quarta-feira, janeiro 17, 2007

Espelhos

Sabia que desde o romantismo o ideal artístico passou a ser a procura sublime da inovação, renovação, originalidade, da antecipação das ideias e da vida. Artista Deus, portanto.

Fiquei estarrecido por aprender que os países não são formados por circunstâncias geográficas, políticas ou de casualidade monárquica. Os países são feitos pelas palavras compostas e escritas. São os livros que fazem os países.

E a cultura popular? Que espaço lhe está reservado? Ela sim é o reflexo dos povos, ao contrário das artes e das letras: a antecipação.

Isto para dizer que começo a ficar seriamente preocupado com o estado actual da Inglaterra. Hoje o país está parado a discutir... O Big Brother! E não por qualquer motivo de saloiada legítima. Não. Por causa de racismo entre os participantes. O Big Brother dá origem a discussões nacionais sobre o racismo? Chiça!

Ao contrário, a cultura popular americana começa a demonstrar sinais de recuperação. Economicamente dir-se-ia lenta, mas sustentada e por vários exemplos consecutivos.
É assim com enorme regozijo que Sacha Baron Cohen venceu um globo de ouro. É óbvio que a atribuição é da imprensa estrangeira creditada em LA, o que quer que isso represente, mas com certeza ele nem seria candidato se a nomenclatura não quisesse. Veremos o que vai acontecer nos óscares, mas dificilmente não o poderão nomear. E aí a academia, outra vez em representação sabe-se lá do quê, terá muitos problemas se não lhe der a hipótese de discursar. Há a saída evidente. Deixá-lo fazer um pequeno gag. Mas não chega.
Ao mesmo tempo Barack Obama criou ontem a sua “Presidential Exploratory Comittee”, uma antecâmara da candidatura que apresentará a 10 de Fevereiro.
(Nota pouco humilde: desde 4 de Novembro de 2004, dois dias após a derrota para o mundo que foi a eleição de Bush, que defendo e em várias ocasiões a candidatura do senador do Illinois. Terei sido o primeiro português?)
Seria o melhor candidato. Na verdade Hillary leva vantagem e arrecada mais dinheiro para a campanha, o primeiro factor a ter em conta para o eleitor das primárias. E é difícil uma mulher apresentar-se quanto mais com um negro. Qualquer um deles terá de apresentar, para seu vice, um branco suficientemente cinzento e conservador para fazer crer aos eleitores que não é demasiado arriscada a candidatura democrata. Uma mulher e um negro juntos? Difícil, demasiado difícil.
Assim torço por Obama. Vai ser complexa, a sua nomeação, mas não impossível.