Ele pisca prà direita e pisca, pisca. Ele pisca prà esquerda e pisca, pisca.
1. O MIC (Manuel Alegre) vai fazer um referendo interno sobre a posição oficial do partido em relação ao referendo sobre a interrupção voluntária de gravidez. É um acto inédito haver um referendo sobre um referendo. Porque não referendar se deveria haver referendo ao referendo. Pode a maior parte dos militantes do MIC não concordar com esta palhaçada. É um piscar de olho à direita e um acto verdadeiramente inútil, porque vai vencer indiscutivelmente o SIM ao SIM. Revela também a extraordinária imbecilidade e hipocrisia em que Manuel Alegre quer transformar o sistema partidário. O secretário João Correia já afiançou que apesar do referendo, cada militante pode votar de acordo com a sua consciência...
2. A aparente concordância de Cavaco com o Governo, alguém tem de explicar ao senhor que ele não é porta voz do seu gabinete de analistas políticos, não é nada normal vinda de um presidente. É um pisca à esquerda, pisca, pisca, mas ninguém lhe encomendou o sermão. Sabemos que quando vencer a segunda vez, vai malhar a eito, sob o refúgio da até então isenção demonstrada. Táctica simples, mas num país tão pouco exigente, seguramente eficaz.
O que já começa a meter nojo é a história do Roteiro para acentuar a Exclusão, de Cavaco Silva. Pisca à esquerda, pisca, pisca. Como já foi amplamente notado, especialmente por Joana Amaral Dias, ao escolher os excluídos a incluir (deficientes, idosos, pessoas do interior), Cavaco excluí ainda mais outros excluídos não incluídos no seu roteiro: homossexuais, imigrantes ilegais, mendigos, etc.
Hoje, ao falar de deficientes, o lapso era evidente: "eles conseguem", "eles podem" e "eles fazem".
Sr. Cavaco: a exclusão de deficientes, por exemplo, não se deve a "eles". Deve-se à nossa mentalidade. O discurso deve ser "para nós" e não para "eles". Deve ser: "temos de ser capazes", "temos de melhorar", "temos de estar mais atentos", "temos de dar as mãos", "temos que deixar de ser preconceituosos". Que é o que V. Exa. é!
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