segunda-feira, julho 19, 2004

Assuntos do Mar

Voltou a boleca à portuguesa. Desenganem-se os que pensavam que prevaleceria o espírito do Euro. E não tardou mais que o primeiro jogo de uma equipa portuguesa. Em Nyon, Suiça, voltou o verdadeiro futebol português. Invasão de campo, caceteadas na carola, nova invasão de campo, batalha campal, pontapés na carola (olho por olho) até ao colapso, asneiradas, cuspidelas e bebedeiras violentas. Ainda por cima o provocador queria apoiar o árbitro, porque era da sua família. Só faltava mais esta. Daqui a nada os árbitros deixavam de ser os culpados disto tudo. Relembro as palavras de Bagão Félix ao Discurso Directo da SICN, onde dizia que ofendia os árbitros sempre que ia ao futebol. Haja alguém que salvaguarde os valores reais da nossa pátria.
 
Quem duvidava das capacidades do novo primeiro-ministro teve a resposta que merecia. Santana nem esperou por sair do palácio de Belém (o que é óbvio, porque é daí que advém a legitimidade das suas bacoradas) para anunciar que se puder, repetiu só se puder (e aqui não se desmanchou), baixaria o IRS. Isto representaria uma quebra nas receitas do estado de cerca de1% do PIB. Que sa f*#+. Somos um bando de estúpidos, burros e otários, que não merecemos melhor.
 
A cara de Paulo Portas quando foi anunciado ministro dos Assuntos do Mar criou divagação jornalística exagerada. O ministro teve simplesmente um raríssimo rasgo de masculinidade patriótica e lembrou-se dos tempos em que qualquer funcionário da presidência da República que cometesse a ousadia de se enganar seria imediatamente corrigido pelo Sr. Presidente do Conselho. Farto de estar de cócoras a levar com a potência bruta do estado de direito democrático costas acima, o ministro lá fez a retenção necessária para, aguenta e não chora, a explicação do ministgo Mogais Sagmento.
 
Efectivamente as novas pastas têm nomes pomposos e complicados, de modo a desviar a atenção do core business de cada ministério.
Podem facilmente verificar que o novo ministério não comporta as pescas, como inicialmente supus. Tão-somente a marinha. Por isso talvez não fosse descabido, nesta lógica de nomeação ministerial fascista (terá sido proposta do criativo Luís Delgado?), chamar ao novo ministro, Ministro de Estado, da Defesa, da Terra, Mar e Ar e do Hino Nacional brindado com a saudação Nazi.

Foi por tudo isto que tive uma revelação. Ao contrário do que pensava descobri que nunca poderei ser primeiro-ministro. É que esta panóplia de criatividade deu-me uma das piores e mais descabidas ideias que alguém poderia ter. Criar o Ministério da Noite, Putas e dos Paneleiros Disfarçados em gente fina. Quem poderia ser ministro de tal ousadia?