quarta-feira, dezembro 10, 2003

Top Five da Negação (semana 01 a 07-12-03)

5º- Confesso admiração por Felícia Cabrita e reconheço que a sua acção em todo o processo de denuncia pública dos diversos casos de pedofilia é um claro serviço público e exemplo de empenhamento jornalístico. Agora há uma coisa que não concordo: quando Felícia Cabrita aparece nos Jornais da SIC a comentar as situações A e B, torna-se o centro da notícia e não num agente, que é o que eticamente lhe é exigido. O mesmo para outros jornalistas como Carlos Fino (no mesmo contexto) e outros.

4º- O mesmo se aplica a José António Saraiva, ainda que numa situação diferente. O director do Expresso confessou a Carlos Vaz Marques no "Pessoal e... transmissível" que várias vezes interferiu na política tanto a nível partidário, como na governação do país. Sempre que solicitado, o arquitecto, opinou e lá foi dando exemplo de consequências práticas das suas ingerências na vida política. Mais: assumiu que se sente orgulhoso desse seu nível de intervenção.
Embora reconheça que a sua honestidade, nesta matéria, é uma mais valia que merece ser elogiada, acho que é precisamente por causa dessa promiscuidade que a política e o jornalismo estão nas ruas da amargura da opinião pública. Se José António Saraiva e todos os outros jornalistas poderosos querem intervir e por em prática medidas que entendem úteis para a nação, não podem exercer as funções que estão investidos e devem procurar agir no seio dos fieis depositários da causa política, precisamente os partidos. Porque é que as ideias não sufragadas dos jornalistas servem a nação? E, já agora, para além do atestado de estupidez aos dirigentes nacionais que esta revelação espelha, será que depois de postas em prática as soluções sugeridas, alguém no seio dos órgãos de comunicação social de onde provêm as porá em causa? Assim se prova que a opinião publicada é quase sempre cacicada.

3º- José Mourinho terá um final muito feio. As ruas da amargura de Oliveira, Artur Jorge e Toni, não chegam para albergar este cretino déspota. A sua conferência de imprensa em Madrid, onde falou da eliminatória do Benfica na Taça UEFA, faz desejar a pior vida profissional para este arrogante. Relembro que quando Mourinho (adorado por muitos benfiquistas) entrou para o Benfica sucedeu a Jupp Heynckes despedido após derrota fora na Taça Uefa por 2-1. Em Portugal e, após derrota na Madeira contra o Marítimo, Mourinho conduziu o Benfica a um empate a um golo, sendo portanto eliminado. A equipa? O Halmstad, do nível igual ou inferior ao do, por si referido, La Louvière. Como diria "Acaro" na peça " A Ópera do Falhado": "Não vales um chavo, meu cabrão!".

2º- A participação do ministro Pedro Roseta no "Prós e Contras" da RTP, fica para a história. O público, naturalmente instruído, foi evitando as palmas para os oponentes e as vaias para o protagonista mas não conseguiu esconder, várias vezes, a vontade de rir. A tirada da noite foi mesmo quando Pedro Roseta se dirigiu a Manuel Maria Carrilho como: "Sr. Ministro". Tudo a rir e Fátima Campos Ferreira logo acudiu o verdadeiro: "O Ministro já não é ele! Agora é você..."

1º- Quando o Bloco de Esquerda acerta o passo, confesso, a minha simpatia aproxima-se da sua irreverência e estilo. Mas é sol de pouca dura. Francisco Louçã apressa-se a recordar-me a estirpe de que são feitos. Chamou os jornalistas e um grupo fedorento de amigos e explicou que o Bloco jamais apoiará Guterres para Presidente. Assim é que se fazia política nos meus tempos de escola: sem projectos, nem sequer nomes, só mesmo contra alguém. Louçã ao seu pior estilo confessou claramente aquilo que é a verdadeira génese do Bloco: prefere a direita ao PS. Louçã disse ao país, simplesmente: Vota Cavaco! Deveria ser um pouquinho mais evoluído. Sr. Louçã: ponha os olhos no Paulinho Portas, cujo excelente resultado se deve a não ter feito um único ataque ao PSD.