quinta-feira, janeiro 12, 2006

Os mortos com Alegre

Solitário, sem gente nos comícios e com arruadas mais fracas que Louçã ou Jerónimo, Alegre, senhor todo poderoso dos valores da política, decidiu convocar os mortos para animar a sua campanha.

A ideia até poderia passar, se tivesse sido só aquela palhaçada das promessas no túmulo de Fernando Vale. Mas no dia seguinte foi a estátua de Norton de Matos (que foi candidato aos 81 anos e de quem Soares foi o Secretário de Campanha) e na mesma noite a evocação de Salgado Zenha.

Naturalmente os visados não se poderão queixar da utilização da sua memória em período eleitoral, ou se calhar estou enganado porque Alegre já os tinha homenageado noutras circunstâncias, embora ninguém tenha notado. Isto é uma táctica que Lá Féria utiliza perante o silêncio cúmplice da memória colectiva. Ele foi Amália, ele foi A Canção de Lisboa.
Imagino o que diria a opinião publicada se Soares ou Cavaco fizessem uma só homenagem a alguém desaparecido, aproveitando eleitoralmente o aparente apoio de cidadãos falecidos. Caía o Carmo e a Trindade, com tão grande hipocrisia, mas como é Alegre a coisa passa. Uma vergonha.