sábado, junho 19, 2004

Euro Notas 2

Disparate
A organização aos níveis logística e desportiva tem decorrido de forma justa e perfeita.
No entanto, as permanentes ocorrências em Albufeira fazem-me temer o pior. Pergunto: será que só quando houver malha a sério é que se vão tomar medidas drásticas? Será que só quando houver feridos graves, ou mortos, é que se vai terminar com a parvoíce? E não obstante, não é evidente que a difusão diária daquelas imagens, nos órgãos de comunicação social mundial, retira prestígio não só ao evento, como à segurança, como (ao contrário do que disse Jorge Sampaio) afasta públicos turísticos, afinal o principal objectivo extra desportivo.
Vi, à entrada do Estádio da Luz (Rússia-Portugal) uma situação lamentável. Dois homens sentados no chão, algemados e sob a ameaça constante das forças de segurança, que os mandavam calar de forma humilhante e violenta. O General enfureceu-se e não estivesse com o filho, tenho a certeza, criava ali uma situação muito desagradável. Compreensivelmente. Se os detidos prevaricaram, ou se as autoridades entenderam que sim (mesmo assim não são culpados, isso é decisão judicial) deveriam ser imediatamente evacuados porque, ao contrário do que possivelmente pensaram, a sua exibição não acalma ninguém, antes enfurece e acima de tudo envergonha.
Não quero com este exemplo sugerir que o mesmo se passa em Albufeira, porque condeno os fanáticos adeptos ingleses, que devem naturalmente ir ver os jogos na Sky Sports. Mas será que as autoridades estão realmente preparadas para as diferentes situações que se lhes apresentam? Então como se explica que não fechem a zona dos bares de Albufeira, durante o período Evening- Night, de modo a evitar a aglomeração e consequente bebedeira? Os senhores dos bares zangam-se? O.K., mas se calhar sem este tipo de publicidade ganham no médio prazo e quem sabe evita-se a desgraça e a má imagem global do país.
Uma última nota: as imediatas decisões dos tribunais contra os hooligans fazem os portugueses ter orgulho na justiça e perguntar: quando é que esta celeridade é aplicada na justiça interna? Afinal, quando o poder político quer, é possível ter uma justiça rápida e eficaz.

Cuidado com o Whisky
O Estado Negação avisa os treinadores que jogam contra Portugal que lhes está a ser servido whisky meio marado.
Depois do seleccionador russo ter despedido o no. 10, Mostovoi, o melhor jogador dessa equipa, na véspera do jogo connosco, é agora a vez de Iñaki Sáez anunciar que amanhã deixará o seu no.10, Morientes e só o melhor avançado europeu da época transacta, no banco. Será que também Scolari abdica do seu no.10?

Os génios e os futuros
A Itália apresentou-se com Toti e Del Piero na equipa titular. A Suécia com Larson e Ibrahimovic.
Grandes revelações têm surgido neste europeu: Rooney, Cristiano e Schweinsteiger. Os craques de sempre também em grande forma: Poborsky (melhor jogador nos dois jogos da sua equipa, por sua vez a melhor), Figo, Khan, Zizou (três golos, um dos quais não atribuído) e etc.
Gostaria de esclarecer que, como não se trata do mundial de juniores e como não há restrições de número de jogador por lugar, todas as selecções procuram jogar com os melhores e se necessário conciliá-los. Excepto Portugal.

Força Figo
Sir Bobby Robson diz que amanhã Luís Figo quererá assumir a despesa do jogo e brilhar até que a voz lhe doa. É uma visão interessante e possível. Oxalá acertada.
Para já, fora de campo, começa bem: a resposta à crónica de António Pedro Vasconcelos (Record, 17-06-2004, pág. 13) só pecou por educada demais. Que sirva de exemplo a todos os sapateiros a tocar rabecão naquele que o povo consideraria, segunda-feira, ser um ex. país, não fosse Figo, Rui Costa e sus muchachos.

Emoção
Acabo de ver o melhor e mais emocionante jogo, até agora. E depois da brilhante vitória da República Checa sobre a Holanda (3-2) já há uma certeza. Este Campeonato é dos mais competitivos de que há memória. Uma só equipa garantiu a passagem à segunda fase (precisamente a Checa) e só duas equipas estão fora (Rússia e Bulgária).
Os meus parabéns ao LP (que considerou a Checa favorita) e os meus pêsames aos 200 mil comentadores que não estavam à espera da realização de jogos. Afinal, pensam, bastaria decretar favoritos e afastados...
Com uma recuperação de 0-2 para o final já mencionado, o jogo foi tão estonteante que até Toni, na pele de comentador, estava eufórico...

Amanhã
Faz 4 anos que ganhámos 3-0 à Alemanha. Não esqueço porque o jogo foi em Roterdão e fiz 28 anos...
Amanhã espero comemorar o aniversário até à meia-noite, que é a hora a que todo o cidadão tem direito.
A minha querida sogra, que acertou nas últimas vitórias do Benfica em Alvalade e no Jamor, está com bom feeling. Haverá duas sem três?