Comunicação
Ainda pensei adjectivar o título, mas julgue o caro estadista por si próprio. Nos últimos dias fui confrontado com peças brilhantes de comunicação.1) Luís Filipe Vieira. Um dos grandes inspiradores do presente blog avançou com uma mega campanha, com visibilidade estrondosa, na qual se revela que alguns estádios foram feitos para estar vazios, respectiva foto do Alvalade XXI e, outros para estar cheios, foto do da Luz. Em primeiro lugar a proposta da agência para além de estúpida, nada criativa e tecnicamente ridícula traz água no bico: aglutina os adeptos adversários e projecta o seu estádio. Não admira pois que o Sporting venda mais Game Boxes que o que previa. Por algum motivo os manuais de Marketing e Comunicação rejeitam as campanhas comparativas.
Por outro lado, como é que é possível que os responsáveis do SL Benfica aceitem uma campanha tão mal pensada e que os torna nos primeiros desmancha-prazeres do orgulho nacional adquirido com o Euro 2004? Naturalmente que LF Vieira já apareceu a dizer mal da massa associativa que, na opinião dele, não aderiu de forma massiva à compra de lugares. Aceitando que é um facto, existem três razões para tal: a péssima campanha, a proposta comercial e a mais importante_ pela primeira vez os adeptos viraram costas a LF Vieira, naturalmente fartos de ser enganados com promessas de títulos, de jogadores geniais que afinal são banais e das contas certas que na volta aumentam o passivo e o serviço de dívida, enquanto esvaziam os activos do clube e o seu património.
2) Luís Filipe Scolari foi de férias para Maceió, cidade da qual é embaixador do turismo. Fiquei a saber porque li uma crónica n?A Bola, seguida de um artigo de opinião, assinados por José Manuel Freitas, jornalista, que por acaso até escreveu o livro do Pauleta, mas adiante. No artigo de opinião não se esqueceu de referir o operador turístico (Air Luxor Tours) que lhe propiciou a possibilidade de reportar assunto tão importante. Fiquei em choque. Só consegui aliviar quando, no telejornal da RTP1, Paulo Catarro apresentou uma reportagem sobre o assunto, sem esquecer o operador turístico. É claro que não se tratam de órgãos ou programas cor-de-rosa, mas é como se fossem. Nunca a vida de seleccionador nacional esteve tão suportada pelos interesses financeiros, nem que seja uma viagenzita à conta da Air Luxor Tours. Já escrevi duas vezes, também dá para ir?
3) A Sociedade Ponto Verde lançou uma mega campanha no Prime Time de todas as televisões, o que é logo um erro porque não se gasta tanto dinheiro em meios (ainda que mais baratos por esta altura) em pleno Agosto, onde as audiências são muito baixinhas e portanto a relação impacto/custo é sempre desfavorável. Acresce que ao longo dos anos a Sociedade tem ficado muito aquém do investimento a que é obrigada, por lei, a fazer em campanhas didácticas, que projectem a sua missão.
Nesta campanha vários super heróis fazem actividades despiciendas: um troca um lâmpada, outro vai buscar uma bola debaixo de um carro, outro ateia um churrasco (com um grande plano de carne a ser grelhada, que é uma linguagem muito ambiental) pegando fogo a uma pessoa que é salva pelo congelamento de uma piscina, feito por outro super herói (que me desculpem os criativos se esta parte estiver mal contada, mas é o que parece). Uma voz off explica que os super heróis já não servem para nada. Depois aparece uma senhora, com aspecto de figurante de freak show televisivo, embora a querer representar uma dona de casa, que coloca algo no caixote do lixo com recipientes separados.
Num outro anúncio desta série é promovida uma campanha, que a Sociedade leva a cabo, no qual uns senhores com ar laranjinha vão bater à porta de casa do cidadão comum e se este fizer a separação dos lixos, ganha prémios. Brilhante. Eu obrigava os senhores que conceberam e os que encomendaram e aceitaram este tratado de Comunicação e Imagem, a viverem uma semana no Eco Ponto, mesmo ao pé do meu escritório, para verificarem melhor o seu target. Se aguentassem o nojo imundo de lixo sem ordem e o cheiro acumulado.
Já quando lançámos o nosso projecto, em 1999, os senhores que conceberam Os Patinhos, fizeram umas pranchas ridículas de BD (publicadas na Tv Guia), que procuravam embaraçar a nossa magnífica caminhada. Então como hoje senti um profundo orgulho por ver um projecto, que se afirma pela positiva, sobreviver e mais que isso preparar-se para dar um salto qualitativo para o qual, como sabem, muito lutei, enquanto outros cheios de lobies e/ou dinheiro esperneiam a sua inveja, vomitando burrice e esquecendo que só nos estão a ajudar por dentro e por fora.
Para além desse imenso orgulho que sinto sempre que vejo os anúncios do Ponto Verde, pergunto-me: os senhores não achavam mais consistente (e mais barato) contratarem-me como consultor? Evitavam passar as vergonhas que andam a passar, no meio e na sociedade.
2 Comments:
Nunca precisámos dos outros super-herois para proteger o ambiente (actividade que não é limitada ao reciclar do lixo), porque há muito que temos o ECOMAN.
tks littleboxes.
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