quinta-feira, setembro 25, 2003

Viva o Rei!

Eu vi, com estes dois que a terra há-de comer, que o Nuno da Câmara Pereira afirma ser o legítimo descendente do Trono de Portugal. Foi durante a emissão de anteontem do Jornal Nacional da TVI. Bem ver, ver, não vi, porque só apanhei a chamada de atenção, o separador que indicia as notícias mais importantes a seguir. De qualquer forma, mesmo sem conhecimento nenhum de causa, julgo ser da máxima importância para este país pronunciar-me sobre este evento que poderia ser tirado do anedotário nacional, mas não é. Quero acreditar que é verdade, que Nuno da Câmara Pereira é mesmo o El Rei aqui.

Lembro-me como conheci Sua Majestade Dom Nuno como se fosse ontem, num dia (noite) meio nebuloso, em que sentia a cabeça a querer rir por tudo e por nada. Foi no Xafarix. Preferia ter preservado essa amizade. Se soubesse o que sei hoje, não teria solicitado a sua cunha para a entrada numa espécie de confraria discreta que tenta imitar a verdadeira... Isso originou uma panóplia de queixas de El Rei à instituição, sempre que eu votava contra Sua Excelência, o que era sempre e só para chatear. Hoje proporia até que se acabassem os votos e que Dom Nuno de Portugal levasse sempre a sua avante. Ele expôs ao equivalente ao procurador geral lá do tasco que o pessoal o desrespeitava, inclusivamente indo à casa de banho e não puxando o autoclismo, num documento sobre outro dos confrades que não ia à bola com ele. Soubesse eu o que sei hoje, ou seja, que Nuno da Câmara Pereira é o legítimo herdeiro do trono e esses anos da minha vida tinham sido diferentes, até porque me opus a que ele fosse candidato a chefe máximo e hoje acho que o cargo é dele por inerência.

Imagino como seria este Estado, chefiado por Rei Nuno. Primeiro a sucessão estaria garantida, uma vez que Príncipe Amarac dos Algarves, daria um óptimo pretendente. O primeiro ministro era o Fernando Seara, porque eu sei que essa seria a vontade aqui Del Rei, porque foi ao programa do Herman acusar a Câmara da Edite de corrupção e apareceu todo feliz (por coincidência) na sede de Seara, no dia da vitória. O Benfica passava a ser campeão, por decreto do PM. Os ministros da Defesa e Juventude seriam seus irmãos Gonçalo e Mico (respectivamente) uma vez que há áreas estratégicas que convém ficarem sob alçada da família. O Herman, por altos serviços anteriormente prestados e citados, seria o Ministro da Cultura. Seria igualmente estabelecido que todos os fadistas lançariam, alternadamente com os de fado, um disco de música latina, ideia lançada pelo próprio Rei para demonstrar os seus dotes de dançarino (teledisco) e de poliglota. Seria espectacular ver o Rodrigo interpretar o "La Bomba" e a Mísia o "La Bamba".
Dom Duarte Pio seria exilado com toda a sua família, bem como os ex. presidentes da República e eventuais, excepto o Prof. Cavaco por ser um homem que, tal como Dr. Salazar, fez muito bem ao povo e era sério. Escusado será dizer que El Rei comandaria todas as associações de âmbitos diversos a que pertence.

Sua Majestade habitaria no Palácio Nacional de Queluz, onde proporcionaria altas festas com comes, bebes ou és enforcado. Nos ágapes eram servidos fados, chouriços assados, vinho verde e respectivas. A pena capital seria imposta para todos os crimes de média gravidade para cima. Os pequenos delitos dariam acesso a prisão perpétua e assim acabava-se a criminalidade. O Rei nomeava o governo e não haveria eleições, sob nenhuma circunstância.
Algumas obras emblemáticas do anterior regime, mudariam de nome. O Rossio passava a ser a Praça João Moura, a Ponte 25 de Abril tornava-se na Ponte Frei Hermano da Câmara e o Oceanário chamar-se-ia Aquário Alexandre Yokochi. O Parque das Nações no Parque V Império, o Parque Eduardo VII no Parque Lili Condessa de Caneças. Seriam proibidas as estações privadas e do estado, exceptuando a TVI. Novos comentadores seriam colocados: Domingo: Zé da Câmara, Terça-feira: João Braga e Sexta-feira: Paula Bobone. Os temas dos talk shows seriam obrigatoriamente sangue azul versus sangues de outras tonalidades, touradas de morte versus touradas à portuguesa e marialvas versus bêbados com títulos nobiliárquicos.

O Hino Nacional passava a ser o "Cavalo Russo" e a bandeira ostentaria a foto do Rei. Essa imagem seria utilizada nas capas dos discos de Sua Alteza. Seria obrigatório comprar o Seu repertório inteirinho e dava-se um fenómeno curioso: o povo passaria a adorar aqueles fadunchos e aquele jeito tão especial de interpretar. "Meu querido, meu velho, meu amigo" e a versão do "Fado do ladrão enamorado" seriam eternamente número um e dois do Top. Rui Veloso seria preso por deturpar a versão tão bonita e maravilhosa da sua própria música.
Hereges como eu seriam decapitados em pleno Terreiro do Paço e as escolas teriam uma disciplina nova na qual se decoravam os reis, os rios e as rimas: Monarquia. A tabuada era ensinada à reguada.
O Luís Delgado continuaria a ser o cronista mais lido, por respeito ao princípio da imparcialidade que o caracteriza. Eram erguidas estátuas a homens como este, que servem o país em vez de se servirem dele, para interesses próprios. Finalmente Portugal abandonava a EU e voltava a circular o saudoso escudo, numa versão mais moderna e bilingue: o escudo e the shield. Orgulhosamente só, o nosso país, reconquistaria o seu verdadeiro espírito e alma.






No fundo, de início, não se mudava muita coisa para não chocar o povo.

2 Comments:

At 5:39 da tarde, Anonymous Anónimo said...

E sua irmã D. francisca ...qual seria o cargo no reinado de D. Nuno da Câmara Pereira, não seria nada , pelo que vi nada! Pois as mulhres não iam riscar nada , como sempre..... Cuide-se d.Nuno..

 
At 5:53 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Ó rei D. Nuno da Cãmara Pereira...o frei Hermano ficava com a ponte 25 de Abril, e o fadista J.G. de estremoz, não sendo sangue azul... qual era o cargo? Seria que ia cantar fado para a Condessa Caneças......

 

Enviar um comentário

<< Home