segunda-feira, janeiro 31, 2005

Democracia?



Os comentadores portugueses regozijam-se com as eleições iraquianas. Pelo menos 29 mortos e 71 feridos. Estranho tanto elogio a uma democracia imposta, que soma às mortes da guerra, as mortes em pleno exercício de voto. Estarão os iraquianos preparados para aceitar a decisão que tomaram? Não me parece, mas gostava que sim.

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Aos Nunos e aos Mários deste país.

sexta-feira, janeiro 21, 2005

Apanhados nas teias do Marketing

Quando vi pela primeira vez a reportagem sobre a criança Martunis, fiquei tão sensibilizado como qualquer português. E imaginei do alto da minha fantasia que a camisola da selecção que a criança vestia era a de Rui Costa. Logo afirmei que o jogador português lhe deveria oferecer uma casa, num gesto de solidariedade que procurasse atenuar o profundo sofrimento da criança. Tenho testemunhas que esta foi a minha reacção.

No dia seguinte Luís Filipe Scolari entrou em campo, com todo o seu talento e disponibilidade e garantiu apoio à criança, num gesto que emocionou e agradou aos portugueses. Os princípios de Scolari são merecedores de elogios no que à dádiva do terreno, da casa e até de fundos recolhidos em jogos da selecção de todos nós, diz respeito. Já a ideia de trazer o menino cá para assistir a um jogo (ideia copiada do célebre menino pastor da TVI que veio de helicóptero conhecer Mantorras) e envolver Ronaldo como protagonista (a criança afirmou aos jornalistas ingleses que gostava do Manchester United, nunca referindo o jogador) me pareceu repescada, já dentro daquele marketing mal cheiroso que caracteriza Scolari, o mesmo que perdeu contra as duas Grécias, apesar dos sacrifícios que fez no onze nacional e que convenceu os portugueses que a ideia das bandeiras na janela foi dele e que a forma como todos vivemos o Campeonato, também, a ele se deve.

As boas intenções não devem ser alvo de grandes publicidades. Ainda assim foi reconfortante saber que os senhores da guita (Scolari e sus muchachos) vão dar algum calor material a uma pobre e desgraçada criança, que antes de ver jogos de futebol a milhares de quilómetros de sua casa, precisa é de recomeçar a falar, chocada que está com tudo o que viveu, precisando de apoio psicoterapêutico.

Quanto à nossa querida e solidária selecção depois de Scolari, Eusébio, Figo, Ronaldo, Madaíl e companhia falarem, foi a vez de Martunis dizer de sua justiça e apanhar esta rapaziada nas malhas do marketing bafiento.

Quem, como eu, utiliza (o tal apoio psicoterapêutico) sabe que temos olho de lince para aquilo que verdadeiramente nos interessa.
  • E CONFESSO QUE ESTA NOTÍCIA ME DEIXA MUITO ORGULHOSO DO PERCURSO QUE JÁ FIZ DENTRO DE MIM PRÓPRIO.

  • quinta-feira, janeiro 20, 2005

    RTP Cultura

    Sugestão apresentada no Fórum Novas Fronteiras, 19/01/2005, Hotel Altis
    Autor: Humberto Bernardo


    Boa Noite. Saúdo o Secretário Geral, o ilustre painel e todos os presentes. Chamo-me Humberto, sou actor, de Lisboa e sou independente.

    Enquanto aqui dentro ouvimos e reflectimos sobre Cultura, lá fora esgrime-se uma campanha eleitoral que se adivinha (por parte dos nossos adversários da direita) iletrada e intelectualmente pobre. Vão-nos acusar de tudo e de todas as formas, mas há algo que não ousarão tocar: é que o PS foi, é e será o único partido, com aspirações de governo, sensível às grandes causas da cultura, da arte e do seu desenvolvimento em Portugal.

    Podemos olhar para o passado e verificar a acção do Manuel Maria Carrilho, do José Sasportes e do Augusto Santos Silva, em comparação com a total inexistência de política global, de medidas específicas e mesmo de intervenção de Pedro Roseta e Maria João Bustorff. Seria útil perguntar ao PSD: os senhores têm vergonha da cultura portuguesa? Parece sinceramente que sim!

    E devemos também olhar para o presente: nesta sala estão valorosos pensadores e quadros de indiscutível qualidade dispostos a recuperar o tempo perdido pela direita. Alguém imagina o PSD, ou o CDS, a reunirem para abordar os problemas e as soluções que visem uma cultura afirmativa e espalhada democraticamente pelo território nacional?
    Isto leva-nos a ter esperança no futuro: com o PS, Portugal vai seguramente voltar a olhar para a cultura não como o parente gastador dos dinheiros públicos, mas como a única sustentação possível para que cada português possa melhor entender outros grandes desafios da intelectualidade como são a educação, a tecnologia, o ambiente. É a cultura genericamente e nomeadamente uma democratização efectiva das artes eruditas que podem abrir a perspectiva do indivíduo e proporcionar-lhe novos horizontes de pensamento.
    Imagino que um, cada vez mais impossível, futuro governo do PPD, apresentaria não políticas, não causas, nenhum espírito de missão, tão somente um nome para Ministro da Cultura: Nuno da Câmara Pereira. E isso, meus amigos, ninguém de bom senso pode aceitar.

    Em toda a Europa governada por socialistas a cultura é uma marca de referência e o aumento de peso dos respectivos Ministérios uma constatação (que se verifica no aumento de percentagem financeira para a cultura no Orçamento dos Estados) e basta conhecer os exemplos de Zapatero e Blair (apesar de todas as justas críticas que se lhe podem apontar noutras matérias).
    Portanto nenhuma política consistente para a cultura, pode ser desenvolvida sem o aumento efectivo de meios financeiros do respectivo Ministério. Dito isto resta a pergunta: de onde pode vir esse dinheiro? Cortando, por exemplo, no escandaloso despesismo gasto em pareceres de consultoria encomendados pelo estado nos últimos três anos (segundo os dados divulgados por Freitas do Amaral).

    E esta constatação serve-nos para sossegar algumas reacções ao nosso humilde contributo para este debate: deixemos, pois, a "política" e passemos às "políticas".
    Governar, é evidente, significa dar passos, por vezes pequenos e a nossa questão é não mais que uma simples ideia, que entendemos muito beneficiaria a cultura portuguesa.

    Para contextualizar a nossa proposta, que tem a ver com a cultura e o Serviço Público de televisão: nos últimos três anos o Serviço Público de televisão teve, há que reconhecer, uma evolução positiva do ponto de vista empresarial, o que não significa que esteja tudo feito. Pelo contrário, mesmo nesta perspectiva é necessário e possível fazer melhor.
    A verdade é que nos conteúdos houve um assustador retrocesso, dissimulado pela intervenção economicista pura e dura. Exceptuando a RTP1, que se manteve estagnada, em todos os outros canais, RTP2, RTPN e RTP Memória verificou-se uma triste farsa, onde se perdeu a oportunidade histórica de, repito em matéria de conteúdos, fazer evoluir o Serviço público de televisão.

    Neste contexto, a minha questão é simples: Existirá espaço para a criação de um Canal televisivo dedicado integralmente à Cultura? Que seja criado, sob iniciativa e orientação do próximo ministério da Cultura o canal, no cabo, RTP Cultura.
    Verificamos que a ideia pode não ser inovadora e das três, uma:
    1º- nunca ouvimos discutida (nunca a ouvimos sequer, admitindo que pode ser por desconhecimento). Mas esta omissão dos círculos de poder, ou se quiserem das ante câmaras do poder e da opinião pública, representa que não é uma ideia ainda considerada útil. E isso é um erro.
    2º- Talvez as cadeiras que se agitam perante esta sugestão, receiem os custos que essa operação traria, para o Ministério da Cultura. Pois bem, penso que esta proposta pode não trazer custos, uma vez que o referido ministério apoia os agentes culturais diversos, que beneficiarão com a RTP Cultura e essa não pode deixar de ser a missão principal do governo.
    3º- O ponto de vista da RTP. Trata-se de reordenar toda a estratégia de canais temáticos da estação pública (assunto muito interessante, mas que não é para aqui chamado, talvez para um encontro específico sobre serviço público) e utilizar os meios humanos e técnicos já existentes. Em termos dos benefícios para a empresa, ninguém nunca mais poderá afirmar que a RTP não está a cumprir a sua missão.

    Mas os grandes benefícios desta estratégia são para os agentes culturais e para os portugueses: no fundo, para Portugal.
    Trata-se de um canal de Cultura erudita, que refuta as manifestações de populismo fácil (essas têm outros veículos), inspirado no Mezzo e no Arte, que terá o seu enfoque nos artistas portugueses, nas suas obras, clássicas e contemporâneas. Servirá para difundir (a tal democratização da arte que vos falei), sem pretender substituir o contacto directo com as diferentes formas de expressão artística, visará dar a conhecer, através do documentário, da entrevista e do debate, os criadores, as correntes, as novas tendências. Será veículo de informação e divulgação dos diversos espectáculos, exposições e conferências sobre a nossa cultura e será fornecedor de alguns conteúdos que podem e devem ser utilizados noutros canais do Universo RTP, como a Internacional e África.
    A RTP Cultura poderá ser dirigida ao público específico dos eventos culturais e artísticos deste país, simultaneamente o mais mal tratado pela televisão de uma maneira geral e procurará despertar a sensibilidade dos públicos jovens, para um canal de referência e de qualidade.
    Muitos outros aspectos deveriam sustentar este projecto (audiência, programação e até mercado) mas o tempo urge e não quero tomar mais da vossa valiosa disponibilidade.

    E assim termino, deixando uma palavra de esperança, mas também de confiança para os que, em nome do PS e em nome de Portugal, venham a desenvolver um projecto de governo que faça da cultura e da nossa língua, a riqueza maior da pátria.

    segunda-feira, janeiro 17, 2005

    A Pantera está de volta?

    sexta-feira, janeiro 14, 2005

    Parem de nos gozar sff!

    quinta-feira, janeiro 13, 2005

    DEMITA-SE JÁ, SEU MISERÁVEL!



    Este senhor fez tudo. Todas as questões e razões já foram por mim sobejamente argumentadas, neste blog, sem audiência célebre, mas fiél e não desprovida de bom senso. Não quero perder nem mais uma palavra sobre as razões que tenho exposto, de há dois anos a esta parte.

    AS DECLARAÇÕES SOBRE O SR. MANUEL BOTO (COM QUEM NÃO TENHO QUALQUER CONTACTO PESSOAL) FAZEM COM QUE O SENHOR LUÍS FILIPE VIEIRA NÃO SEJA DIGNO DE SER SÓCIO DO SL BENFICA, QUANTO MAIS PRESIDENTE, OU SEQUER CIDADÃO CONSIDERADO NESTE PAÍS.
    VENHO POR ESTE MEIO (SOZINHO E SEM EXPECTATIVAR QUALQUER FEED BACK) SOLICITAR A DEMISSÃO DO ACTUAL PRESIDENTE DO SL BENFICA, COM CARÁCTER IMEDIATO.
    A NOJEIRA, A ESTUPIDEZ E A OFENSA PROFUNDA TÊM DE TER LIMITES.
    A PARTIR DE HOJE QUEM COLABORAR (DIRECTA OU INDIRECTAMENTE) COM ESTE SENHOR, ESTÁ NÃO SÓ A ALIAR-SE AO DESCALABRO DO BENFICA, COMO A PARTICIPAR DA AUSÊNCIA TOTAL DE PRINCÍPIOS DE UMA SOCIEDADE QUE SE QUER JUSTA E DE BONS COSTUMES.


    Eu tenho poucas armas (com esta idade e situação) para fazer mais que o minha definitiva ausência do Estádio e dos jogos da equipa, até que o BENFICA, volte a ser o nosso BENFICA. Continuarei a sofrer, a desejar e a vibrar. Mas antes de um adepto está sempre um cidadão (senão seríamos todos nazis de claques, em vez de fervorosos benfiquistas, ou simpatizantes de outros clubes). Não verei mais o Glorioso ao vivo enquanto a dupla V V (Vieira & Veiga) estiver omnipresente. Até lá mantenho-me com as saudades e recordações do meu Benfica: o de Eusébio, Néné, Humberto, Chalana, Diamantino, João Pinto e até, se quiserem, o Reinaldo!
    Peço a todos que ajudem o Clube a voltar. Participem na exacta medida das vossas capacidades (do Sr. Ricardo Salgado ao Sr. Zé da Esquina).

    Por ora, urge uma acção: DEMITA-SE JÁ, SEU MISERÁVEL!

    terça-feira, janeiro 11, 2005

    Paris Hilton

    A realidade é sempre pior que a fantasia.



    1. Paris Hilton é uma miúda de vinte e poucos anos, filha do dono da cadeia Hilton, que a baptizou numa estranha homenagem material, bizarra e certamente marcante. Felizmente que não é filha de Bill Gates senão corria o risco de se chamar New York Windows, ou London Office.
    Arranjou um namorado que, durante alguns dias, gravou (com consentimento dela, embora sem concordância em relação à divulgação) cenas de sexo entre os dois, ocorridas num quarto de hotel. Presume-se qual. É um registo que editado tem cerca de uma hora.
    Escusado será dizer que Paris tem tanto de bonita como de palerma. Contou-me quem viu (obrigado LP) que se trata de uma gravação na qual ela sai muito mal tratada (o tipo só pensava nele, segundo o LP) como se de um vulgar filme porno se tratasse. Com uma diferença: é real.

    2. Tenho assistido atentamente aos desenvolvimentos da campanha eleitoral. E, lamento dizer, a minha fantasia em relação ao partido que vou votar é bem melhor que a realidade. Efectivamente três situações seguidas mancham o arranque do PS: a elaboração das listas, a imagem gráfica e o start up das Novas Fronteiras.
    Sobre as listas não adianta chover no molhado. Se por um lado urge a revisão do sistema eleitoral, por outro os dois principais partidos continuam a não entender que quanto mais insistirem neste caminho, mais afastam os eleitores para a abstenção, mais que para os partidos periféricos.
    O absurdo apelo de Sampaio (alterar o sistema de modo a facilitar as maiorias absolutas) confirma a corrente situacionista, cinzenta e oligárquica que relega para 2º plano o verdadeiro desafio das democracias: aumentar o número de eleitores votantes.
    E se no PSD a vergonha queima qualquer possibilidade de comentário (Pôncio, Bragança, Menezes, JSD, Pereira de Almeida, etc.), no PS a coisa é também relevante: se, com 85% dos votos internos e sendo o Secretário Geral mais bem colocado para uma maioria absoluta, José Sócrates não conseguiu inverter a tendência cacicada do partido, quem (e quando se) conseguirá?
    O meu positivo amigo (MB) acha que foram escolhidas estas pessoas para abrir caminho a uma equipa de governo sólida, qualificada e o mais independente possível. E acrescentou outra ideia sábia sobre a comunicação do PS: efectivamente a única coisa que se safa nos outdoors é a carinha laroca de Sócrates. A cor tem uma denominação demasiado escabrosa para nomear e a junção de Agora com Vamos Voltar, na frase Agora Vamos Voltar a Acreditar é no mínimo amadora.
    E sobre as Novas Fronteiras a eficaz observação de Messieur Le General, diz tudo: os mesmos de sempre e chama-se Novas Fronteiras? Bem visto!

    3. O passado fim-de-semana fez-me reflectir sobre as questões da abordagem positiva (sendo eu um pouco marreta, não deixo de admirar uma certa postura, como a do referido MB). Por um lado isso cheira-me sempre a alto astral, ao astral dos portugueses e para essa merda já dei. Mas por outro reconheço que é necessário um certo olhar para o lado bom das coisas: qual o único partido, o único proponente eleitoral que está efectivamente a discutir, ouvir e projectar as dificuldades e soluções para os portugueses? Com o Bloco de volta ao estilo Rosas, o PCP a reboque, o PPD a afudar-se diariamente (reconhecido, aliás, no Cartaz TSUNAMI) e o CDS vazio e 100% dependente de submarinos e chaimites, quem, senão o PS, tem procurado colocar na agenda as políticas em vez das politiquices?
    É pois altura de, não abdicando de um olhar crítico, dar o benefício da dúvida a José Sócrates e acreditar que as suas intenções são genuínas.

    4. O mesmo não consigo em relação à dupla de V V do Benfica. Vieira e Veiga são piores que Vale e Santana juntos. Eu sempre o disse. E agora que o estado de graça se desmorona de dia para dia, sempre quero ver quem vai negar que usando o mesmo discurso, esteve do lado deles. Eu não me esqueço quem são, nem quem eram no tempo de Vale. Estaremos cá para conferir, não é Pedro Adão, Manuel Sá, Nuno Bernardo, Mário Garcia, Mark Kirkby, Luís Nazaré, Fernando Seara, etc., etc.?
    No Benfica também a fantasia é melhor que a realidade.

    terça-feira, janeiro 04, 2005

    Resposta Cabal

    Andavam, contentes, os sportinguistas a gabarem o atraso de Liedson.

    A tripeirada respondeu com quatro trunfos, quatro: Diego, Derlei, Pepe e Maciel.

    Com o nosso Benfica ninguém brinca! Não deixamos créditos por mãos alheias: Trapattoni chegou atrasado, falhando o primeiro treino do ano. Ele já tinha avisado. Deu férias (merecidas pelos recentes resultados) do Natal ao Ano Novo.
    O Benfica de Vieira nunca esteve tão parecido com o Governo de Santana. Depois, queixem-se, não só do resultado em Alvalade, como da classificação final.