E agora damos cabo dos laranjas
Os tempos políticos na ordem do dia fazem-me lembrar aqueles que sucederam a queda da cadeira do Dr. Salazar, quando a situação resolveu de forma dinástica e ditatorial escolher o seu sucessor, o Prof. Marcelo.Ao PS conviria, naturalmente, que não se realizassem eleições, uma vez que competiria agora a Ferro Rodrigues e sua equipa elaborarem um programa de governação claro e eficaz e consequente forma de o explicar correctamente aos portugueses.
Para o PSD será perfeitamente impossível entregar o governo de mão beijada a Santana, que nunca conseguiu convencer os seus pares a ser, pelo menos, o candidato do partido, quanto mais Primeiro-ministro. Assim o dizem explicitamente Marques Mendes, Pacheco Pereira, Manuela Ferreira Leite e Miguel Cadilhe e em sussurro António Capucho e Marcelo Rebelo de Sousa. And counting...
P'la boca morre o cherne! Vítima das acusações que fez ao seu antecessor, para pior. Guterres recusou em alta este convite, o que humilha e reforça que Durão faz uma verdadeira fuga para a frente em desgraça. Hoje vai tentar explicar a importância deste cargo, para Portugal e para os portugueses, o que ainda o vai prejudicar mais, junto da opinião pública. António Guterres deve-se estar a rir que nem um perdido, principalmente depois de ter explicado, no encontro da Casa Museu João Soares, que saiu por desapego "aos Mercedes, aos Chefes de Gabinete e às Secretárias".
Quando o PS se demitiu da governação, não tendo maioria absoluta, seria fácil continuar o projecto, uma vez que Ferro foi profundamente consensual nas hostes graúdas e nas populares do partido. Os portugueses não compreenderiam esta situação, porque votaram em António Guterres e seria inexplicável qualquer outro Primeiro-ministro. O mesmo se passa agora, com uma diferença: quem vai "tratar" dos negócios da Galp, Águas de Portugal e tantos outros? Agarrem-se, meus amigos, que o barco foi ao fundo.
Depois da debandada de membros (também eles suplentes) do actual governo, quem sobra para assumir funções? Nuno da Câmara Pereira (pasta dos bons vivant fadunchos), Rita Salema (pasta das novelas), Luís Delgado (pasta do lápis azul), José Manuel Fernandes (pasta da guerra) e Paulo Portas (pasta das Américas e ministro com aquela pasta que não se pode falar)?
Jorge Sampaio, diz-se, não gosta da chamada "instabilidade governativa" pelo que lhe será, então, impossível empossar Santana. Mas o Presidente demonstrou ao longo do seu percurso político que precisa de uma mãozinha do povo, para tomar tão corajosa decisão: hoje (às 19.00h) todos a Belém para o ajudar no óbvio. Santana: querias, batatas com enguias.
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