sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Às vezes

Às vezes pergunto-me o que sente um jornalista em pleno desacordo com os critérios editoriais das chefias de um qualquer órgão de comunicação.
Será que existe liberdade (de expressão, de indignação, de pôr em causa) dentro das redacções? É estranho que exista um total silêncio dos jornalistas em relação ao que se está a passar? Querem-nos convencer que 100% dos jornalistas estão de acordo com a actual situação? Isso nem Saddam Hussein…

terça-feira, dezembro 29, 2009

Bye Bye

2009 foi um ano de viragem. Barack Obama afirmou-se como a figura mais marcante do mundo, vencendo o Nobel da Paz, que lhe aumentou o capital de esperança e viu aprovado a sua reforma da saúde, que beneficiou solidariamente milhões de americanos.
Em Portugal, o PS venceu de novo as eleições e a oposição viu reforçada a sua responsabilidade. O povo português disse sim ao investimento público, às políticas de urgência no combate à crise e à continuação das políticas sociais, da saúde e da educação.

Vivemos, contudo, momentos profundamente difíceis: a conspurcação entre a justiça e a comunicação social faz temer o estado de direito democrático. De tudo o povo desconfia e é difícil aos agentes sérios da justiça levarem o barco a bom porto. Tudo aparece ao mesmo nível: a filha do sargento, o Freeport, a menina “Alexandra”, a Noite Branca (por sinal o título de um livro magnífico de Dostoiévski), a espionagem em Belém, as sucatas, os submarinos, o BPN… As notícias fluem a um ritmo alucinante, condenando tudo e todos a priori, sem espaço para processos verdadeiramente justos e isentos, onde os suspeitos são condenados antes de o serem no local próprio. A quem interessa este estado das coisas? Seguramente a muitos envolvidos, suspeitos, justicialistas e jornalistas, mas ao povo, não!

E assistimos, em 2009, a um novo fenómeno que já se vinha a verificar, mas que se enraizou definitivamente na sociedade: a credibilização de figuras populistas, pelo negativismo, pela indecência intelectual e pela mentira nunca baseada em qualquer facto real. De novo com o apoio dos media. Medina Carreira, António Barreto, Mário Crespo, Francisco van Zeller e muitos outros comentadores transvestidos… No fundo eles são o Seara, o Dias Ferreira e o Pôncio Monteiro da vida política e social.
2010 pode e deve ser melhor. Em todas, todas as áreas da nossa sociedade, a culpa é, antes de mais, dos agentes. No caso da causa pública o agente é o povo! Somos um continente à procura dos seus conteúdos, é o que somos. E se não crescermos intelectualmente, sim, estaremos mesmo condenados.


Desejo a toda a minha família e amigos o melhor de 2010. E a todos os que passam privações, um ano solidário e de recuperação plena.

segunda-feira, setembro 28, 2009

Asfixia democrática

Ontem, o povo português foi profunda e democraticamente asfixiado. Votei pela primeira vez na Freguesia de Nossa Senhora de Fátima, Lisboa e por isso fui cedo, não fosse o diabo tecê-las.
O ambiente é absolutamente arrepiante, sim, arrepio-me nestas coisas. Grupos de famílias e amigos a subirem a Rua Jorge Afonso, a caminho da escola, filas de gente para votar, a simpatia dos que trabalham nas mesas, a esperança de uns, a incerteza de outros, a vontade de votar, de decidir o rumo do país, de participar, de, com uma simples cruz, optar por aqueles que nos vão representar na assembleia de todas as assembleias.
A asfixia democrática que ontem vivemos, resultado de uma campanha asfixiante, cujos debates atingiram as maiores audiências de programas políticos e não políticos, cujo primeiro-ministro e todos os lideres dos partidos participaram pela primeira vez num talk show humorístico, também com grandes audiências, onde foram amplamente discutidas as propostas concretas (e até a sua ausência), onde milhões de pessoas participaram directamente em comícios, encontros e debates, onde por toda a parte se discutia, na televisão, nos cafés, nas casas dos portugueses, asfixiados, interessados, preocupados, sim, com o futuro comum que a todos diz respeito.
Uma asfixia visível, aliás, na comunicação social. Nunca como agora se discutiu a independência de televisões, rádios e jornais. Igualdade, equilíbrio e ética. Opinião, debate e entrevista sobre as agendas jornalísticas? Sim, fizemos tudo isso, de forma verdadeiramente aberta e esclarecedora. Quem hoje, mesmo de outros quadrantes políticos, não associa José Manuel Fernandes e José Eduardo Moniz a uma determinado partidarismo? Ninguém. Eles são de direita e queriam a vitória do PSD. Agora que o podemos dizer e que, sabemos, não são os únicos, é um alívio e não tem mal nenhum.
É claro, isso arrasta um problema. Imaginem que ao povo também interessa agora discutir a liberdade, asfixia, que se vive nas redacções. Que critérios estão por trás de certos directores de informação? De certos jornalistas, editores… Estes, acabaram sem querer, por abrir a caixa de Pandora…
E a ideia mais incrível desta asfixia: os portugueses escolheram dar continuidade a José Sócrates, reforçando ao mesmo tempo a responsabilidade dos partidos da oposição. Estamos asfixiados? Que isto continue, por muitos bons anos.

domingo, setembro 13, 2009

O estado do espírito

“ (…) Rimo-nos e chorámos juntos. Veria quem quisesse como percorríamos o Tiergarten ou o jardim zoológico ou ficávamos de mãos dadas diante dos macacos. Em todo o caso, estive eu contigo mais vezes do que aquelas que se podem comprovar contando. Os muitos instantâneos dos nossos momentos de felicidade. Ah, houvesse ainda todas aquelas imagenzinhas em formato seis por nove em que nós… (…) “.
Günter Grass, in A Caixa, pág. 134.

segunda-feira, setembro 07, 2009

Sugestão de hino...

Uma silly season memorável

É notável o esforço de José Sócrates em valorizar esta campanha. É também um exclusivo do líder do PS. A moda parece pegar: nos debates sem ele, os restantes procuram expor as suas ideias. O resultado é dramático: nem um projecto, uma proposta uma solução, fez até agora eco.
Alguém já leu: “Louçã propõe…”, “Portas defende que…”, “Ferreira Leite vai fazer…”

Até aqui o combate foi marcado por três episódios fascinantemente ridículos. Primeiro, o caso Joana Amaral Dias. Como é óbvio direi apenas o essencial, guardando o resto para contar aos meus netos… Sabemos, hoje, que foi JAD que falou a Francisco Louçã sobre uma sondagem de disponibilidade de que foi alvo: nas relações profissionais, pessoais, políticas, na família há uma diferença substancial entre uma pergunta e um convite. Entre “queres casar comigo?” ou, “dás-me um beijo?” entre “estás insatisfeito no teu trabalho?” ou, “assine este contrato”, entre “fazemos o jantar de Natal na casa da Avó?” ou, “o Jantar é em casa da tia”.
Afinal, ficámos hoje a saber, Louçã lançou e alimentou uma mega campanha com a seguinte parangona: “José Sócrates faz tráfico de influências”. E Joana não gostou do abuso. Eu também não gostaria e garanto: não o teria permitido, assim que soubesse que alguém me estava a usar para os seus interesses, parava logo com a questão e não meses depois…

Depois foram as escutas no Palácio de Belém e o condicionamento de Alexandre Relvas: mais um projecto de comunicação, criado pelo PSD, que culminou com a ida da Assessora de Juventude da presidência à Universidade de Verão do PSD, assumindo com naturalidade o seu apoio ao seu partido. É evidente que os assessores de Cavaco, colaboraram, directa ou indirectamente, com as suas ideias, os seus contributos e as suas propostas para o PPD. Têm a influência e prestígio necessários para tal. Isso não seria notícia, a não ser a necessidade de esconder uma participação natural. O resultado foi o spin que se viu: em vez de “prestigiados militantes do PSD colaboram no programa eleitoral”, “Espiões do governo no palácio de São Bento”.

O caso TVI é a última grande notícia deste país, alimentada, claro, pela oposição. Alguém de bom senso jamais viria a terreiro defender aquela vergonha. Alguém que defenda a democracia, o direito à verdade, ao jornalismo sério e digno, pode vir a terreiro pronunciar-se favoravelmente contra a interrupção daquilo. Aquela hora semanal, foi a mais gritante forma de condenação pública, perseguição, calúnia e ofensa à dignidade que assistimos desde o 25 de Abril.
Assim, em vez de “espanhóis calam Moura Guedes” deveríamos ter visto: “Finalmente alguém teve coragem democrática”!
Assim penso, mesmo que fosse ao contrário.

sexta-feira, agosto 14, 2009

É sempre chato…

… Para uma oposição unida visceralmente em uníssono para atacar pessoal, politica e dramaticamente tudo o que envolve a difícil e histórica governação do país.
Difícil, porque vivemos a maior crise mundial desde 1949, histórica, porque nenhum governo foi tão determinado em atacar as corporações negativas, procurar resolver a crise e impor uma dinâmica reformista ao país. Tudo ao mesmo tempo, fará de Sócrates uma figura incontornável na análise posterior que se fizer dos governos democráticos.
Mas, sendo chato, não deixam de ser factos: No segundo trimestre de 2009, a economia portuguesa cresceu (+0,3%). Cresceu ao nível da França e da Alemanha. Os resultados destes três países evitaram uma queda maior de toda a zona euro (-0,1%).
Eles apareceram todos nas televisões a dar vivas à crise. Hoje mesmo. A negação de qualquer bom resultado confirma a tendência obsessiva do Movimento Unido de Todos os Partidos da Oposição.

Uma boa campanha autárquica

Anda Cavaco a fazer. Depois de ir visitar um moinho sabe-se lá onde, num concelho laranjinha claro, e outras mediáticas e apoteóticas visitas, a concelhos laranjinhas claro, vai agora a Sátão visitar uma capelinha. Concelho laranjinha, claro.
Muito pouco disfarçado, mas muito empenhado, anda a retribuir a eleição e a garantir a reeleição.
Manuel Alegre deveria avisar o Bloco para que denunciasse a tramóia, algures num intervalo dos socialistas fazerem tudo mal.

terça-feira, junho 16, 2009

TVolução

Alexandrino para Lili Caneças:

"A bíblia só serve para limpar o cú..."

Emissão de hoje, em directo, do programa "Você na TV", emitido pela TVI, formada com inspiração cristã.