segunda-feira, março 26, 2007

Um azar nunca vem só

Nunca como hoje os poucos e bons leitores do Estado Negação podem estar tão satisfeitos. Quando RTP lançou os Grandes Portugueses, ficou bem clara a posição do humilde escriba.

Ontem terminou o programa mais vergonhoso do serviço público de televisão, desde que o pretende verdadeiramente ser, ou seja, após o 25 de Abril de 1974.
O princípio, o meio e o fim foram uma desastrosa sucessão de acontecimentos que culminaram com algo verdadeiramente peculiar: Odete Santos, Ana Gomes, Paulo Portas, Clara Ferreira Alves e afins, legitimaram este concurso, dando a cara, a voz e o seu frívolo pensamento por ele. Ao defender Álvaro Cunhal, Odete Santos ajudou a vitória de Salazar como o maior de todos os portugueses. Parabéns ao vencedor, deveria ter acrescentado, honra aos vencidos.

O que fica por dizer sobre este regabofe?
1.
Primeiro a RTP gastou dos cofres dos contribuintes, um milhão e seiscentos mil euros nesta operação.
2. Só na fase final foram efectuadas mais de duzentas e dez mil chamadas de valor acrescentado, sem que se saiba quanto é que isso significa em termos de receita e para onde é canalizada.
3. Para a RTP? Para o produtor? Para ajudar às causas dos finalistas (Museu Salazar, Fundação Cunhal e Casa Museu Aristides, por exemplo)?
4. A fantástica mentira sobre a “missão pedagógica do programa”, cria um novo problema. Se através do programa TV, do road show por mais de setecentas escolas do país, do clip que resume a história de Portugal a três minutos de comicidade e simplicidade, culminando com a vitória do pior dos portugueses, é uma missão pedagógica, o que podemos esperar do pensamento alunos que foram atingidos, da sua acção futura, ainda por cima legitimada pela tal aparente “missão” que, é justo se diga, não é um esclarecimento histórico, doutrinário e democraticamente legítimo, mas uma verdadeira campanha de publicidade enganosa?
5. Como vai a RTP descalçar a bota, sendo que legitimou e refrescou as aspirações da extrema-direita (Museu Salazar, Manifestações de braço esticado, lista candidata na Faculdade de Letras, etc.)?
6. É real o custo que veio a público? Estão incluídos a campanha publicitária outdoor, os meios que a RTP pôs ao dispor da produção (feixes hertzianos e outros)?

O que fica por fazer?
Desculpa pública. É o que deve fazer, imediatamente, a Direcção de Programas.
A Administração deve chamar, imediatamente, a si este dossier e repor a verdade e a seriedade.

Já agora, os Grandes Portugueses aqui enunciados a 19-10-2007