sábado, dezembro 30, 2006

Bom 2007

A todos os leitores do Estado Negação agradeço a atenção com que seguiram, durante 2006, este humilde blogue, o que me motiva a trabalhar ainda mais no próximo ano.

A todos votos de um bom 2007. Sem sms porque o blogger ainda é gratuito.

Abraços.

Triste Final

Segui atentamente a noite informativa sobre a execução sumária de Saddam Hussein. Quando as estações, internacionais claro (as nossas davam animadas séries b) deram a notícia, comovi-me.

Não simpatizo nada com o sujeito, mas a horrenda solidão e impotência perante a ideia da morte imposta é atemorizadora e triste. Não consegui deixar de pensar nos que nutrem qualquer espécie de simpatia pelo déspota. A potenciação é também ela assustadora. Ouvi um inglês explicar na CNN como Nelson Mandela tratou do seu problema: vítimas e assassinos em acareação, sem penas para estes, numa lógica de reconciliação nacional, contudo à luz da verdade. Foi a tortura mais inteligente que a humanidade alguma vez criou.

George W. Bush preparou este acontecimento. E mais uma vez errou profundamente. A criação de um mártir, de uma vítima é o pior que se podia fazer para castigar aquele assassino. E Bush? Algum dia responderá pelos seus crimes? Para que saibam, já matou mais americanos com as Guerras no Afeganistão e Iraque que os atentados de 11 de Setembro. Fora a maioria de inocentes daqueles países. Livre-se tarde o bom povo americano daquele sujeito. E livre-se a humanidade de figuras como esta.

Num rasgo de fantasia pensei... E se o Iraque tivesse armas de destruição maciça e tivesse ganho a guerra? Estariam Bush, Blair e Durão Barroso num calabouço com uma corda no pescoço?

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Questão fonética: um país de ERCES.

Perdida está a batalha mediática que advogava o fim do estado de graça, onde os portugueses num rasgo de bom-senso democrático, continuaram a demonstrar confiança no governo, que diga-se em abono da verdade, tem sido tão perseguido como defendido pelos órgãos de comunicação social. É assim mesmo: nem mais nem menos que os outros governos pós-democráticos.
A imprensa de direita (Público, Sol (ex. Independente), TVI, Rádio Renascença, Correio da Manhã, etc.) é hostil e a de esquerda (DN, TSF, SIC, Expresso, JN, etc.) é favorável. Uma e outra, vai não vai, puxam ao contrário, neste ou naquele tema, neste ou naquele candidato circunstancial, como que a provar a sua proclamada independência, mas genericamente esta é a orientação sistemática.

Tentou agora a oposição, sem rumo, sem credibilidade e sem lideres, trazer a terreiro, com o apoio da comunicação social hostil ao governo, a questão da ERSE e a da ERC. Duas ERCES, duas parvoíces pegadas.

Alegam que o governo censurou a ida do demissionário presidente da Entidade de Regulação dos Serviços Energéticos à Assembleia da República responder aos deputados. Porque é que o presidente da ERSE só se demitiu agora, meses depois da conhecida contradição de posição que tinha com o governo? O que seria se a electricidade viesse a aumentar 15%, como sustenta o demissionário? Quantas formas de convocação têm os deputados para chamar alguém a depor? Porque o queriam chamar um mês antes do fim do seu mandato?

O caso da ERC é ainda mais ridículo. Cintra Torres escreveu num artigo de opinião no Público, que um membro do Gabinete do PM telefonou em pleno Telejornal para a redacção da RTP: matéria que sugere interferência directa do governo na orientação editorial do canal público. Instado a nomear a pessoa que lhe terá contado esse suposto telefonema, refugiou-se no estatuto de jornalista, não revelando, portanto, a sua fonte.
Desconhecia. Sabia que Cintra Torres é crítico de TV. Sabia que produziu programas para a RTP (em Macau inclusive, grandes e caros momentos de boa televisão, quem não se lembra?). Sabia que escreve artigos de opinião, como é possibilidade de qualquer cidadão português. Não sabia que é jornalista e pode recorrer ao expediente da "protecção da fonte", mesmo que se pretenda apurar uma, de acordo com o Governo de Portugal, grande mentira.
Na realidade tenho mesmo pena que o gabinete do PM não telefone para qualquer redacção, pública, ou privada, de televisão, rádio, ou imprensa escrita, de cada vez que aqueles senhores começam com o horrendo espectáculo em que transformam a lamentável questão dos incêndios. Mais. Nessas circunstâncias o que a maior parte dos jornalistas, editores e directores de informação faz não é jornalismo. Não é infoentretenimento, sequer. É puro Reality Show. E isso nunca notou o crítico/produtor/opinador/jornalista.
A decadente forma como os meios cobrem os incêndios é defendida. Irónico.

terça-feira, dezembro 19, 2006

Centro Partilhado

Na ordem do dia estão os Centros de Serviços Partilhados, de modo a criar sinergias de serviços múltiplos entre empresas e que visam poupar gastos.

O Correio da Manhã associa-se a esta nova visão económica. Assim, decidiu descrever os percursos diários de Maria José Morgado e Carolina Salgado, nomeando zonas de habitação, percursos, tipo de acompanhamento, ou não acompanhamento, etc.

Se alguém, alguém assim por acaso, precisar de saber onde moram, como viajam, com quem falam no quotidiano, que mercearia frequentam, ou em que quiosque compram o jornal, escusam os perseguidores de se dotar de detectives ex. comandos, actuais lideres de claque. Vem tudo escarrapachado no delicioso Correio da Manhã!

Ele pisca prà direita e pisca, pisca. Ele pisca prà esquerda e pisca, pisca.

1. O MIC (Manuel Alegre) vai fazer um referendo interno sobre a posição oficial do partido em relação ao referendo sobre a interrupção voluntária de gravidez. É um acto inédito haver um referendo sobre um referendo. Porque não referendar se deveria haver referendo ao referendo. Pode a maior parte dos militantes do MIC não concordar com esta palhaçada. É um piscar de olho à direita e um acto verdadeiramente inútil, porque vai vencer indiscutivelmente o SIM ao SIM. Revela também a extraordinária imbecilidade e hipocrisia em que Manuel Alegre quer transformar o sistema partidário. O secretário João Correia já afiançou que apesar do referendo, cada militante pode votar de acordo com a sua consciência...

2. A aparente concordância de Cavaco com o Governo, alguém tem de explicar ao senhor que ele não é porta voz do seu gabinete de analistas políticos, não é nada normal vinda de um presidente. É um pisca à esquerda, pisca, pisca, mas ninguém lhe encomendou o sermão. Sabemos que quando vencer a segunda vez, vai malhar a eito, sob o refúgio da até então isenção demonstrada. Táctica simples, mas num país tão pouco exigente, seguramente eficaz.

O que já começa a meter nojo é a história do Roteiro para acentuar a Exclusão, de Cavaco Silva. Pisca à esquerda, pisca, pisca. Como já foi amplamente notado, especialmente por Joana Amaral Dias, ao escolher os excluídos a incluir (deficientes, idosos, pessoas do interior), Cavaco excluí ainda mais outros excluídos não incluídos no seu roteiro: homossexuais, imigrantes ilegais, mendigos, etc.
Hoje, ao falar de deficientes, o lapso era evidente: "eles conseguem", "eles podem" e "eles fazem".
Sr. Cavaco: a exclusão de deficientes, por exemplo, não se deve a "eles". Deve-se à nossa mentalidade. O discurso deve ser "para nós" e não para "eles". Deve ser: "temos de ser capazes", "temos de melhorar", "temos de estar mais atentos", "temos de dar as mãos", "temos que deixar de ser preconceituosos". Que é o que V. Exa. é!

Futebol Dourado

A nomeação de Maria José Morgado para liderar o processo do futebol foi motivo de regozijo para os portugueses. Eu, pouco conhecendo a senhora, acho bem: parece ser corajosa, eficaz e pertinente, sabendo aparecer quando deve e desaparecer dos high lights públicos quando a função assim o obriga.

Mas a sua nomeação lança várias questões sérias. Que esteve a fazer o Ministério Público durante dois anos? Porque motivo só foi nomeada após o livro de Carolina Salgado e não imediatamente a seguir à tomada de posse do Procurador-geral? Porque foram afastados os diversos responsáveis iniciais da investigação (PJ) e da acusação (MP)? Porque nunca foi investigada a sério a agressão a Ricardo Bexiga, ou pelo menos aventada a possibilidade de estar correlacionada com o processo? Em que fase está a investigação da agressão a Pacheco Pereira, durante a campanha eleitoral autárquica, no hotel Carlton?

Outras continuam sem resposta ética. Porque é que três dirigentes arguidos fazem parte da lista única de Gilberto Madaíl, para o Conselho de Arbitragem da FPF? Porque continua Valentim Loureiro na Liga de Clubes? Porque votou o povo de Gondomar nele (assim como Felgueiras em Felgueiras e Oeiras em Isaltino)? Porque é que o PS não saiu a terreiro em defesa de Ricardo Bexiga, condenando veementemente a agressão e exigindo uma investigação até às últimas consequências? Porque estão calados os partidos políticos?

Porque estão os árbitros na berlinda, quando constituem 10% dos indiciados, contra 90% de empresários, dirigentes e autarcas?
O livro e testemunho de Carolina Salgado valem quanto nesta investigação? Pouco? Muito? Porque não são interrogados os mencionados de forma exemplar e imediata? Os crimes do futebol valem menos que os dos outros?

Porque não há informação nos Órgãos de Comunicação Social, sobre a Lei de Bases que está a ser preparada na Assembleia da República, sob orientação de António José Seguro, com a colaboração de agentes directos e sérios do mundo do futebol? Que fazem os dois árbitros directamente mencionados em várias fases do processo? Martins dos Santos, retirou-se. E Augusto Duarte? Por exemplo, para a Rádio Renascença, tão critica de certos árbitros que até lhes recusa "dar nota", porque ocupa aquele árbitro o 2º lugar do seu ranking?
Porque razão um árbitro que se estreia na primeira Liga é, ao mesmo tempo, advogado de alguns arguidos no processo? Não deveria afastar-se da barra para separar as águas?
Porque razão, tendo tido má nota do observador ao jogo, se insurgiu o jornal Record, em nome da "renovação da arbitragem"?
Porque é que a discrepância entre a nota do observador e a da crítica é considerada "insólita"?
Será que o processo chega à participação duvidosa de alguns órgãos de comunicação social, interesses financeiros diversos e afins?

RTP filantrópica

De passagem tinha visto que a RTP se preparava para fazer uma maratona de Dança Comigo.
De passagem vi que recolheu, para uma causa que desconheço, 380.000 Euros.
De passagem pergunto: sabem quanto custou aquela emissão?

O caso Nené

O caso Manuel Fernandes (para um benfiquista que se preze, Nené) é deveras estranho. O único jogador, a seguir a Rui Costa, formado nas escolas do clube, com qualidade internacional, protagoniza uma novela que atesta bem a qualidade dos actuais dirigentes.

Pertencendo a um fundo participado da Somague, teve de ser despachado de forma a subtrair a dívida do Benfica ao empreiteiro, contas avessas do estádio que era a custo zero.

Acresce que o jogador estava (está) insatisfeito com o departamento médico, que durante dois anos não conseguiu resolver o problema que então o assolou: pubalgia.
Também é estranho. Este departamento médico entrou em funções por desentendimentos entre a direcção de Vieira e o anterior (de reconhecido e prestigiado mérito), derivado da recuperação de Matorras. Escusado dizer que, com esta equipa médica, o angolano recuperou e está apto para o futebol...
Escusado também dizer que os casos clínicos se sucedem no Benfica a uma velocidade só equiparada à impossibilidade de explicar o que se passa.

Para emendar a mão (ter de vender o jogador de qualquer forma), o Benfica fez um negócio desastroso com um clube de segunda categoria, o Portsmouth, acabando vigarizado, pelo facto de só receber quando o jogador completasse 3 jogos seguidos na Liga Inglesa. O que, claro, não aconteceu. Agora incompatibilizados, jogador e SLB, estão condenados a entenderem-se. Para mim, desportivamente, são boas notícias. É um excelente reforço, aquele que José Mourinho considera o Makelele do futuro. Em termos de gestão desportiva nada de novo. Ruinosa senhores, ruinosa.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Bom início

O Prós e Contras começa bem. A moderadora refere o número de vereadores, para justificar o tempo que dará a cada interveniente. Ainda bem que se estabeleceram as regras. Imaginem que o tempo era distribuído pelo número de assessores...

Lisboa, Lisboa

Vamos ver o Pós e Contras? Vamos. Onde está a oposição? Onde está o PS? Será que Carrilho e Carmona se cumprimentam no fim?

Bater no fundo

Sexta-feira passada, A Sra. Carolina Salgado lançou um polémico livro.

A comunicação social não tem parado de referir a quantidade de surpreendentes revelações, ligando-as e por isso desvalorizando o essencial.

O essencial não são as que afirmam fugas de informação na própria PJ, nem a presença de árbitros em casa do Sr. Pinto da Costa. Essas são só graves.

Esperei durante três dias que fosse detida, ele também e os capangas também. Ela viveu 6 anos com Pinto da Costa. O Sr. Ricardo Bexiga foi agredido, depois de denunciar dados que viriam a estar na origem do "Futebol Dourado". Ela afirma que PC ordenou que mandasse "limpar" o ex. vereador de Gondomar, actualmente deputado na Assembleia da República. Isto não são indícios para uma detenção imediata? Mesmo que outras investigações e mesmo esta, decorram sobre PC, não há motivo nenhum para que não se tivesse procedido imediatamente a um interrogatório.
Deixar um tipo destes à solta (bem como a "arrependida" e os executantes) é um mal sinal para um estado de direito democrático.

Portugal acaba de bater no fundo. Há uma denúncia que alguém mandou "limpar" alguém. E o estado de direito não consegue intervir de imediato. O sinal de deter imediatamente os eventuais prevaricadores seria mais forte que qualquer resguarda por qualquer investigação em curso, que dificilmente levará à descoberta de qualquer novo dado devido ao pré-aviso em que se encontram os suspeitos.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Yusuf Islam - Peace Train (My feeling)

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Um Nadal gom dranguilidade

É o que não se espera para os lados de Alvalade. A fatídica época do Natal aproxima-se e com ela os ventos de nortada. Tudo vai ser discutido: Liedson, a defesa, a forma dos leõzinhos, as opções de Bento. Não se vai discutir a gestão ruinosa de expectativa, a dispensa abrupta de jogadores experientes ao longo dos anos, a venda in extremis de David, a muleta do levezinho, o discurso da vítima e a inexperiência de Bento, que começou nos píncaros mas não tem a equipa no estado em que deveria, nesta altura crucial. É uma curva de forma contrária aos interesses do calendário.

Depois de tudo o que ouço permanentemente dá-me gozo imaginar as invasões, gritaria, demissões, pânico, assobios, etc., até que tudo volte ao mesmo, mas com a real expectativa.
Como benfiquista espero que, para o ano, nos voltem a ganhar no torneio do Guadiana. Dá-nos sorte.

Polémica Ronaldo

No dia do confronto com o Benfica, a imprensa britânica está mais focalizada no mergulho de Ronaldo que propriamente no jogo decisivo.

É natural. Como bem notou o jornalista da RTP que acompanha o Benfica, em terras de sua majestade, o problema não são os árbitros, mas os batoteiros.
A cena passou-se este fim-de-semana no jogo contra o Mildsbrough: Ronaldo cai na área sem que ninguém lhe toque e o árbitro marca pénalti. Até acredito que se possa ter desequilibrado e todos sabemos da má fé com que os ingleses encaram o jogador português, mas que ele é reincidente em má criação e batotices, isso é.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Fair Play


Para os que não conseguiram ver ontem, como eu, aqui fica.

Não pode ser só levar. Vamos lá dar umas cacetadas... e já agora, nas canelas, como convém!

Os Monty Python servem de inspiração para cópias, por esse mundo fora. Não há exemplos bem sucedidos. Os motivos reais prendem-se essencialmente com o talento genuíno da trupe. Também pelo enquadramento espaço/temporal e pela forma como os seus elementos se adaptaram individualmente ao espírito comum.

Por cá, depois de Gil Vicente, o humor cénico, teatral, cinematográfico ou, ainda mais recentemente, televisivo, atravessa reconhecida crise. Ninguém, ou quase ninguém, se ri verdadeiramente com os géneros sucedâneos. A revista, directamente herdeira de Mestre Gil, 500 anos retardada, o non sense, envergonhado e não estruturado, o Stand up, sem alma e sem assunto, e os costumes, sem costumes, levam os humoristas ao fracasso, com pequenas lufadas, tipo traque, circunstanciais, nem sempre mal cheirosos, mas sempre descontínuos. Quem se esforçou para rir de Rueff, rapidamente se arrependeu, por exemplo.
Acresce que uma geração nova procura fórmulas antigas: o non sense de há trinta anos e a entrevista simulada de há vinte, no "Not necessarily the news", hoje revista e melhorada em Jon Stewart.

Os Python tinham três actores geniais: Cleese, Palin e Idle. Um muito bom, Chapman, já defunto e dois, Gilliam e Jones, que se adaptavam a um circunscrito trabalho quase figurante, embora, sem sabermos se a relação do desempenho cénico tinha a mesma proporcionalidade da elaboração escrita, estes se dedicassem a outras meritórias funções, animação, realização e co-realização.

Tentar fazer um grupo que não respeite esta relação de talento, no humor, no rock, na política, na ciência, é uma morte à partida. Todos reconhecemos isto. Já todos falámos sobre isto. Quem o tenta fazer, arrasta-se e a única forma de se prolongar é ser medíocre.