segunda-feira, junho 14, 2004

Derrotas e Vitórias

Uma estrondosa derrota mesclada com algum orgulho e uma vitória histórica com paladar amargo, fazem-me sentir esquisito. Não sei se hei-de comemorar, se hei-de ficar quieto. Misturam-se os sentimentos de forma confusa e contraditória.




Selecção Nacional
Ao contrário da minha vontade, não resisti e acabei por adquirir bilhetes para os jogos da Selecção Nacional, até à final, ou até ser possível.
Todos os que acompanham o Estado Negação sabem que previ que Portugal não passaria a primeira fase neste Europeu, porque considero Felipão um equívoco e uma aldrabice do Sr. Madaíl. Não obstante o país deu uma de unanimidade, como se esotericamente não concordar com o treinador signifique que não se apoia a equipa ou mais comum ainda quem não acha bem as suas decisões e atitudes esteja a ajudar à derrota. Eu, ateu de formação, acho que não existe nenhuma relação entre a possibilidade de discordar e discutir e os resultados alcançados. Ou melhor não alcançados. Mais tarde falarei sobre o ciclo 2000-2004 que transformou uma das melhores equipas do Mundo, numa das mais banais. Agora é altura de dissertar um pouco sobre o primeiro jogo.
O mais extraordinário, nesta altura, é a crucificação pública e veremos se interna, de Rui Costa. Efectivamente o príncipe é alvo das opiniões dos adeptos como se a entrada de Deco tivesse trazido alguma coisa de novo. Para mais depois das ausências de Paulo Sousa e João Pinto a equipa perdeu toda a sua dinâmica no meio campo, característica que marcou Portugal, entre 1990 e 2000.
Imaginem que nos primeiros 7 minutos, Miguel perdia três (!) bolas, a última das quais servindo de assistência para o primeiro golo Grego. Quem estaria agora na boca do Mundo? Quem seria imediatamente relegado para o banco? Pois não é que o senhor 20 milhões continua impávido e sereno com a titularidade garantida. Pelo menos na opinião pública nacional.
As grandes questões a colocarem ao Sr. Scolari, são:
Porque motivo afastou Maniche da selecção durante um ano, não o colocou a titular nos dois jogos de preparação para a presente fase final e agora, em pleno Dragão, o colocou a titular, remetendo para o banco a sua primeira opção, Petit?
Porque motivo vendeu (e foi comprada em toda a comunicação social) a ideia que é um incorruptível, que não vai em lobies e que não cede a pressões de ninguém e chega ao estádio do Porto e coloca, assim que pode, um meio campo todo do Porto, sem que nunca o tenha testado em dois anos de preparação?
Será por isso que logo após a derrota são os jogadores Simão, Nuno Gomes, Miguel e Hélder Postiga (dado como reforço na Luz) que dão a cara, de modo a conquistar os adeptos do próximo estádio? Será que amanhã falam Moreira e Petit? Quantos destes serão titulares? Repito, não cede a quê?
A que se deve o facto de Portugal se ter preparado com duas equipas (uma na primeira parte, outra na segunda) sem nunca se terem testado opções integradas num onze base?
Porque é que Sven Goran Erikson deu a cara em conferência de imprensa no dia a seguir à derrota e V. Exa. Se mantém sorridente, animado e calado?
Porque é que a Espanha e a Grécia treinaram com todos os jogadores no dia a seguir aos jogos e a Rússia e Portugal pouparam os titulares, sendo os primeiros vistos na praia? Quem é que teve sucesso? Quem precisa de corrigir?
O que é feito das suas grandes apostas como Luís Loureiro e Pedro Mendes, para não falar em Bruno Vale e Hugo Almeida? Será que andou dois anos a demonstrar que é simplesmente teimoso?

Portugal precisa de uma vitória expressiva e motivadora frente à Rússia (dica do LP), para acalentar a esperança de fazer um jogo milagroso com a Espanha. Apesar dos apesares, lá estarei na Luz a apoiar. Resta saber a que pressões vai ceder desta vez o mais pressionável dos treinadores portugueses, em muitos anos.

Agora porque é os sentimentos são mistos. Apesar da derrota, a presença neste evento é naturalmente comovente e justiça a Sócrates e Cia., só lamentando o número de estádios (que entalaram as Câmaras Municipais) porque o resto, aplaudo veementemente.

E já agora o meu favorito: Alemanha.