sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Eu bem queria...

... deixar de escrever neste blog. Bem queria arranjar uma despedida simpática, mas que no fundo castigasse os que sabem e gostam da sua existência e não o frequentam e, ao mesmo tempo, homenageasse os que diariamente o fazem, salvaguardando que desistiria por pouco empenhamento dos leitores esporádicos (preguiça generalizada, excesso de oferta bloguistica, pouca e-divulgação da minha parte e eventual falta de qualidade).

Pois que tenho pensado muito no assunto. E todos os dias me ocorrem mil ideias sobre o que vos quero, meus amigos, dizer.
Acima de tudo estou de volta ao título e à motivação inicial do presente blog. A injustiça que o povo português fez a Mário Soares, a fuga para a frente com que elegeu Cavaco, a profunda derrota da esquerda, transvestida de quase vitória (como se não houvesse, em caso de passagem, um segundo resultado a escrutinar) e castigo ao PS, por via da entronização do poeta Alegre, com actualizações diárias dos contornos de malvadez da sua personalidade e dos que o directamente o rodeiam, embora acredite na boa fé de parte de parte dos seus eleitores, ao engano dos valores da falsa moral e da política pura mascarada. Para o comprovar foi a baixa médica "para descanso", não obstante a presença em jantares e comícios pós eleitorais e, como bem salientou Pedro Silva Pereira, é irónico alguém passar uma campanha inteira a dizer que "ninguém é dono dos votos" e agora os reivindique.
Depois claro está, o beco sem saída a que toda a sua atitude, esclareço politicamente reprovável, o levou. Se não voltasse para o parlamento falharia o mandato para que foi eleito, embora o tenha eticamente comprometido não tendo votado o 2º documento mais importante da Assembleia, o Orçamento de Estado (e "porque não foi preciso", frase que revela bem o espírito democrático do animal. E aqui um sub parêntesis: animal não foi empregue no sentido depreciativo com que ele encara as suas vítimas de outras espécies, nas suas celebérrimas caçadas desportivas. Este contexto, aliás, faz com que se criem mitos e boatos à volta da criatura: contaram-me que, em caso de vitória, estava tudo preparado para o receber numa "caça grossa", ou seja a animais de grande porte, a ter lugar na Guiné. Claro que não acredito, porque pergunto: o que é que tem a eleição a ver com semelhantes práticas? É preciso ganhar para se darem uns tiros em cheio em rinocerontes, elefantes, leões e etc.?). Embora tenha votado o mais importante, a génese do referido, o Programa de Governo.
Ter aceitado retomar o cargo também foi desagradável para o discurso dos últimos meses. Integrando a bancada parlamentar, que se quer disciplinada em qualquer partido, porque os deputados estão ao serviço de quem os elegeu e não da táctica política de circunstância, Alegre vai causar estragos*. Começará por votar de acordo, mas à primeira incerteza sobre a sensibilidade da opinião pública em relação a determinada matéria, votará contra. E assim o afirmará, naquele tom com que António Silva parodiava a representação dramática e que usa e abusa para gáudio e aplauso frenético dos seus correligionários.
Seguidamente repetirá a proeza, duas ou três vezes, forçando a demissão do líder Alberto Martins, seu parceiro estratégico que não se negará a colaborar. Aí o povo pensará: o PS está mesmo mal.

Helena Roseta será candidata à Câmara Municipal de Lisboa, contra o PS, porque "a política também se faz com afectividade" como gosta de dizer e terá Manuel Alegre a seu lado, a distribuir rosas e punhais ao povo, só que desta vez será difícil contar com a presença de Mafalda, sua simpática esposa.
Poucas dúvidas restam sobre quem se mexe para ser o candidato do PS: Mega Ferreira, ou alguém do seu exército. Para mim seria Pedro Silva Pereira o candidato ideal. Como as autárquicas são antes das legislativas, às quais José Sócrates tem lugar garantido e com possibilidades de vitória, talvez seja o momento de António Costa. É verdade! Juntar-se-iam três vontades e era estrategicamente útil para todos: Sócrates, Mega e o próprio Costa.

Eu bem queria deixar este Estado. Mas a verdade é que não estou ainda preparado. Quando surgiu, governava Durão Barroso e, apesar dos laivos de condescendência que fiz a alguns aspectos pessoais, o meu interesse sempre foi político, no sentido social. E o clique para continuar foi a tentativa de casamento de Teresa e Lena.
Sim porque qual é o homem que não se motiva pelo lesbianismo?










*- Não ponho em causa que em caso de grande consternação política, ética ou moral, um deputado possa votar noutro sentido em relação à orientação da direcção do seu partido, pela qual foi escolhido. Isso só não acontece no PCP e no Bloco. Mas, como foi verificado na votação da co-inceneração, essas não são geralmente as motivações tacticistas de quem emprega tal estratégia. Tomemos um exemplo: quando se tiver de legislar o projecto, financiamento ou algo relacionado com o aeroporto da OTA, imaginemos que Manuel Alegre vota contra, de acordo com as dúvidas que manifestou em campanha eleitoral embora a verdade é que sabe que a comunicação social ao invés de esclarecer, enviesou a opinião pública. Ora o Novo Aeroporto de Lisboa fez parte do programa do PS e do Programa de Governo. A quem deve Alegre a sua fidelidade? Aos votos expressos ou aos apetites de simpatia?
Sobre os votos por afinidade regional em relação ao ciclo político pelo qual se foi eleito tenho dúvidas técnicas e políticas. Não me parece que faça muito sentido, num país tão pequeno e com tão pouca gente, que os eventuais interesses de poucos se sobreponham aos da generalidade dos cidadãos. Por favor não confundir com o respeito, inclusive em forma legislativa, devido às minorias étnicas, religiosas e políticas, assim como a igualdade de género e orientação sexual, que é outra matéria.

2 Comments:

At 10:58 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Porra!!!!
Quando é que acabam as eleições neste País?
Até parece que não há outros assuntos para se tratar neste País.

Continua Humberto, mas vê se retomas o teu sentido de humor

 
At 8:45 da tarde, Blogger HB said...

Porra!!!
Espero que nunca, felizmente!


Retomo sim, no próximo...

 

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