Cavaco: 1a Lição.
O significado do veto de Cavaco Silva à Lei da Paridade, já descrito como o mais rápido da história da democracia, é acima de tudo político.
Esqueçam as quotas (como já disse a minha opinião é que paridade significa cinquenta por cento e não um terço), esqueçam a legitimidade constitucional e esqueçam a eventual leitura da vontade generalizada do povo português. Esqueçam o sentido de responsabilidade, a perspectiva distanciada e o papel de árbitro.
O que Cavaco decidiu é meramente um acto político puro, duro e partidário. No despacho de revogação considera o Presidente "um pilar fundamental da qualidade da democracia portuguesa o aumento da participação das mulheres na vida política." E entende "constituir uma obrigação do legislador, tanto a remoção de discriminações negativas em razão do sexo no acesso a cargos políticos, como, também, a promoção da igualdade no exercício de direitos políticos."
Cavaco tenta iludir-nos quando revela a não concordância com a penalização prevista para os não cumpridores da lei ou seja, não aceita "a possibilidade de rejeição das listas de candidaturas desconformes com o respectivo preceituado".
Dá um toque de humor quando defende que "a legitimidade dos valores a proteger e dos fins a alcançar através de medidas positivas que promovam a paridade não justifica a utilização de todo o tipo de meios para os atingir."
Um aparte: o que são medidas positivas? Campanhas televisivas? "Senhor responsável partidário: nomeie mulheres para candidatas a cargos públicos". Ou em Outdoor: "Para votar nelas é preciso que elas lá estejam". De certeza que isto mudaria a sensibilidade comprovadamente discriminatória dos responsáveis dos aparelhos. E até dava para incluir os jovens. Em última análise já estou a ver magotes de mulheres jovens a serem escolhidas para cargos de responsabilidade, o que até agora é pura fantasia.Esqueçam as quotas (como já disse a minha opinião é que paridade significa cinquenta por cento e não um terço), esqueçam a legitimidade constitucional e esqueçam a eventual leitura da vontade generalizada do povo português. Esqueçam o sentido de responsabilidade, a perspectiva distanciada e o papel de árbitro.
O que Cavaco decidiu é meramente um acto político puro, duro e partidário. No despacho de revogação considera o Presidente "um pilar fundamental da qualidade da democracia portuguesa o aumento da participação das mulheres na vida política." E entende "constituir uma obrigação do legislador, tanto a remoção de discriminações negativas em razão do sexo no acesso a cargos políticos, como, também, a promoção da igualdade no exercício de direitos políticos."
Cavaco tenta iludir-nos quando revela a não concordância com a penalização prevista para os não cumpridores da lei ou seja, não aceita "a possibilidade de rejeição das listas de candidaturas desconformes com o respectivo preceituado".
Dá um toque de humor quando defende que "a legitimidade dos valores a proteger e dos fins a alcançar através de medidas positivas que promovam a paridade não justifica a utilização de todo o tipo de meios para os atingir."
O que Cavaco realmente fez foi recusar uma proposta com ampla aceitação não só dos deputados, como também do povo português. Foi enviar um sinal ao Governo, à maioria que o sustenta e aos partidos de esquerda. Foi tentar aliviar o recente fracasso dos dois congressos dos partidos da direita. Foi dizer: "calma povo de direita, estamos aqui e estamos vivos".
Porque o que era a essência política desta lei era justamente penalizar aqueles que não cumpram algo fundamental e elementar. É claro que as mulheres também podem ter a participação política que tem Maria Cavaco. Mãe, avó, sempre ao lado do marido, sempre destacadamente submissa ao serviço do esposo.
Mais cedo que tarde Cavaco tenderá a usar a bomba atómica. E aí é que vão ser elas.
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