carmona. Dão-se alvíssaras para quem encontrar um ministério do actual governo (que gere um país inteiro) que tenha mais ou igual número de aspons, contando com os do ministro e os dos secretários de estado.

Bento, o Pio

O tom de Bento Rodrigues, jornalista da SIC, que acompanha diariamente o caso do desaparecimento de Madeleine, diz tudo. É um teatrinho gratuito, uma vergonha para ele, para a classe e para a causa que a polícia tem entre mãos.
É também o exemplo acabado da falsidade, da mentira, do aproveitamento que os canais e os órgãos de comunicação social estão a fazer do caso.
Na verdade, a preocupação central é, neste momento, desenvolver conteúdos de informação.

Este é o exemplo mais brutal que me ocorre: há dois dias atrás, todas as televisões, rádios e jornais, davam conta de um cidadão russo que estava a ser procurado. Afirmaram com todas as palavras que tinha antecedentes criminais, ligados ao abuso sexual de menores. O escândalo deu-se ontem: nenhuma reportagem falou mais desse pormaior. Ou seja, referiam o nome do cidadão, mostravam a sua imagem e ninguém, repito nenhum desses vergonhosos palermas, rectificou o passado criminoso da testemunha. Bastava um simples: “não conseguimos confirmar as notícias avançadas sobre o passado criminal da pessoa tal e tal”.

Finalmente o homem lá apareceu, na Sky News, profundamente revoltado. Relembro que, pelo menos neste canal, nada sobre o seu passado foi referido. Não tem antecedentes criminais, declarando que basta verificar o processo do seu visto de residência.

É uma merda! Estes palhaços que mandam actualmente na democracia, fodem-na com todo o à-vontade. E o povo, na política, nos casos de justiça e na boleca, acredita e vai atrás.

Já vejo uma Opinião Pública, ou uma sondagem, em que o povo considera o pobre russo culpado.

É a democracia que está em causa. Qualquer indivíduo é inocente e é a culpa que tem que ser provada num estado de direito. Em Portugal, o homem russo que se lixe. Toda a sua vida que vá para o cano. E Bento, o Pio, vai continuar com aquele tom de desgraça, quando a sua preocupação central é a novela que tenta alimentar, sem nenhum capítulo novo. Não é a verdadeira desgraça, essa está escondida por detrás da sua inflexão shakespeareana.

Lembro-me das palavras de António Guterres, à saída da prisão, onde visitava um amigo, quando inquirido e depois de insistir que não queria prestar declarações:
“Vocês não vêem a figura que estão a fazer”. Descansa-me saber que, na altura, as televisões ainda conseguiram passar estas declarações.

quarta-feira, maio 16, 2007

Já perguntaste ao Portas?

José Sá Fernandes foi um excelente vereador e ninguém duvida da necessidade da sua eleição. Ele é o Vigilante da cidade.

Ontem veio propor uma ampla convergência dos movimentos e partidos de esquerda. Fica-lhe bem. Essa teria sido uma grande missão há muito esperada pelos cidadãos.

Acontece que foi Miguel Portas e a sua ambição desmedida que acabaram com a coligação em Lisboa, na altura entregando a vitória a Santana.

Portanto, agora já não é preciso. A candidatura de António Costa dispensa acordos com os outros partidos. Venceremos sozinhos e com maioria absoluta. Ninguém tenha dúvidas.

Damage control

A escolha de Fernando Negrão não é para vencer. É para fazer damage control, ou seja tentar dizer: vamos perder mas somos sérios. Apresentamos um ex-judite. Acontece que se chibou aos jornalistas no célebre caso da lista de agentes…

Além disso, Marques Mendes confirma a sua tendência para a trapalhada. Seara, Ferreira do Amaral, Ferreira leite… Enfim. O costume.

Bom senso

Se, como se diz por aí, o tradutor está implicado no desaparecimento da criança inglesa, não seria conveniente refazer todos os interrogatórios em que tenha estado envolvido?

MIC

O MIC, o partido de Manuel Alegre está ao rubro.

A sua ex. Directora de campanha, Ana Sara Brito, vai integrar a lista de António Costa, confirmando assim a sua dissidência com Helena Roseta.

Manuel Alegre, por seu lado, protesta com a data escolhida. Se Roseta não consegue angariar as assinaturas no mesmo prazo que os outros, valerá a pena candidatar-se? Para chefiar a maior autarquia do país é preciso genica e estrutura. Faz lembrar as sucessivas intenções de candidatura de Manuel João Vieira a presidente, que nunca passam disso mesmo, sempre por causa da incapacidade de recolher assinaturas.
É preciso perceber isto: as formalidades que são necessárias visam essencialmente obstruir desorganizações que se apresentem como organizações. Um tipo não consegue reunir 4000 assinaturas quer gerir cerca de 1.000 milhões de Euros por ano?

Alegre vai ter que esclarecer se apoia Roseta, se se mantém de fora, ou se apoia a candidatura do partido que representa na AR. Se optar, como parece, pela primeira terá de ter a coragem de sair do partido. Já chega desta gente que se aproveita do palco que o PS lhes fornece para brilharem. São tão sonsos, tão contra a política partidária (a mesma que sempre os sustentou), que fazem lembrar… Carmona.

terça-feira, maio 15, 2007

O último passeio…

… não foi como os outros. Foi diferente. Valeu-me saber que era o último. E acho que tu também sabias, meu querido.

Obrigado por teres feito de mim um homem. E quando li isto fiquei com inveja de não ter sido eu a escrever.

Era mesmo o que te queria dizer.

Excelente notícia

A escolha de António Costa para candidato à CML é uma excelente notícia para os lisboetas e, como salientou o secretário-geral, para o país.

A campanha deve ser contida. Quase não necessária, a não ser a explicação plena do programa.

Força António Costa. Boa sorte para Lisboa!

segunda-feira, maio 14, 2007

Primeiro voo

Não deve haver pior sensação que a que estão a ter os pais e familiares de Madeleine, a menina inglesa que desapareceu. Essa angústia é extensível ao povo britânico e ao português.

O filme que fez Nuno Bernardo vencer o prémio de melhor realizador de curtas do Indie, “Primeiro voo”, aborda este problema. Os pais relembram um filho, morto na cama. E é dedicado a Tomás, uma criança que morreu num incêndio de uma tenda no Parque de Campismo de Monsanto, em meados dos anos oitenta. Foi um choque tremendo, para nós crianças, ter sabido daquela tragédia.

E relembrei, já no decorrer desta situação que a família McCann está a viver, um episódio que me ajudou a perceber o que estão a sentir. Com os meus quatro, cinco aninhos, fui para a praia e levei um brinquedo. Era um camião de plástico, que me dava imenso jeito para transportar areia. Emprestei-o a outro menino e passado alguns instantes vieram-me dizer, ele e sua mãe, que o mar tinha levado o camião.
Fiquei destroçado. Culpabilizei-me, não por ter emprestado, mas por não ter ficado ao pé do camião. Foram curtos momentos. E de repente havia uma nova noção na minha vida. A ideia de algo irreversível e de algo que eu podia ter evitado, surgiu-me pela primeira vez.
Imagino, com as devidas diferenças, que é a mesma sensação que estão a suportar os seus pais, pessoas adultas e com outras prioridades em relação ao sentimento de perda.

Há neste caso algo verdadeiramente vergonhoso. A forma como a generalidade da imprensa britânica, está a tratar o povo português. A investigação, as leis, a incompetência, o como devia ser.
Sejamos claros: é verdade que tanto jornalistas como polícias ingleses têm muito mais experiência que nós em relação a estas matérias. Infelizmente, os raptos e assassinatos de crianças são o prato do dia no Reino Unido.
Aqui, mesmo proporcionalmente, estamos a anos-luz dessa realidade. E os meios envolvidos pelas autoridades são embaraçosos, em comparação com situações anteriores vividas por portugueses. Ao mesmo tempo, porque alguém teve medo dos media ingleses, abriu-se um precedente. Nunca mais desaparecerá uma criança portuguesa sem que se empreguem esforços policiais de grande dimensão. Estamos hoje mais descansados.
O embaixador britânico ajudou a esta vergonhosa situação. E as grandes questões que se colocam são: quais os reais resultados que e forma de investigação e cobertura jornalística do Reino Unido atingem? Será que esta mega mediatização não põe, ainda mais, em risco a vida de Madeleine, que deixou de ser um isco e passou a ser também um empecilho? Não tenho resposta para estas dúvidas. Mas gostava de dados científicos.

Ele é publicidade a convidar as pessoas a irem à Internet, ele é reportagens a mostrar ingleses em ultraleve a ajudarem às buscas, com a referência a que só foi disponibilizado um helicóptero para a operação… Enfim um conjunto de disparates que não vejo vir a ter fim.

Sofrer é conseguir estar em silêncio. Soframos pois, que temo que esta tragédia seja isso mesmo: mau augúrio final, é o que nos espera. Não vale a pena tentar preencher este buraco com ilusões mediáticas. Não vale a pena. É uma desgraça.

E mais. Tanto fará se os culpados forem portugueses ou ingleses. É absolutamente irrelevante.

quinta-feira, maio 10, 2007

CML

Em primeiro lugar sinalizar a postura de Marques Mendes. Que a oposição se deixe de palavras e passe aos actos, demitindo-se. É bom que se explique aos lisboetas que esta bagunça nada tem que ver com a oposição. Ele é que fez uma escolha, que assumiu como pessoal e, pelos vistos, não só se enganou, como foi traído. O problema da CML é do PSD, de Marques Mendes e de Carmona e não é um problema de secretaria, que obriga os vereadores a fintarem a questão política, ao terem que se demitir.
Podem fazê-lo, é certo. Mas isso não pode ofuscar a razão política do problema.

Em segundo lugar a oposição tem, neste momento, um rosto: José Sá Fernandes. E cuidado com este problema. Miguel Coelho e Carrilho são os responsáveis pelo difícil ponto de partida que se avizinha para qualquer que venha a ser o candidato do PS.

Em terceiro lugar a candidatura fantasma de Helena Roseta. Deve fazer-se uma profunda avaliação das suas capacidades de gestão autárquica, quando foi Presidente de Cascais, em listas do PPD.
E temos também de acabar urgentemente com esta rede instalada dentro do PS, de um conjunto de pessoas, que afinal, chamem-lhe o que quiserem, constituem um partido, dentro de outro partido. Na verdade, mesmo dizendo-se contra os partidos, o Movimento de Cidadãos, afinal não foi só um grupo de apoiantes de uma candidatura presidencial, acto individual. Tem objectivos políticos eleitorais e daqui não vamos sair.
Melhor dito: eles não podem utilizar o PS como púlpito e depois candidatarem-se por outro partido contra nós! Tenham vergonha! Vão para a rua! Acabem com esta verdadeira oposição. Manuel Alegre é, assim, o que foi Paulo Portas de Ribeiro para Castro.

Por fim uma avaliação sobre a questão que se coloca ao PS. Eu gostava de António José Seguro, mas percebo que um militante talhado para ser secretário-geral, não entre nesta corrida.
Ferro Rodrigues seria a melhor opção, mas segundo consta terá recusado. Será? Neste quadro, continuo a defender que a melhor solução e em várias frentes, seria António Costa. Internamente acalmava a configuração sucessória de Sócrates, que, em minha opinião, não é tão pacífica como julgam neste momento os seus (de Costa) apoiantes.

Não apostaria nem em João Soares, nem noutros nomes menos sonantes que têm vindo a público. Porque, por mais que se tenha vontade, não é o presente que conta mais. É a conjugação entre a acção passada e a perspectiva futura.