terça-feira, dezembro 19, 2006

Futebol Dourado

A nomeação de Maria José Morgado para liderar o processo do futebol foi motivo de regozijo para os portugueses. Eu, pouco conhecendo a senhora, acho bem: parece ser corajosa, eficaz e pertinente, sabendo aparecer quando deve e desaparecer dos high lights públicos quando a função assim o obriga.

Mas a sua nomeação lança várias questões sérias. Que esteve a fazer o Ministério Público durante dois anos? Porque motivo só foi nomeada após o livro de Carolina Salgado e não imediatamente a seguir à tomada de posse do Procurador-geral? Porque foram afastados os diversos responsáveis iniciais da investigação (PJ) e da acusação (MP)? Porque nunca foi investigada a sério a agressão a Ricardo Bexiga, ou pelo menos aventada a possibilidade de estar correlacionada com o processo? Em que fase está a investigação da agressão a Pacheco Pereira, durante a campanha eleitoral autárquica, no hotel Carlton?

Outras continuam sem resposta ética. Porque é que três dirigentes arguidos fazem parte da lista única de Gilberto Madaíl, para o Conselho de Arbitragem da FPF? Porque continua Valentim Loureiro na Liga de Clubes? Porque votou o povo de Gondomar nele (assim como Felgueiras em Felgueiras e Oeiras em Isaltino)? Porque é que o PS não saiu a terreiro em defesa de Ricardo Bexiga, condenando veementemente a agressão e exigindo uma investigação até às últimas consequências? Porque estão calados os partidos políticos?

Porque estão os árbitros na berlinda, quando constituem 10% dos indiciados, contra 90% de empresários, dirigentes e autarcas?
O livro e testemunho de Carolina Salgado valem quanto nesta investigação? Pouco? Muito? Porque não são interrogados os mencionados de forma exemplar e imediata? Os crimes do futebol valem menos que os dos outros?

Porque não há informação nos Órgãos de Comunicação Social, sobre a Lei de Bases que está a ser preparada na Assembleia da República, sob orientação de António José Seguro, com a colaboração de agentes directos e sérios do mundo do futebol? Que fazem os dois árbitros directamente mencionados em várias fases do processo? Martins dos Santos, retirou-se. E Augusto Duarte? Por exemplo, para a Rádio Renascença, tão critica de certos árbitros que até lhes recusa "dar nota", porque ocupa aquele árbitro o 2º lugar do seu ranking?
Porque razão um árbitro que se estreia na primeira Liga é, ao mesmo tempo, advogado de alguns arguidos no processo? Não deveria afastar-se da barra para separar as águas?
Porque razão, tendo tido má nota do observador ao jogo, se insurgiu o jornal Record, em nome da "renovação da arbitragem"?
Porque é que a discrepância entre a nota do observador e a da crítica é considerada "insólita"?
Será que o processo chega à participação duvidosa de alguns órgãos de comunicação social, interesses financeiros diversos e afins?