quinta-feira, janeiro 12, 2006

À Chapada


As imagens de uma agressão em pleno aeroporto de Lisboa são repugnantes e miseráveis. Demonstram o país, o Benfica e a gente que somos.

Chegado ao Brasil, onde nunca deveria ter ido porque esses assuntos são tratados pelos agentes e não pelos presidentes, Vieira, ao desconfiar de uma eventual hesitação de Moretto, só tinha uma coisa a fazer: meter-se no avião e recusar pressionar o guarda-redes. Não estando em causa as qualidades do jogador, relembro que é o Benfica que faz um craque e não o contrário. Moreto no Porto nem jogaria, quanto mais...

A cena da chapada, as situações de Alverca e Estoril e as contratações de Inverno auguram um futuro próximo muito complicado no Benfica anestesiado pela recente conquista do título e a gloriosa eliminação do Manchester United.
O balneário da equipa está na fronteira do equilíbrio e sinais disso não faltam: Quim e Karyaka, mas também Dos Santos, Bruno Aguiar, João Pereira e Carlitos. Simão foi a gota de água. Conta quem sabe que o capitão está incompatibilizado com Veiga ao ponto de não se falarem e de forçar o Benfica a ter de o vender, até por menos dinheiro que o que o Liverpool houvera oferecido anteriormente. Aliás Jorge Mendes já é o seu empresário.

As contratações são uma vergonha: Robert assina por três anos e meio. É impossível que venha a cumprir o contrato até ao fim, até aos 34 anos. Portanto a indemnização que o Benfica lhe vai pagar, ninguém lha tira!
Marco Ferreira junta-se a Zahovic, Drulovic e João Manuel Pinto. Sairá sem glória e com prejuízos claros para o clube. Moretto é bom jogador, mas pergunta-se: onde está Yannick? E Manduca é um jogador sem nível para a dimensão do clube, embora uns pontos acima de Beto e Giovanni, por exemplo.

A ideia que fica é esta: continua a alucinação de entradas e saídas sem critério, sem rei nem roque. A mesma vertigem que nos últimos 15 anos tem desgastado e fragilizado treinadores, jogadores e o clube.
Os jogadores que o Benfica poderia contratar continuam a fugir porque provavelmente só seriam bons negócios para o clube e não para esta corja de dirigentes/agentes que nos lixam a toda a hora. Diogo Valente, Targino, Zé Castro, Semedo e outros, correspondem ao perfil ideal e prova disso são as únicas contratações de jeito do Benfica recente: Nélson e Alcides.
Ironia das ironias é que depois de Vale e Azevedo, ligado a casos de colarinho, estejamos agora à mercê de jagunços. E parece que o povo gosta.