segunda-feira, maio 18, 2009

Ode ao Rangel

1º. Paulo Rangel, líder parlamentar do PSD e cabeça de lista às eleições europeias, goza de uma verdadeira paixão dos órgãos de comunicação social. Não há serviço informativo das televisões, generalistas ou de “notícias”, jornais e rádios, que, diariamente, não lhe dê tempo de antena. Passando os olhos pelas “análises” muito simplistas que contabilizam as notícias sobre os políticos ele é, neste momento, a figura com mais visibilidade. Mais que o primeiro-ministro, mais que o presidente da República. Muito mais que os outros candidatos.

2º. Tão pouco as suas intervenções são contrariadas: não há verdadeira entrevista, não há o habitual comentário subjacente elaborado pelos autores das peças difundidas nos diferentes meios. São statments puros e duros. Combinados, ou não, são definidos pela agenda escolhida pela táctica de comunicação do candidato.

3º. São vários os motivos deste enamoramento. O facto de ser um recém-chegado. A base social do PSD está profundamente decepcionada. Santana, Ferreira Leite, Pacheco Pereira, Rui Rio, Menezes, Mendes. Baralham e voltam a dar, mas as pessoas e as ideias são sempre as mesmas. Ele é uma lufada de ar fresco para aquela gente.
Também é factor desta mega campanha, a concertada estratégia montada pela generalidade da comunicação social contra o PS e José Sócrates. Todos malham, por motivos diferentes e/ou objectivos comuns. Salvam-se a RTP (equilibrada, mais para lá que para cá, é certo) e os órgãos pertencentes à Controlinveste (globalmente equilibrados).
Do outro lado: COFINA, IMPRESA, MEDIA CAPITAL e outros menores.

4º. Mas é justo perguntar. Que projecto trouxe esta vertigem mediática? Que grande ideia reformadora para o país veio com esta presença totalitária na televisão? Que pequenas, médias, grandes sugestões trouxe Rangel? Que onda mobilizadora nasceu neste espaço ultra privilegiado que dispõe?
Paulo Rangel aparece como o censor. O comentador. Sempre a tentar demonstrar as incongruências, as contradições, os erros dos outros, os pecados, as falhas. Não existe ali um político. Não há ali uma figura que inspire ninguém. Existe ali, afinal, um novo Pacheco Pereira.

5º. O país vive uma Ode ao Rangel. O povo, esse povo. Sempre com as suas ideias próprias. Cada sondagem que sai aumenta o fosso entre o PS e o PSD. Aquilo que Morais Sarmento classifica como um empate, começou nos 3% numa e já revelou 6% noutra e 8% ainda noutra. Contando que Nuno “o brincalhão” Melo não será eleito e que o seu eleitorado votará útil e que o Bloco subirá a sua votação, a derrota de Paulo Rangel revela o que é verdadeiramente o candidato do PSD: cheio, cheio, quase a rebentar. De vazio.