segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Alguém cale o homem

A única vantagem das recentes eleições presidenciais é o facto de implicar o silêncio das bordoadas do ainda Presidente.
Quando já ninguém esperava eis que desata a desenterrar a regionalização. Mas quem é que quer ver essa questão tratada? Quem tem interesse nessa fantochada ridícula e desfasada da realidade geográfica e populacional? Algum dado novo de mudança nas intenções do povo português, ao contrário da questão sobre a interrupção voluntária de gravidez, me escapa?
Hoje veio juntar-se aos coros hipócritas que censuram a reacção fundamentalista dos povos árabes â polémica sobre os cartoons. Mas alguém põe em causa que a liberdade de expressão é um valor fundamental para as democracias ocidentais e para o próprio Jorge Sampaio? O problema é a origem, o momento e a provocação gratuita de que efectivamente os muçulmanos foram alvo (aliás explicada por um facto objectivo: não se trata de um cartoon. Trata-se de uma encomenda a vários "artistas" sobre um só tema, Maomé. Não sei que raio de liberdade artística é essa. Sobre este amplo tema preparo uma exposição mais detalhada) e não a reacção concertada e pouco dignificante, aliás ampliadora do efeito por eles (muçulmanos) considerado nefasto. Acção, reacção.

É que justamente hoje, foram divulgadas imagens de uma situação de tortura repugnante e miserável. Cometida precisamente pelos arautos da liberdade, os ocidentais, contra os malfadados e satânicos, ainda que miúdos, islâmicos. Se eu desse o benefício da dúvida ao Presidente ainda diria: OK, quando falou não sabia da revelação das imagens. E agora que já sabe? Vai condenar ou ficar calado? E seus compinchas Alegre e mais não sei quem? Também vão falar de liberdade?
É que se agora não o fizerem vão dar a ideia ao povo esclarecido que simplesmente comentaram os cartoons para criticar a intervenção de Freitas do Amaral que, a meu ver bem, procurou pôr água na fervura e não mais lenha na fogueira.

8 Comments:

At 11:11 da manhã, Blogger David Santos said...

Caro Humberto,

Permite-me discordar quanto à questão da regionalização.

Cada vez se acentua mais a discrepância entre os modelos de governança dos outros estados membros e do nosso. Este, mais que qualquer outro, é o principal factor da desadequação das políticas à realidade e necessidades sócio-económicas do país, sejam elas de curto como de médio-longo prazo.

O grande valor do poder autárquico não é o dinheiro que se gasta mas a proximidade e sistema de responsabilização existente.

Os acidentes de percurso não deverão pôr em causa o fundamental da questão.

 
At 11:52 da tarde, Blogger HB said...

Não sei quantos: eu não exagerava tanto... Bastaria num acto com o Santana...

david: não se trata da posição objectiva sobre a matéria da regionalização. Eu, pouco pensante e pouco informado sobre a matéria (aguardo os teus brilhantes posts esclarecedores do Martinho), sou contra. Defendo uma administração local regionalmente mais centralizada: menos freguesias fantasma, eventualmente menos concelhos, quem sabe menos distritos.
Admito opiniões contrárias, mas não verifico uma mudança generalizada da opinião do povo português.
Menos verifico legitimidade de Sampaio no timming que pretendeu criar. Está, também ele, a dar o braço ao Costa?

 
At 3:21 da manhã, Blogger Mario Garcia said...

E pensar que chegaste a ser Mandatário para a Juventude do homem, em Lisboa, com tudo aquilo q tiveste de aturar...

 
At 1:44 da tarde, Blogger HB said...

É verdade. Em boa hora a primeira coisa que fiz foi chamar o meu companheiro Mário Garcia para contar com os seus contributos e sugestões.
Arrependi-me desse cargo logo nas declarações de Sampaio sobre os touros de Barrancos e isso mesmo aqui escrevi.
Todo este mandato veio confirmar esse arrependimento e várias vezes o manifestei. Enfim, Mário Soares, só há um e o resto é um deserto...

 
At 11:32 da manhã, Anonymous Anónimo said...

A proximidade com o povo pode e deve ser feita através das autarquias. E não criar governos e governinhos que aos olhos do cidadão pagante só serve para arranjar mais uns tachos para alguns. Parece que os defensores da regionalização se esquecem da pequena dimensão do País, e aos poucos recursos e querem-no comparar em tamanho à Alemhanha, França ou até à própria Espanha

 
At 5:02 da tarde, Blogger HB said...

Concordo.

 
At 1:14 da manhã, Blogger David Santos said...

Sobre o tema visitar http://martinhodarcada.blogspot.com

 
At 1:17 da manhã, Blogger David Santos said...

Ou seja o Martinho d'Arcada

 

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