segunda-feira, janeiro 23, 2006

Obrigado Mário!

Não, as eleições de ontem não marcam uma viragem no ciclo político. Na verdade mantêm uma propensão do povo português. A maioria dos nossos artistas, cientistas, desportistas e proeminentes figuras é desterrada para exílios além fronteiras, à procura de reais possibilidades de vida profissionalmente saudável, sendo exemplos exponenciais António Guterres, José Saramago, Luís Figo, Emanuel Nunes e muitos outros.
Ao infligir uma pesada derrota a Mário Soares, sim porque esse foi o facto político da noite, o mais comentado e aquele de que toda a imprensa portuguesa e estrangeira hoje fala, o povo português teve mais uma vez um lapso de ingratidão e de uma certa estupidez.

Bem sei que o que será veiculado, aquilo que transpirará dos ciclos políticos e dos comentadores do costume é a ideia que os resultados eleitorais são para respeitar, o voto do povo é soberano e nada mais a acrescentar. Pois que essa ideia advém de um imediatismo contaminador a partir do qual a verdade tem de ser rápida e perceptível. Um pouco aquilo de que foi vítima Miguel Sousa Tavares quando tentava esclarecer que sendo a vitória de Cavaco o mais fraco resultado de um presidente eleito, não teria a força presidencial que um score de 60%, por exemplo.
Para mim que fique claro: nem o facto de se ter metido nesta aventura, nem o resultado que obteve, diminuem Mário Soares. Pelo contrário, engrandecem-no. Com a sua idade fez a campanha mais empenhada e desgastante e pode dizer-se: não obstante terem sido cometidos erros de abordagem (excesso de focalização no adversário, blindagem das semi estruturas do PS a movimentos independentes e outros circunstancialmente não alinhados), fez a campanha mais activa e mais próxima do maior número de portugueses, de todos os candidatos.

Que fique claro: não tenho respeito nenhum pelo voto, pelo voto de ontem, dos portugueses. Aceito-o tranquilamente e sem rancor, que são coisas diferentes. Ao mesmo tempo acho que Mário Soares tem motivos para dormir descansado: a democracia com que sonhou, existe. Ele é o pai da democracia, nunca quis ser o seu dono e portanto a história, mais uma vez, deu-lhe razão. Nada mais saudável que escolherem quem querem e quem acham que nos representa melhor em determinadas circunstâncias. A história política e o carácter de Cavaco é o espelho do actual povo português. Castigador, carrancudo e distante, mas disponível para ir a jogo e de forma empenhada na medida da sua humildade intelectual.

A campanha de Mário Soares foi comovente. Não só pelo seu empenho pessoal, mas também por ter trazido figuras de alto calibre para o palco político, aspecto muito importante, como expliquei anteriormente, no quadro da inevitável modernização dos partidos políticos. Reparei que nem uma palavra se disse sobre o facto político das últimas eleições legislativas. Reportagens, artigos de opinião, títulos, parangonas, enfim o lixo habitual, colocaram o teleponto no centro do debate político. Aos 81 anos Mário Soares fez dois, três discursos diários, durante dois meses, falando três quartos de hora sem uma nota que fosse. Totalmente de improviso. Esteve sempre presente em feiras, empresas, praças, espectáculos, comícios, jantares, debates, entrevistas e tudo o mais. Quis fazer a festa da democracia, uma campanha à antiga, procurando e conseguindo mobilizar os portugueses para o debate e participação política. (Por exemplo: não tenho dúvidas que muitos portugueses são contra que o estado pague aos partidos e candidatos dinheiro para as suas campanhas. Eu acho que o estado paga muito pouco e isso é um dos problemas centrais do nosso sistema. Não obstante, os partidos também gastam mal).
Foi um enorme prazer ter visto Mário Soares a fazer política activa. Por isso, obrigado Mário. Eu e os 700 e tal mil portugueses a quem resta algum reconhecimento, ficámos seguramente comovidos, na noite de ontem, perante o disparate comum e a sua grandeza.

Dito isto, é altura de virar a página. Para mim também. Todos os meus amigos se questionam porque me entusiasma tanto a política. Eu também me interrogo. Acho que sou mesmo daqueles que se motiva pelo PS, como pelo Benfica. Não, não é assim muito racional. E não sou militante porque nunca calhou, embora me sinta como tal.
Eu não gostei da forma como foi gerida esta campanha por parte dos seus responsáveis nacionais, regionais e de juventude. Mário Soares merecia mais.
Também não gosto da forma como alguns responsáveis olham para os adeptos humildes de bandeira, como é o meu caso e blindam o partido e as campanhas a contributos, ideias e sugestões. Eles sabem tudo e depois é a vergonha que se vê.
Achei que José Sócrates se deveria ter demitido do cargo de Secretário Geral do PS, provocando um congresso e obrigando o partido a esclarecer-se. Notei algumas ausências ontem (eu também não estive, porque estava de rastos, tenho crédito e não sou importante) no Áltis. Alberto Martins, João Cravinho, Maria de Belém, Vera Jardim, Manuel Maria Carrilho e claro, não consigo deixar de notar a ausência de Manuel Alegre, no dia mais difícil da vida do PS. Ou essa personagem não foi criada por Mário Soares e sustentada toda a vida pelo PS?
Penso que o adiamento de um esclarecimento profundo, terá repercussões a longo prazo. Isto não deveria pôr em causa o Governo, naturalmente.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Política Alegre

O Tracking Pool (bem explicado aqui) que o DN e a TSF lançaram, apesar das grandes dúvidas que coloca, serviu para galvanizar Manuel Alegre, esquecendo-se que houvera criticado os estudos de opinião quando não lhe eram favoráveis, ainda que cientificamente mais credíveis, porque de sondagens rigorosas se trataram.

Agora que os portugueses informados perceberam toda a verdade sobre o tracking pool, Alegre queixa-se por antecipação da próxima sondagem da Eurosondagem, com um Universo de 2000 eleitores cientificamente distribuídos por regiões, idades e género, ao contrário das 150 entrevistas diárias que animaram as suas tristes hostes.

É assim a ética republicana de Alegre: quando são boas servem o seu discurso ("sou o único com possibilidades de passar à 2ª volta"), quando são más são "mirabolantes". Ah, grande democrata!

Aos que votam

Muitos de nós já decidimos em quem votar. Não quero influenciar, nem me intrometer na consciência de cada um.

Este post é dedicado a todos os cibernautas (em final do presente blogue, tal como foi genuinamente apresentado, porque terminará depois da 2ª volta de Fevereiro) que desejem ganhar 18 minutos da sua vida e que queiram ver um documento politicamente único. Os que não tiverem tempo, igualmente saúdo, e recomendo que avancem para outros espaços. Os que se conseguirem abstrair da alucinação cibernética em que vivemos e com a qual colaboramos, verão o momento politicamente mais interessante que alguma vez presenciei: Um abraço e um bom voto.
Discurso do professor Sobrinho Simões, 14-01-2006, Coliseu do Porto.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

O Amparo


Uma imagem ficará para sempre na memória desta batalha eleitoral histórica: a de Mário Soares a amparar José Sócrates, no final da intervenção do secretário-geral do PS, no grande comício no Coliseu do Porto, no passado Sábado (14-01-2006).

Esta imagem revela uma incrível alegoria, um simbolismo impar, uma metáfora afectiva.
Revela muito sobre o carácter de Mário Soares em relação aos desprotegidos, aos ainda que no caso temporariamente, se encontram desfavorecidos. Espelha uma ironia sublime: Soares, com 81 anos a ajudar Sócrates, no auge da força da vida. Mas esta imagem revela também a verdadeira justificação da candidatura de Mário Soares a presidente de todos os portugueses.

O Comício do Porto foi para mim um momento globalmente mágico, por diversos motivos. Primeiro o enquadramento, a sala do Coliseu, que guardo na memória como o espaço onde vivi o momento mais alto do meu próprio percurso profissional e portanto me inspira boas recordações. O cheiro, o mobiliário e a disposição envolvente fazem do Coliseu uma sala única e prova disso é a luta que os cidadãos do Porto fizeram para o preservar, tendo conseguido que ainda hoje exista. O Coliseu do Porto tem vida própria...
Depois a intervenção do Professor Sobrinho Simões. Não foi um discurso político, foi uma palestra científica que encantou e emocionou das mais altas patentes da intelectualidade à simples varina portista, parte integrante do imaginário da cidade. Acho que o seu discurso não deve ter tido repercussão mediática, o que por um lado é pena, por outro acrescenta aos que estiveram presentes, um prazer egoísta de momento único partilhado e vivido. A mim, encantou-me e foi talvez a melhor intervenção política que alguma vez presenciei, sem recurso a truques, soundbytes e parangonas, tão correntes como fáceis, inúteis e cada vez mais cansativas. O Professor Sobrinho Simões acrescentou algo à vida política: mestria e intelectualidade. Falou do conceito ancestral de comício, desmanchou a plateia com histórias da 1a República e sobre a idade de Mário Soares teve o momento alto. Contou que há vinte anos atrás corria no Parque da Cidade e sem conhecer pessoalmente Rosa Mota, também. Um dia ele estava mais cansado que nunca e ela, ao passar por ele, não conteve um comentário, com aquele bonito dialecto do Porto: "O senhor qualquer dia morre". Esta simples frase fez com que as pessoas soltassem uma gargalhada uníssona, porque tal como tem um significado diferente para a mensageira e para o receptor circunstancial, também para os 3500 presentes teve um significado individual e intransmissível.

José Sócrates foi também muito competente, como é reconhecido. Na sua entrada, outro momento inédito em eleições. Embora as presidenciais sejam por definição apartidárias, o povo em uníssono e de punho erguido gritou bem alto: "PS, PS, PS!". Para que não fiquem dúvidas sobre quem é quem e a favor de quem neste combate.

Poderia a campanha de Mário Soares, em contradição com o que observei em Coimbra e no Porto, não chegar ao seu objectivo. Poderiam painéis de sondagem manipulados e cientificamente contestados, criar nos portugueses mais desinformados, uma espécie de conformismo antecipado que não ajuda o combate democrático. Poderia o Etarismo (expressão adaptada do agism, Inglês, que significa a discriminação dos idosos em relação à participação social e cívica) vencer em Portugal, como o racismo, a discriminação por género e por orientação sexual, cada vez mais presentes na nossa sociedade. Poderia vencer um candidato que tem por slogan "Portugal Maior" ou outro que lançou: "cidadão inteligente quer Alegre Presidente". Poderia o povo português dar-se ao luxo, mesmo que permanentemente insatisfeito, especialmente com os outros e satisfeito consigo próprio, de abdicar daquele que reconhece ser o que mais fez, o que mais lutou, o que mais vezes esteve do lado certo da história. Poderia o cidadão português passar ao lado de todo o tipo de ataques injuriosos e permanentes, embora sem nenhuma verdade, como sem esperarmos pelo distanciamento histórico, já hoje sabemos: a bandeira pisada, a descolonização, o caso Casa Pia, os terrenos na OTA (com um artigo a circular na net, assinado por MST, sem que Miguel Sousa Tavares tenha nada a ver com o assunto). Na área do vale-tudo a nível pessoal, Soares tem-se limitado a atacar politicamente o adversário, mas por contraditório que possa aparentar, o mesmo povo que à boca pequena tudo contesta, prepara-se para instituir o silêncio táctico que poderia vir a marcar os próximos anos do país.
Poderia tudo isto acontecer, mas nunca como nestas eleições, estiveram no palco político tantos artistas, tantos cientistas e tantas mulheres e homens de importância real para o país, como o caso do Professor Sobrinho Simões, afinal aquilo que o nosso povo pede há muito, a abertura dos partidos políticos à denominada sociedade civil.

Eu votarei pela segunda vez em Mário Soares (até agora só o tinha feito nas Europeias de 13-06-1999. O meu cartão de eleitor é de 30-09-1993, pelo que não votei nas presidenciais de 13-01-1991, porque completei 18 anos em Junho de 1990, já depois do período de recenseamento eleitoral).
Para mim, este não será um voto qualquer. É um voto de afecto, de reconhecimento, de excelência. Quando daqui a 50 anos, mais ou menos com a idade de Mário Soares e se lá chegar e com lucidez, me lembrar que em 2006 apoiei e votei Soares, sei o que vou pensar. Vou pensar: "Nunca como naquelas eleições o meu voto significou tanto e me deu tanto orgulho".

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Os mortos com Alegre

Solitário, sem gente nos comícios e com arruadas mais fracas que Louçã ou Jerónimo, Alegre, senhor todo poderoso dos valores da política, decidiu convocar os mortos para animar a sua campanha.

A ideia até poderia passar, se tivesse sido só aquela palhaçada das promessas no túmulo de Fernando Vale. Mas no dia seguinte foi a estátua de Norton de Matos (que foi candidato aos 81 anos e de quem Soares foi o Secretário de Campanha) e na mesma noite a evocação de Salgado Zenha.

Naturalmente os visados não se poderão queixar da utilização da sua memória em período eleitoral, ou se calhar estou enganado porque Alegre já os tinha homenageado noutras circunstâncias, embora ninguém tenha notado. Isto é uma táctica que Lá Féria utiliza perante o silêncio cúmplice da memória colectiva. Ele foi Amália, ele foi A Canção de Lisboa.
Imagino o que diria a opinião publicada se Soares ou Cavaco fizessem uma só homenagem a alguém desaparecido, aproveitando eleitoralmente o aparente apoio de cidadãos falecidos. Caía o Carmo e a Trindade, com tão grande hipocrisia, mas como é Alegre a coisa passa. Uma vergonha.

À Chapada


As imagens de uma agressão em pleno aeroporto de Lisboa são repugnantes e miseráveis. Demonstram o país, o Benfica e a gente que somos.

Chegado ao Brasil, onde nunca deveria ter ido porque esses assuntos são tratados pelos agentes e não pelos presidentes, Vieira, ao desconfiar de uma eventual hesitação de Moretto, só tinha uma coisa a fazer: meter-se no avião e recusar pressionar o guarda-redes. Não estando em causa as qualidades do jogador, relembro que é o Benfica que faz um craque e não o contrário. Moreto no Porto nem jogaria, quanto mais...

A cena da chapada, as situações de Alverca e Estoril e as contratações de Inverno auguram um futuro próximo muito complicado no Benfica anestesiado pela recente conquista do título e a gloriosa eliminação do Manchester United.
O balneário da equipa está na fronteira do equilíbrio e sinais disso não faltam: Quim e Karyaka, mas também Dos Santos, Bruno Aguiar, João Pereira e Carlitos. Simão foi a gota de água. Conta quem sabe que o capitão está incompatibilizado com Veiga ao ponto de não se falarem e de forçar o Benfica a ter de o vender, até por menos dinheiro que o que o Liverpool houvera oferecido anteriormente. Aliás Jorge Mendes já é o seu empresário.

As contratações são uma vergonha: Robert assina por três anos e meio. É impossível que venha a cumprir o contrato até ao fim, até aos 34 anos. Portanto a indemnização que o Benfica lhe vai pagar, ninguém lha tira!
Marco Ferreira junta-se a Zahovic, Drulovic e João Manuel Pinto. Sairá sem glória e com prejuízos claros para o clube. Moretto é bom jogador, mas pergunta-se: onde está Yannick? E Manduca é um jogador sem nível para a dimensão do clube, embora uns pontos acima de Beto e Giovanni, por exemplo.

A ideia que fica é esta: continua a alucinação de entradas e saídas sem critério, sem rei nem roque. A mesma vertigem que nos últimos 15 anos tem desgastado e fragilizado treinadores, jogadores e o clube.
Os jogadores que o Benfica poderia contratar continuam a fugir porque provavelmente só seriam bons negócios para o clube e não para esta corja de dirigentes/agentes que nos lixam a toda a hora. Diogo Valente, Targino, Zé Castro, Semedo e outros, correspondem ao perfil ideal e prova disso são as únicas contratações de jeito do Benfica recente: Nélson e Alcides.
Ironia das ironias é que depois de Vale e Azevedo, ligado a casos de colarinho, estejamos agora à mercê de jagunços. E parece que o povo gosta.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Primeiras Impressões

Chegada
Ao chegar ao aeroporto de Lisboa de novo um taxista. Não são todos iguais, nem todos são miseráveis, mas naquelas circunstâncias são a maioria.
Foi um porco cobarde que aproveitou a minha saída para tratar mal a minha companheira, fumando de janela aberta e não ajudando a retirar a mala do porta bagagens que pesava 20kg. Desespero por não levar japoneses para o Marquês, via Cascais.

Confronto
Portugal está na mesma. Cabisbaixo, deprimido e desalentado.

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A campanha out door do Expresso, inunda a cidade com a cara de Ferreira Leite. A frase é sugestiva: "A Opinião que Conta".
Acontece que isso é passar papel higiénico na mente do povo. Porque o que está verdadeiramente em causa são As Contas da Opinadora. E essas são de muito má memória.

Discurso Directo 1
Manuel Alegre revela-se na mesma medida que degrada a sua imagem. No programa da SIC passou o início a falar de caça e pesca desportivas, como grandes virtudes. Aliás assegurou que vai passar o dia 23 de Janeiro a caçar.
Depois atirou-se aos árbitros. Revelou que lhes chama nomes, inclusive ao seu Mandatário, Olegário Benquerença. A questão é simples. Alegre pretende demarcar-se do seu Mandatário, colando o seu discurso à vox populis. Relembro que exactamente no mesmo programa ("Discurso Directo", da SIC) Bagão Félix, na altura Ministro todo-poderoso das Finanças, fizera o mesmo (o que contestei aqui no Estado). Curiosa identidade de um maçom e de um elemento do Opus Dei. Nenhum estadista aceita a voz corrente como verdade inaudita.
Para mais Olegário Benquerença e até na qualidade de único árbitro português na elite do futebol mundial merecia mais respeito, merecia que as únicas palavras públicas que Alegre lhe dirigiu até hoje fossem de respeito e admiração. Aliás, a consideração que sei que Olegário tem por Alegre: todos cometemos erros e os árbitros não são excepção.

Discurso Directo 2
Foram tantas as gafes de Cavaco que nem deu para registar todas. Não será difícil ao leitor encontrá-las um pouco por toda a Internet.
Aqui fica mais uma:
"Jornalista - E ao teatro? Lembra-se a última vez que foi?
Cavaco - Sim, sim. Fui àquele teatro na Praça de Espanha ver uma peça sobre Willie Brandt..."

Caro Cavaco: Na Praça de Espanha existem dois teatros, A Comuna e o Teatro Aberto. Não sei se alguma vez lá esteve, mas a peça a que se referia foi encenada pelo Novo Grupo (Teatro Aberto) e chamava-se "Democracia".