segunda-feira, fevereiro 28, 2005

REGISTADO

Positivo

José Sócrates: A forma como tem gerido o processo de formação do Governo, merece o aplauso unanime dos quadrantes políticos. Nunca é demais dizer que este tempo (exagerado) que se perde não é imputável ao PS, uma vez que se têm de cumprir os prazos legais (contagem oficial dos votos, faltando os dos imigrantes). Enquanto a RTP, a LUSA, o DN comandam a habitual parafernália do PSD nos media, o novo Governo marca desde já uma diferença.


Rui Costa: o príncipe voltou à titularidade do Milan em Manchester (vitória dos italianos por 0-1) e contra o Inter (idem). Cheio de classe, o português fez excelentes jogos e foi acarinhado pela imprensa e pelos adeptos. Depois de (quase) seis meses no banco, o Príncipe mostra todo o seu perfume e qualidades de um grande e humilde profissional.


Negativo:

Marcelo (a meias com a RTP): a volta aos comentários do professor Marcelo, agora na estação pública, merece uma violenta condenação. Como tenho dito Marcelo não é uma carta fora do baralho. Não faz comentário política, faz política. Começou de forma histórica: tirou da cartola um livro biográfico de Jorge de Mello, um dos homens mais ricos no antigo regime, fruto da sua constante e permanente ligação ao regime fascista (porque não recomendou, por exemplo, As Memórias de Humberto Delgado, uma vez que se evoca o 40º ano sobre o seu assassinato?). Depois, sempre a fingir que não estava ali para o que lhe interessa- falar de política nacional (quase a tentar criticar José Sócrates pela formação tardia do governo, não fora a correcção pronta de Ana Sousa Dias), nomeou o Papa a figura da semana, justificando que interessa aos católicos (pela preservação da vida, comparando a situação ao aborto, pasme-se) e aos não católicos. Pois aqui está uma visão de um não católico: o Papa deveria ser afastado imediatamente de todas as suas actividades pastorícias. É que o respeito pela vida, só é respeito se for com dignidade, se não é uma fantochada que utiliza alguém que não se pode defender dos abutres da estratégia eclesiástica.
O Estado nunca vai aceitar a presença do professor na televisão, enquanto não houver contraponto. Nunca esperámos pelo Ministro Rui, sempre achámos que o contraditório tem de estar presente, ainda mais na RTP, mesmo quando o cacique nos foi favorável.