quinta-feira, março 31, 2005

Vicaima


Lá está a porcaria da Amazónia a estragar as chapadas que um administrador tem de dar no Operador de Imagem. Custa mais a quem dá que a quem leva. Obrigado GNR: o decalitro ofusca o copo. Ambientalistas: de uma vez por todas arranjem uma ocupação, um trabalho sério. Obrigado Vicaima.

segunda-feira, março 28, 2005

A vez de Manuel



Manuel Maria Carrilho deverá ser, esta semana, indigitado candidato do PS à Câmara Municipal de Lisboa. Há meses que não esperava outra coisa: o bom senso de José Sócrates, a perspicácia de Jorge Coelho e o altruísmo final das estruturas locais do PS, que a mim e a bem dizer à maioria dos concidadãos de Lisboa pouco interessava.

Foi o próprio Pedro Santana Lopes que explicou, com a devida ampliação e repetição, que a aventura Laranja no Governo de Portugal, começou nas autárquicas de 2001. Sustentou que foi graças à sua vitória e derrota subsequente de toda a esquerda, que o país teve uma mudança política. Muito bem! Aceitemos esse argumento: só com a derrota final em Lisboa (e também no Porto) o país aspirará a acabar com esta longa e ruinosa aventura. A vitória de Manuel Maria Carrilho, do PS e dos restantes partidos de esquerda (caso entendam participar) fechará um ciclo que foi o ciclo do pessimismo, da má governação, da tanga, da depressão colectiva. O fim do ciclo político dominado pelo PSD, que nem a eles deixará saudades, quanto mais aos outros: militantes, militantes independentes (como gosto de me considerar) e independentes.
Ainda hoje se descobrem diariamente escândalos, atrás de escândalos, seja a venda apressada e futebolística da Lusomundo, a central de 600 milhões, ou o agora evidenciado caso dos sobreiros de Benavente. E a lista só vai engrossar, especialmente quando se começar a perceber publicamente (porque nos círculos do poder, já se sabe), não só o número de nomeações, mas as extraordinárias perpetuações de altos cargos da administração pública, por via da extensão, nova contratação ou alteração das regras, políticas é óbvio, mas igualmente estatutárias. Nas águas, nas estradas, nas energias, nos hospitais, nas chefias militares e policiais e etc. o governo terá muita dificuldade em fazer valer os seus projectos, uma vez que foi quebrada a prática anteriormente comum de demissão e/ou não continuação dos mandatos em altos cargos estratégicos. Indemnizações luxuosas adivinham-se para gente sem escrúpulos nem nenhum respeito pelo jogo democrático. E pelas dificuldades dos portugueses.
Portanto isto ainda não acabou. E para mim só acabará em Janeiro, nas eleições presidenciais. O país continua refém de muita gente que não interessa, de muitos lobbies, boys e jobs.

O PS corria francamente o risco de errar a abordagem às eleições em Lisboa, caso continuasse com o tabu do candidato. E não sei, sinceramente, se não terá sido graças a Ferro Rodrigues ter prestado mais um excelente serviço ao partido, que a coisa não deu para o torto. Efectivamente a situação bicéfala de dois pré-candidatos, ao contrário das eleições para secretário geral (precisamente por não haver escrutínio), a prolongarem-se, tenderiam a fragilizar qualquer um que viesse a assumir a candidatura. Uma coisa é um cidadão, ainda que militante, dizer publicamente quem apoia, outra é uma estrutura partidária declarar apoio, ou ter preferência, ou declarar que não apoia. E ainda pior se for por fonte jornalística.
Veja-se o PSD: tem neste momento dois pré-candidatos sem que nenhum saia beneficiado, Carmona perde espaço e credibilidade e para Santana tudo é igualmente mau, por via da sua manifesta incapacidade. É claro que poderá sempre organizar um mundialito de Futebol de Praia no Terreiro do Paço, mas nem isso o safaria...
O PS, corria o risco de demonstrar que as estruturas concelhias e federativas têm um poder idêntico às do PSD pós-congresso, ou seja consoante a força de A, B é candidato. De uma vez por todas é altura de os partidos perceberem que há vida para além das quezílias partidárias e que isso só prejudica quem dá a cara. Os cidadãos estão-se borrifando para a secção, a concelhia ou a direcção sequer. Por isso toda a discussão, na praça pública, alimentada pelos dirigentes, é prejudicial. E alguém pensou que era favorável a Y ou a Z?
Ao afastar-se, Ferro Rodrigues fez, como referi, um favor ao partido. Mas teve também humildade democrática. De facto, Manuel Maria Carrilho é candidato há mais de um ano, muito antes da derrocada laranja ser perceptível aos olhos de todos. Demonstrou vontade e convicção, antes de saber os acontecimentos trágicos, hoje conhecidos, que talvez (naquela lógica santanista) tenham começado com as eleições europeias de 2004. Apresentou-se com a ambição de mudar Lisboa, de alterar a Lisboa da fachada e da trapalhada e pensar um projecto global para a cidade. Manuel Maria Carrilho é o candidato desejado pelos lisboetas e é o legítimo candidato do PS.

Nascido em Coimbra em 1951, é licenciado em Filosofia na Universidade de Lisboa e doutorado em Filosofia Contemporânea pela Universidade Nova, onde é professor desde 1994.
Tenho falado com várias pessoas que conhecem, pessoal e politicamente, Manuel Maria Carrilho. Pessoas ligadas a várias áreas, em especial das artes e da cultura. Simpatizem politicamente ou não com o PS, todos são unânimes em reconhecer que foi o melhor ministro que a cultura já teve, desde sempre. Que foi o que demonstrou um projecto, uma visão e consequência em acção política. Que apaziguou agentes e criadores, que desenvolveu uma rede nacional de cultura em diversas frentes, que projectou e dinamizou o Cinema, o Teatro, as Artes Plásticas e a Literatura. Que enriqueceu a música erudita por via das orquestras, das escolas e escolas superiores e que entusiasmou a Ópera e o Bailado. Que deu relevância à cultura além fronteiras e que se dedicou à sua estruturação e projecção em Portugal.
Para qualquer artista, a sua candidatura só pode ser positiva. E para os restantes?

Eu nunca concordei com as declarações de Manuel Maria Carrilho sobre António Guterres. Simplesmente acho que foram, em grande medida, despropositadas: no tempo e na forma. Mas reconheço que foi frontal, que não mandou dizer por ninguém, que foi corajoso e despegado. Talvez muitas pessoas se tenham revisto nas suas posições, mas dizia o instinto protector ao partido, que não era altura de abrir aquela frente desgastante e dizimadora. Ao mesmo tempo tive sempre a sensação que Guterres era o receptor de tanta crítica, por via das suas funções enquanto secretário geral. Efectivamente era o partido que precisava (ainda precisa) de um puxão de orelhas e o seu líder o representante nominativo de alguma malta eleita para que não se faça, não se mexa, não se avance. Em certa medida, António Guterres, foi o receptáculo legítimo de uma certa crise que abalava o PS e que só as grandes vitórias de José Sócrates dissipam por agora (entendo que este é um problema extensível a todos os partidos, com maior enfoque para os grandes, que se afastam das pessoas em vez de se aproximarem, mas isso é outro assunto).
Daí que não tenho dúvidas que, passado este tempo, Manuel Maria Carrilho apoiará sem hesitar uma eventual candidatura de António Guterres a Presidente. O que lá vai, lá vai e somos todos crescidos o suficiente para pormos o interesse nacional, acima das questões pessoais.

Em qualquer eleição, não se trata de eleger pessoas, mas confiar projectos. O PS fará bem em esclarecer quem quer para coordenar e comandar um projecto para a cidade. Para o candidato só agora a luta vai começar. Terá de organizar uma equipa, que naturalmente contará com listas conjuntas do Bloco e do PCP, na proporção exacta das suas valias eleitorais. Acima de tudo terá de demonstrar a sua visão, a sua ideia para Lisboa. Esta passará por cinco vertentes essenciais (sem nenhuma ordem de importância): a requalificação urbana, a ordenação do tráfego, a emancipação cultural, a preocupação social (em especial com a 3a idade) e a afirmação ambiental, matérias que requerem actividade contínua, ao contrário do actualmente praticado. Afinal quase tudo o que se tem discutido, sempre, sem que tenha resolvido. Para tal terá de apresentar projectos suficientemente inovadores, bem como o seu plano de concretização.
A isto acresce o necessário restabelecimento da auto-estima dos lisboetas, por via de eventos únicos, à escala internacional, como foram a Capital da Cultura em 1994 e a Expo 98, ou o próximo MTV Europe Music Awards. Por exemplo: Lisboa pode acolher o Earth Day, celebrado a 15 de Abril, promovido pela Time Magazine e patrocinado por grandes empresas, como a Ford Motor Company, ou a criação e organização dos I Jogos PALOP, destinados aos atletas dos países de língua oficial portuguesa. Talvez isso fosse um bom ponto de partida para uma eventual candidatura olímpica de Lisboa.

Se há matéria em que o PS não tem vergonha é do seu passado na gestão da Câmara Municipal. Jorge Sampaio e João Soares foram excelentes presidentes. O seu legado é indiscutivelmente positivo e merecedor do reconhecimento geral dos lisboetas. Desta vez, seria bom que Bloco entendesse essa necessidade de voltar a ter um projecto para Lisboa e não se afastasse desta missão, por via da sua ambição eleitoralista. Em Lisboa poderemos começar um projecto comum, que passará pelo referendo sobre a interrupção voluntária de gravidez e poderá conduzir à eleição de um Presidente do espectro socialista e social democrático. Sem prejuízo para as diferenças existentes sobre a Constituição Europeia: isso só engrandece a pluralidade democrática das Esquerdas Unidas e fortalece a visão que de nós tem o eleitorado.
Espero que todos tenham consciência do que está em jogo. Espero que, ao contrário das autárquicas de 2001, a esquerda entenda e leia bem a vontade popular, inclusivamente expressa nas recentes legislativas. Mas cuidado: parece-me consensual que o PS tem condições únicas para vencer sozinho, caso os partidos à esquerda entendam ficar fora deste desígnio.

Uma última palavra para Manuel Maria Carrilho. Por diversos motivos as suas missões não são fáceis: nem a de ganhar, nem a de, em caso afirmativo, reorganizar e projectar a sua ideia para Lisboa. Mas pode contar connosco. Nem que seja, como é o humilde caso, simplesmente para lhe dizer: Força Manuel! Bem haja! A cidade precisa de si!

quinta-feira, março 24, 2005

Uma Páscoa cor-de-rosa para todos

terça-feira, março 22, 2005

AdHoc

O meu amigo Manel tinha-me prevenido na véspera. Talvez para me dar força, alertando-me para o pior, esclareceu que achava muito difícil eu passar. Disse-lhe que tinha a certeza do sucesso da operação, apesar de só 30% dos candidatos passarem na Prova de Língua Portuguesa. Perguntou-me "há quanto tempo não fazes um exame?". Quinze anos, quinze...

Correu muito mal. Foi tudo ao contrário. Fartei-me de rir e de escrever, mas salvo a avaliação ser nivelada por baixo, não conseguirei sucesso nesta operação.
Entrei na sala e disse o meu nome em voz alta. As professoras contiveram o sorriso irónico. Mesmo após a entrega do enunciado, um senhor na casa dos cinquenta, entra e começa a falar alto para as profs. A senhora à minha frente revela impaciência. Durante a prova o homem procura questionar várias vezes as responsáveis, que negam qualquer possibilidade de diálogo. A senhora da minha frente queixa-se de todas as vezes e entra em desespero: não se consegue concentrar. A mulher ao meu lado direito sai em defesa do homem perturbado, que amachuca papéis de rascunho, atrás uns dos outros. Apesar de aparentar perturbações psicológicas, o seu telemóvel toca em polifonia, por duas vezes. A mão dói-me após a transcrição do rascunho. No final, a senhora à minha esquerda pede mais tempo, pois não conseguiu transcrever metade da prova. É lhe negado e no desespero pergunta se pode entregar os rascunhos. Isso faz-me desmanchar. Terá pior nota que eu.

A prova é dirigida a todos que não tendo completado o ensino liceal, nem tendo frequentado nenhum curso superior (via AdHoc), o queiram. Numa segunda fase, os aprovados farão uma entrevista no estabelecimento de ensino que manifestaram querer frequentar no acto de inscrição (eu escolhi a Faculdade de Letras de Lisboa e o curso de Línguas e Literaturas Modernas, variante de estudos portugueses e ingleses) e posteriormente uma prova específica.
Está dividida em duas partes: a primeira de perguntas de interpretação de um texto (vale 60 em 100 pontos, sendo necessário recolher 29) e a segunda uma composição, com escolha de um tema em três sugeridos (vale 40 pontos, sendo necessário recolher 19). Eu, até entrar no metro de regresso, pensei que tinha de alcançar 50 pontos, independentemente das duas partes distintas e portanto nunca me preocupei com a improbabilidade de chumbar.

A minha estratégia era simples. De acordo com as provas, que obtive no Ministério, a parte de interpretação do texto não seria difícil mas apostaria em começar pela composição, certamente o meu ás de trunfo. Os autores (e os textos), Maria do Rosário de Morais Vaz (ano 2000), António Damásio (2001), Eduardo Lourenço (2002), Bruto da Costa (2003) e Alçada Baptista (2004), davam-me confiança. Acontece que me assustei. O texto que me foi apresentado é de João Magueijo, um físico português, 37 anos, professor de Física Teórica no Imperial College de Londres. Desconhecia-o, a ele e ao livro de onde o excerto proposto foi retirado, do seu livro "Faster than the speed of light: the story of a scientific speculation", cuja tradução para português, "Mais rápido que a luz", tem edição da Gradiva. Ignorância e mea culpa, inclusivamente porque o livro teve alguma polémica, dizem-me, devido às expressões vernáculas utilizadas pelo autor, embora omissas no referido exame.
O texto fala de ciência, Einstein, cosmologia e astrologia (para simplificar a leitura ao target maioritariamente licenciado deste humilde blog) e por isso assustei-me. Decidi encher o peito de ar, a melhor estratégia para quando temos medo e fazer primeiro a parte de interpretação. Entre a leitura cuidada, as nove páginas de rascunho e a transcrição e edição para as três páginas da folha de prova (que não pode apresentar rasuras) demorei duas horas e quarenta minutos. A última pergunta nem escrevi em rascunho, mas directamente para as cinco linhas que me faltavam: "Escolha uma outra personalidade marcante na história do pensamento em qualquer domínio (científico, político, artístico ou outro) e explique em que foi relevante a contribuição dessa personalidade. (Extensão aconselhada: 8 a 10 linhas)". Vago? Talvez, por isso toca a encher, de novo, o peito de ar. Woody Allen, a influência de Kierkegaard, a fluência experimentada em gags e a afirmação: "o mais europeu dos cineastas americanos".
Não obstante a fraca resposta (valia 6 pontecos), as gralhas e os poucos erros de português (normais sem o viciado auxílio do corretor e/ou do Priberam), dificilmente não alcançarei os 29 pontos necessários. O pior era o resto: vinte minutos, uma composição por fazer e por transcrever. 19 pontos em 40, necessários. Foda-se! Erro de principiante.

Por essa altura, há 10 minutos que o senhor de 50 e tal anos abandonara a sala com um monte de papéis amarrotados, ar de chateado com o sistema e sem esclarecer se entregou a ficha de prova, ou a levou consigo. Consegui rir de novo.

E pronto o resto não é difícil de imaginar. Um texto que mereceria um delete imediato, caso o fizesse para este blog. Enfim. Para o ano volto e dessa vez, espero, para matar. Aqui fica porque prometi. Quem me manda falar demais?

"TEMA B
Não se pode, hoje, dissociar direitos democráticos e direitos de cidadania. A cidadania política, que engloba as eleições livres com o direito universal de escolher os seus representantes, nãos se concebe sem os direitos sociais, iguais para todos - direito à educação, à saúde e todo o tipo de serviços.
José Gil, Portugal, Hoje - O Medo de Existir"

"Nos tempos modernos a democracia não chega. A ideia de participação popular por via do voto simples, não é suficiente só por sustentar o próprio conceito de governo do povo, como não basta para acalentar a participação de todos. Por isso tanta abstenção: na urna e na discussão.
Uma nova ideia de cidadania ganha força. José Gil, no excerto apresentado, refere a cidadania política como uma nova forma de democracia, mas que inclui os direitos sociais (à educação, saúde, cultura, ambiente e serviços).
É desse espírito no fundo que emana o projecto europeu. Uma união de povos e estados que aspiram uma política financeira de dar e receber (Quadros Comunitários de Apoio e Mercado Livre, tudo com moeda única). Mas o projecto europeu é o projecto do "Health Care System", da Missão Social. Do sonho, da ambição de um território com igualdade para todos. Que aspire a acabar com a pobreza e os seus malefícios.
E em Portugal? Em Portugal o tempo urge! O direito à cidadania é também o dever. De participar, de exigir, de dar e também de receber. Não há tempo! Há que deitar mãos-à-obra. Para um Portugal mais justo, mais cívico, mais desenvolvido. Um Portugal igual."

E terminei com uma frase, não rascunhada, que sustenta que a ideia que a cidadania se dirige ao indivíduo em oposição ao Estado Massivo.
Não chegou às duas páginas, mínimo exigido e o conteúdo é o que se vê.
Saí e emborquei uns hambúrgueres no McDonalds, para mandar às couves o Health Care, fumei três ou quatro cigarros para estragar o peito de ar. E sorri a pensar que não estarei nunca como o senhor maluco do AdHoc. Será?

Modéstia à parte, mesmo no caos surge a esperança. Este texto de merda contém uma ideia brilhante. Um slogan, que darei a quem de direito. "Portugal Igual" (e que serve para acrescentar, caso necessário, as várias áreas: na saúde, na justiça, etc., enfim o que se quiser).

E agora sugiro que o amigo leitor atribua uma nota (de 0 a 40) a um pobre escrivã, que mesmo falhando não desiste. Vá, não quero benevolência. Podem malhar. Farei, por dias, de Pedro Santana Lopes do AdHoc. Que o Portas era o outro senhor.

domingo, março 20, 2005

De Volta

Não propriamente ao blogue, mas aos tempos de escolinha. Burro como fui toda a vida, decidi hoje submeter-me ao EEACAES (Exame Extraordinário de Avaliação de Capacidade para Acesso ao Ensino Superior), vulgo Exame AdHoc.

Obrigado pelos desejos de boa sorte, estando certo que de pouca precisarei... É mais concentração e abstracção, durante três horas, de todas as cenas que tenho na cabeça. Um abraço e até logo (tive uma ideia: uma vez que terei de fazer uma composição, que gosto de quebrar as regras e que a farei em rascunho, comprometo-me a postar a dita assim que chegar. Ninguém se chiba!).

Abraço.

sexta-feira, março 11, 2005

Bom Sinal


Quem ontem assistiu ao início da X Legislatura não pode ter deixado de ficar contente com a demorada conversa entre José Sócrates e Louçã.
Este claro sinal de afinidade (já evidenciado no debate a 5, perdão a 4) demonstra que o líder do PS não será autista, no que ao papel da esquerda no parlamento diz respeito.
Estiveram a conversar mesmo à frente de Jerónimo, que moita, não se mexeu e não proporcionou o momento (a foto se quiserem) que os outros dois lideres procuravam: a esquerda parlamentar unida na sua totalidade, até por via dos próximos grandes combates eleitorais. Lisboa e depois Belém pedem um retrato das Esquerdas Unidas. E aqui o PS tem de jogar claro: ou as duas ou nenhuma!

Fica por saber se Jerónimo não percebeu ou não quis perceber. Aceitam-se apostas.

quarta-feira, março 09, 2005

Novo Governo

Para aqueles que consideram o Estado um blog cacicado, aqui vai uma surpresa. Começo por apontar o maior erro deste governo: apenas duas mulheres no grupo de ministros.
Tenho discutido com várias pessoas que as quotas são um mal necessário (especialmente com o camarada Mário Garcia). Não me ocorre que se estabeleçam quotas para o Conselho de Ministros e sei que este vai ser o Governo com maior número de mulheres nas Secretarias de Estado. Ainda assim, desejava que houvessem mais ministras. Como costumo dizer a democracia portuguesa funciona um pouco como a igreja católica, é uma espécie de menina não entra e todas as correcções que possam promover a intervenção das mulheres, são poucas. Juntamente com a juventude, a descrença das mulheres no processo democrático arrasta-nos para níveis fracos de participação (visíveis na abstenção), competindo aos democratas combater este efeito, por dentro.

Tudo o resto na formação do governo é motivo de elogios e isso mesmo é verificável na opinião pública. A forma e o elenco arrasaram blogs, jornais e rádios, com a honrosa excepção da RTP, por via, por um lado, da larga cobertura ao importante congresso da sucessão de Santana, por outro, a conversão extraordinária de Sérgio Figueiredo, director do Jornal de Negócios, que se julgava poder vir a equilibrar as opiniões de José Manuel Fernandes, mas saiu o tiro pela culatra e Sérgio aparece como um feroz crítico, bem enquadrado nos critérios editoriais do pós José Rodrigues dos Santos.

O trunfo: Freitas do Amaral. Podem alguns sectores do PS contestar, mas a verdade, como me dizia José Lamego na noite da grande vitória, é que esta se devia à proposta programática apresentada aos portugueses, em detrimento da carga ideológica. Que o PS não renega. Está inerente. O PS ter na sua equipa de governação o melhor quadro português na área dos Negócios Estrangeiros é motivo de orgulho e merece um forte aplauso.

O equilíbrio: Vieira da Silva. O PS apresenta um homem de esquerda, com reconhecida capacidade técnica no Trabalho e Segurança Social. José Sócrates demonstra claramente que estas matérias nos são determinantes e que pretende uma inversão nas políticas sociais dos últimos três anos.

A esperança: Correia de Campos. Tenho profunda admiração por Correia de Campos (reminiscências do tempo em que fiz política juvenil?), o melhor político português na área mais importante para a opinião pública, ao contrário da publicada. Espero o melhor de uma saúde de terceiro mundo que tem de mudar radicalmente.

A aposta: Isabel Pires de Lima. Sem desenvolvimento cultural nenhum país pode singrar nas matérias competitivas. Isabel Pires de Lima anunciou nas Novas Fronteiras que o objectivo de conquistar um por cento do orçamento geral do estado para a cultura não seria atingível no curto prazo. Percebe-se o realismo inerente à então condição de ministeriável. Hoje como ministra sei que tudo fará para voltar a colocar a cultura na ordem do dia, invertendo também aqui a tendência dos últimos anos. Esta ministra depende muito da equipa que a acompanhar e estou certo que terá isso em conta. A cultura tem de reequilibrar o jogo de forças entre os chamados gestores e os criadores, na medida em que os primeiros ganharam terreno nos últimos anos, de forma desenfreada e exagerada.

A (boa) surpresa: Mário Lino. Considerava-se que o seu Ministério Natural seria o Ambiente, por via do seu know how e da obra feita na AdP. Mas, ao mesmo tempo, houve um único ministério que deixou boa imagem na governação Santana: António Mexia (podendo-se até discordar de muitas medidas, com especial enfoque para as portagens nas SCUTS) foi o único ministro que se safou do naufrágio. Por isso Sócrates tinha de ir buscar os melhores, entre os melhores. E vai-se assistir a uma total inversão de estilo. O exibicionismo vai dar origem à obra feita. E isso nem será, politicamente, o mais importante. É que a feliz indigitação de Mário Lino assegura competência técnica e capacidade de trabalho indiscutíveis, mas garante seriedade e honestidade, algo que José Sócrates percebeu ser fundamental na gestão das Obras Públicas. Esta variação saudável da prática recorrente pode, em meu entender, vir a ser eleitoralmente muito útil, sendo eticamente urgente.

sexta-feira, março 04, 2005

De quem é?


Não é uma camisola do Deco, nem do Ronaldo, nem do Pauleta.
É mais uma foto (difundida pela agência internacional EPA, via Público de hoje) tirada em Dakar, Senegal.
É mais um tiro no marketeiro Scolari para que aprenda quem tem mesmo projecção, apesar dos seus esforços.

O que não queremos

Este sítio na Internet é um feudo de Luís Delgado. Antes de ser dirigido por um crítico de música era coordenado directamente pelo amigo do Pedro. É pertença de uma empresa (Caneta Electrónica) que não faço ideia a quem pertence, mas imagino. Reparem a panóplia de empresas que suportam tão distinto lugar: EDP, PT, AdP, CTT, GALP e outras.

É isto que nós, no futuro, não queremos.