Televisão e Estratégia
2ª Parte: MEMÓRIA CURTA: 10 ANOS NO MEIO(continuação)
Actualmente nunca espero que me façam esta ou aquela justiça mesmo que desempenhe um excelente trabalho, mas na altura acho que esperava. (O título desta crónica deveria ser: "Oh, Santa Ingenuidade!").
A direcção de programas nomeia-me para apresentar o concurso Miss Portugal 1997, por volta de Abril/Maio. Contacto a Sra. responsável por parte do Correio da Manhã, que me oferece cinquenta contitos para conduzir o espectáculo. Digo-lhe simplesmente que aceito fazer mas que pode guardar o dinheirinho porque o meu Cachet é algumas vezes superior a isso. À borla, lá me apresento no gabinete de um conhecido estilista que vai comandar todas as operações, embora aparente de moda nada perceber e televisão muito menos. Na tarde da véspera do evento chego ao Casino de Espinho e passo longas horas sentado sem que ninguém me dirija a palavra. Por fim, uma senhora lá me vem dizer que é a assistente de realização. Relembro que precisarei de teleponto, uma vez que nem o texto tenho logo não o poderei decorar, para além de necessitar de ensaiar, motivo pelo qual estou ali desde a hora combinada. Aparentemente por via da colocação das câmaras o meu pedido é recusado, uma vez que à distância a que a minha câmara é projectada eu não conseguirei ler (no entanto na noite do programa a câmara está efectivamente perto, pelo que concluo que simplesmente se esqueceram de transportar o teleponto, como houvera sido combinado). Por volta das nove horas informam-me que o pessoal da RTP não trabalha mais, pelo que a hipótese de ensaiar fica anulada. Vou com as restantes apresentadoras (em cada parte estarei acompanhado por uma ex. Miss) para o quarto de uma rapariga de cabelo azul, que é a autora do texto e a responsável pelos apresentadores, mas não ensaiamos nada uma vez que passamos o tempo a ouvi-la resmungar com a vida. No dia seguinte também não é possível ensaiar, o que a mim me dá igual porque já tenho o texto na mão. Da parte da tarde percebo que o estilista não tem roupa para mim e solicito à minha mãe que se desloque a Espinho com um fato meu. Assim acontece. Uma hora antes de começar a emissão o estilista, a senhora do cabelo azul, as apresentadoras, a Xana Nunes (que comanda o desfile e de quem fiquei com boa impressão) e eu encontramo-nos numa sala. O estilista e a cabelos azuis começam a alterar o texto (eu próprio tinha recortado e colado os meus cartões) de alto a baixo. A Xana Nunes olha-me em pânico e eu estou surpreendentemente muito calmo. Penso: mudem o que quiserem, não me interessa, não posso estar nervoso. Tendo ainda um quarto de hora para refazer alguns cartões (aqueles que não foi possível rasurar) entro em cena sem saber o que me espera.
Sem nenhum erro faço tudo à primeira (pudera, em directo) sem qualquer ensaio ou mesmo briefing que seja. Na altura de coroar a Miss Portugal não nos entregam o envelope com o resultado e não recebo indicação de ninguém que se preparam para o fazer. Aliás denoto, enquanto eu e a Carla Caldeira enchemos chouriços, uma apatia aterradora. Saio de cena e lá encontro a tranquila assistente de realização a caminhar calmamente com o dito. Abro e anuncio o primeiro nome como Dama de Honor, quando na realidade estava escrito por ordem decrescente e não crescente como era suposto revelarmos. Nesse instante apercebo-me do erro e imediatamente penso: segue e não digas nada. Se voltar atrás será uma bronca, se continuar azar de outrem. Imediatamente um bom samaritano (o membro do júri nomeado pelo Correio da Manhã) começa a acenar negativamente com o braço e pronto. Tenho mesmo de voltar atrás.
Lógico que os jornais (capa da Capital no dia a seguir "Bernarda nas Misses", mas não guardo nenhum rancor à então directora Helena Sanches Osório, igualmente paz à sua alma) e o meio me desfizeram com a rapidez com que puderam, mas isso não me interessou para nada. Pelo contrário acho que o público tem outra visão. Nessa mesma noite tive um concerto na Guarda para cerca de duas mil pessoas, pelo que parti imediatamente de Espinho. Quando acordei na manhã seguinte dirigi-me ao pequeno almoço, numa pastelaria. Uma velhinha olhou-me de forma intensa e curiosa e perguntou-me se eu não seria quem sou (uma das perguntas mais frequentes que oiço) ao que respondo afirmativamente. Disse-me que adorou a edição de ontem das Misses, que nem costumava ver porque é sempre uma porcaria, mas que se divertiu muito comigo e portanto até deu o seu tempo por bem empregue. Sei que estão a achar isto mentira, porque eu próprio não sei se hei-de acreditar em anjinhos, mas lembro-me de ter pensado naquela altura que jamais esqueceria a generosidade daquela senhora. Desde o surgimento das televisões privadas, até ao dia de hoje, foi o concurso que teve mais audiência (mais de 12% de rating), o de 1997.
Cometi um grave erro, que hoje já não faria: não ter exigido solidariedade e protecção à RTP. Borrifei-me e segui viagem.
Em Outubro desse ano decido criar uma empresa de conteúdos audiovisuais: HB Produções, que ainda hoje existe apesar de todas as dificuldades de uma pequena empresa, especialmente nesta área cheia de tubarões. Produzo então o Riaventura (treze emissões na RTP), apoiado pela Águas de Portugal, com que estabeleço uma sólida relação empresarial, que se perpetua nos anos vindouros, fruto também da minha necessidade de criar conteúdos ligados ao ambiente, especialmente na área da educação. Reparem como até hoje não existiu ou existe nenhum programa de televisão português de Pedagogia Ambiental direccionado às crianças, exceptuando o ECOMAN, do qual já falarei. Foi a minha primeira experiência como produtor (o Riaventura) e não obstante o resultado televisivo não fazer muito o meu estilo, a audiência foi satisfatória o que levou a televisão do estado a repetir a emissão várias vezes e em vários canais. Para além disso consegui com poucos meios fazer muita coisa, o que é sempre compensador. Fico quase dois anos sem trabalhar em televisão (por isso é que me vou habituando) e volto em Junho de 1999 com nova produção para a RTP, desta vez um clip diário em prime time denominado ECOMAN.
Foi sem sombra de dúvidas o projecto em que mais gostei de participar. A melhor causa também. A ideia surgiu a partir da proposta da Águas de Portugal de se associar à RTP e fazer um programa, género Vitinho, que convidasse as crianças a ir dormir. Inicialmente pensei num clip com uma rapariga (considerei até a Lúcia Moniz, embora nunca lhe tenha dito) inserida numa animação simples e colorida. Posteriormente tive a ideia final: criar um super herói defensor do ambiente. Para lhe dar corpo lancei um desafio aos estudantes finalistas da Escola Superior de Belas Artes, para desenharem este herói. Muitas e engraçadas propostas chegaram, mas desde o início soube que a do Sérgio Tomé era imbatível. Apresentava uma personagem cheia de vida e estilo muito inspirada na manga japonesa, o que com o transporte para o real se perdeu um pouco. Chamei-o para o conhecer e gostei muito daquele talento profundamente humilde e responsável que veio a ser afinal o mentor do aspecto físico do ECOMAN. Para a alma, convidei o Carlos Coelho da Silva (que reencontrei algures, anos depois de termos trabalhado pela última vez) que aceitou realizar o projecto. Consistia de duas acções distintas: na primeira os pais (Sofia Sá da Bandeira e Mário Redondo) adormeciam uma menina, contando-lhe uma história ambiental diferente todos os dias. Para tal registámos 120 histórias (de um minuto) que foram repetidas três vezes, perfazendo o total de 360 emissões, escritas pelo José Zambujal, que conheci nos Principais. Gravámos nos estúdios da RTP, na 5 de Outubro, onde hoje se emite o Telejornal e com a equipa da casa. A experiência foi bastante positiva ao contrário do que eu inicialmente temia, pois toda a gente se empenhou no projecto. Estava a RTP sob direcção de Maria Elisa Domingues que, por via da sua directora para os programas institucionais (Arlete Perdigão), abraçou a nossa proposta de forma entusiástica.
Na segunda parte o boneco ECOMAN, em action figure, ganha vida e voa para uma quadro colocado no quarto da menina e entra num mundo virtual. O clip de dois minutos é interpretado por mim: ECOMAN, única personagem real num ambiente de animação 3d, contracena com o vidrão (voz de Miguel Angelo), a nuvem (voz de Dulce Pontes), o rio (voz de Carlos Guilherme), o chafariz (voz de Olavo Bilac) e a árvore (Maria João Silveira). Durante esse período vai solucionar vários problemas ambientais e salvar o planeta, terminando com um alegre coro de flores (várias crianças).
Para fazer a animação, eu e o realizador, sonhámos com alguma empresa inglesa que aceitasse entrar no projecto. Por exemplo na The Mill (cuja associada The Mill Film, pertence aos irmãos Ridley e Tony Scott) o director geral foi chamado à nossa presença e indicou-nos que o director de fotografia seria o mesmo de AntZ, uma vez que era seu amigo e acabara de chegar dos EUA. Estávamos na alta roda deliciados com aquela pesquisa de mercado quando começaram a chegar os faxes com os orçamentos. Nenhum mais baixo que três vezes mais aquilo que dispúnhamos. Realistas fomos para Espanha e lá encontrámos uma empresa que executou a animação 3d, nomeadamente a Enefecto do Grupo Vídeo Efecto, líder de mercado naquele país. Ainda assim arranjámos em Londres uma empresa que construiu o fato do ECOMAN, em foam latex, no tempo recorde de três semanas. Olhando hoje para o produto final, penso que está bem conseguido se tivermos em conta o target a que é dirigido. No entanto (com outros meios financeiros e) com o tempo de execução apropriado teria sido muito melhor, não só a animação, como principalmente o look final do protagonista.
Com audiências satisfatórias (vencia, por exemplo, Os Patinhos quando colocado em igualdade de circunstâncias) e níveis de impacto excelentes, rapidamente se tornou um êxito junto da criançada e como repercussão tivemos imensas solicitações para actuar em escolas do ensino básico, o que realizámos em cerca de oitenta (número oficial). Chegaram a aparecer máscaras de carnaval à venda (não conseguimos detectar onde, embora tivéssemos relatos de inúmeras crianças vestidas à ECOMAN).
O programa teve uma repercussão internacional deveras surpreendente. Em primeiro lugar foi distinguido no 1º Ulisses- International Film and Television Festival for Children, com o prémio Melhor Filme Educacional e única menção atribuída a um projecto português, foi destacado pela revista Time (e aqui tenho que vaidosamente acrescentar: esta já ninguém me tira!) no caderno especial dedicado aos Heroes for the Planet, levando-nos a viajar a São Francisco, onde fomos recebidos com pompa e circunstância pelo Sr. Mayor Willie Lewis Brown, Jr., no Massonic Center em Junho de 2000. Foi ainda citado no programa Union Libre da France 2 . A nível nacional recebeu o Prémio Nacional do Ambiente Fernando Pereira, atribuído pela Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente, o que é absolutamente inédito pelo facto de nunca a referida Confederação distinguir projectos promovidos por entidades de orientação governamental.
Aqui há um pequeno lapso. Efectivamente recebi uma circular da RTP para ir receber o prémio mas não pus lá os pés porque tentava negociar com o então director de programas (Jaime Fernandes) um novo projecto para o ECOMAN. Nunca deu nenhuma resposta o que me fez intervir junto do presidente da administração, João Carlos Silva. Seguiu-se Emídio Rangel, na direcção de programas, que remeteu o assunto para a ainda directora de programas infanto/juvenis Maria João Martins. Após duas reuniões, onde transmitiu todo o interesse em concretizar o novo projecto, nunca mais respondeu às dezenas de solicitações que lhe enviei (tenho obviamente o registo dos e-mails). Para que conste: entre Outubro de 2000 e Outubro de 2002, a RTP NÃO ACEITOU a realização de um programa a custo zero, cujo orçamento seria suportado por sponsors, por nós angariados. Pergunto: terá sido por isso? (Acrescento que o respectivo programa foi aceite por uma outra estação, verificando-se agora a dificuldade com os sponsors, naturalmente desmotivados pelas circunstâncias ocorridas. Sendo a RTP a estação que piores resultados apresenta a todos os níveis, a questão da qualidade do produto não deve ser considerada).
Portanto a experiência ECOMAN serviu para pôr em prática, antes de mais, um conceito, uma marca. Algo que não se esgota e que poderá ser aplicado em diversos formatos. Depois permitiu executar um projecto que corresponde a três premissas essenciais na criação de um produto audiovisual: intemporalidade, universalidade e abrangência. Foi a partir do ECOMAN, que comecei a teorizar sobre o desenvolvimento de conteúdos que não se limitem, nem se extingam por si próprios, mas que possam renascer e ser desenvolvidos independentemente das conjunturas, inclusive internacionais...
Depois de um especial "Os Principais!" apresentado pela Ágata (Fim de Ano de 1998) monto uma estratégia de aproximação à Altavision do José Nuno Martins, por via da inclusão do José Zambujal no projecto citado e "forço" a minha contratação para apresentar a segunda série de "Os Principais!". Foi, confesso, o plano mais maquiavélico que alguma vez montei e senti-me pela primeira vez a brincar às televisões, da forma como me habituei a ver neste curto período. (Salvaguardando a qualidade inquestionável do Zambujal, como compreendem, podia ter escolhido qualquer outra pessoa, mais concretamente procurando alguém menos experiente, logo mais barato). Quando provocado, tenho a obsessão de inverter...
Em Outubro de 1999 voltei a "Os Principais!" mas desta vez esta via revelou-se uma má oportunidade. Por motivos que desconheço (associados a questões negociais) o formato foi aumentado (seis ou sete crianças por emissão), a equipa toda alterada (sobrei eu e o realizador Richard Purdom, com quem mantenho uma excelente relação e vontade de voltar a encontrar nas lides) e o casting de talentos muito aquém da experiência anterior. Para além disso resolveram que o repertório seria essencialmente português, o que quebrou a tendência universalista verificada e vencedora. Como resultado as audiências foram muito más aliado ao facto da RTP, sob direcção do Sr. Fernandes, ter batido no fundo em todos os horários.
Por essa altura tive uma excelente oportunidade: (de novo por casting) fui escolhido para participar como actor na série "Almeida Garrett", escrita por António Torrado e realizada (e produzida) por Francisco Manso. Interpretei Rebello da Silva, um dos jovens escritores românticos da denominada "geração de quarenta". A série (naturalmente de época) tinha um relevante interesse histórico, mais não fosse porque nesse ano se evocou o bicentenário do seu nascimento e estava copiosamente cuidada. Foi um bom presente dos Deuses, apesar de loucos, estrear-me na homenagem ao pai do teatro.
Pronto. Finalmente chegava ao objectivo de trabalhar como actor (em televisão, porque no teatro fui esporadicamente laborando), aquilo para que fui treinado e para o qual sinto que tenho aptidão. Demorou seis anos mas consegui.
Mais ano e meio no desemprego e vou bater com os costados à Panavídeo que preparava a programação de um novo canal, o 21, de promoção aos canais e conteúdos da Tv Cabo.
Em Maio de 2001 a Telma Teixeira da Silva (proprietária da Panavídeo) convida-me para uma reunião. Gostei logo dela: é rápida, inteligente e uma gestora de caras_ uma típica produtora de qualidade. Expõe as ideias sobre o novo canal e pergunta-me o que quero fazer. Sem hesitações respondo (desadequadamente confesso) que posso fazer de tudo: dirigir os conteúdos gerais, realizar um programa, sugerir ideias, etc. Propõe-me conduzir um programa, "Café Portugal", que me levará a percorrer o país de lés-a-lés nos próximos dois anos e meio. A remuneração é aceitável, embora a produção de um programa por mês fique muito aquém das minhas expectativas bem como das centenas de pessoas que me abordaram, felicitando o trabalho, mas queixando-se invariavelmente das repetições. Restrições financeiras "oblige"...
Inicialmente confesso que o programa, nas duas primeiras gravações (Ericeira e Costa da Caparica), foi de total prazer e felicidade. Sem qualquer rede partia à aventura espontânea e improvisada de encontrar pessoas ao acaso e fazer humor. Fazer realmente rir, sem asneiras, nem gozar ou expor os meus interlocutores. Fiquei impressionado pela forma como decorriam as respostas às abordagens, como se as pessoas imediatamente entrassem no jogo e aceitassem as regras. Genuínas, percebiam que era isso que eu realmente queria. O operador de câmara era o Gilson Moura que também coordenava a edição, pelo que se considerava realizador e nós todos também. Nesses dois episódios a sintonia foi total e cada um dava o melhor de si mesmo. O programa teve um impacto extraordinário junto do público e do meio que não nos poupou elogios, considerando aquela abordagem verdadeiramente inovadora e cómica. Muitas peças televisivas, que constam dos diversos programas de entretenimento, passaram a procurar a mesma linguagem. Ao contrário de outros isso agrada-me imenso embora tenha, desde a primeira hora, refutado embandeirar em arco com os rasgados elogios que nos iam chegando de diversas faixas de colegas profissionais (técnicos, jornalistas, realizadores, apresentadores, etc.).
Mas ao terceiro programa um acontecimento trágico: impedidos de estacionar num acesso a uma feira em Évora, o realizador lança-se numa discussão sem sentido com a polícia, fazendo valer o estatuto de jornalista (pelo menos da carteira). Defendo-o com unhas e dentes e evito que chegue a vias de facto com um dos polícias que apenas cumpria o seu dever, mas afirmo-lhe posteriormente a falta de sentido do sucedido. A partir daí a experiência torna-se tão dolorosa quanto bem sucedida. Internamente giro infindáveis discussões (passei eu a ser o alvo preferencial, mas não único, das fúrias descontroladas do senhor) e externamente acolho a ressonância de muitas e muitas pessoas que seguem intensamente o "Café Portugal", relembrando cada cidade, cada personagem, cada novo improviso que invento. Divirto-me simplesmente a ouvir porque a minha expressão vai, dentro da medida do possível, sendo difundida no próprio programa. Acresce a tudo isto uma profunda divergência de estilo e de abordagem com o referido, mas julgo estar muito perto da ocorrência para vos poder transmitir tudo o que se passou ao longo deste delicioso e também traumático período. Prometo que contarei tudo, quando o tempo ajudar a clarificar a imaginação. De qualquer forma na "Revista" do "Expresso" sobre os dez anos de televisão privada em Portugal, lá estou eu citado como tendo "aguentado o canal 21 sozinho e isso já é elogio que chegue", o que pode ser um pouco exagerado, mas me soube muito bem, porque foi dos poucos elogios não oriundos da pornografia social que me foi dirigido. E que elogio e em que meio! Afinal aquilo que houvera proposto à Telma no nosso primeiro encontro...
Com esta sequência de sucessos consigo apresentar os vídeos dirigidos aos vendedores da Tv Cabo e protagonizar os filmes para a TAP, produzidos pela Panavídeo, realizados por dois realizadores brasileiros (Álvaro Reis e Joedna Maciel) com os quais troquei sinceros momentos de companheirismo e afinidade. No final do ano passado a crise nacional acaba com estes dois trabalhos e em Junho do corrente, a crise pessoal, com a relação profissional com o Sr. Moura (com efeitos eternos). Volto para o estado civil a que mais estou habituado nestes dez anos: o desemprego.
Entretanto participo em dois episódios da segunda série "Uma Aventura" na SIC (Outubro de 2001) a convite do realizador Carlos Coelho da Silva e divirto-me à grande em quatro sessões de trabalho a interpretar um apresentador de televisão, déspota, cobarde e hipócrita, que no meio de um incêndio atropela as crianças para se safar. O contrário de tudo o que tenho feito, portanto divertido.
Protagonizo ainda o Vídeo de lançamento da televisão interactiva (Maio de 2002), o que não deixa de ter uma certa importância histórica e por isso e por tudo o resto, fico sinceramente grato à Telma Teixeira da Silva.
Sou convidado para participar numa chanchada duvidosa da TVI e imediatamente recuso, sem hesitação. A SIC volta-me a endereçar um honroso convite, mas não chegamos a acordo financeiro.
Em Setembro de 2003 protagonizo a primeira curta metragem, "A Árvore" do jovem realizador Bruno Alves, mas ainda não está editado, portanto pouco poderei dizer. Preparo o regresso ao teatro profissional com a peça "Obsessões" a partir de Guy Foissier, com encenação de Paulo Matos, a estrear em meados de 2004.
Durante todo este período procurei sempre criar e concretizar diversas ideias nas áreas do entretenimento e da ficção. Especialmente nesta última, escrevi três episódios piloto (um drama e duas comédias, uma das quais em conjunto com a Banda, a partir das crónicas na Rádio Energia, de 1995), uma sinopse de um seriado de suspense e um filme (telefilme) autobiográfico denominado: "O inimigo público nº 1". Percorri todas as estações generalistas e diversas produtoras. Exceptuando o seriado infantil (ECOMAN), nenhuma foi aceite.
Nota póstuma: Curioso verificar que neste percurso caminhei direito por vias tortas. Ou seja, acho que comecei longe e em cada passo me fui aproximando. Nunca foi assim planeado, mas julgo ser visível que estou hoje mais perto do que gosto e sei fazer do que no início e portanto não escondo algum orgulho pessoal. Apesar das dificuldades que senti em cada passo e dados os obstáculos específicos verificados, é normal que acredite que tirei o melhor proveito. Sou feliz profissionalmente? Não, mas sou mais feliz do que quando comecei.
A seguir
3ª Parte: Os pioneiros, os do poder vigente e a geração futura.
1 Comments:
Fui um dos miúdos que participou no riaventura :) ainda tenho umas fotos deste tempo, foram tempos espectaculares...
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