terça-feira, maio 09, 2006

A despedida de Koeman

A médio prazo saberemos se o Benfica optou bem ao mal ao dispensar os serviços de Ronald Koeman.

A mim faz-me lembrar a pré-decidida opção dos sportinguistas em odiar e inviabilizar José Peseiro. Essa decisão da massa associativa na realidade precipitou uma grave crise no clube com a demissão de Dias da Cunha, a negação do projecto de alienação de património sustentado pelos seus seguidores, a real divisão dos decisores e consequentes eleições. Sempre disse aos meus amigos sportinguistas que um treinador que levasse o Benfica à final da Taça Uefa e lutasse pelo título até ao último dia, como foi o caso de Peseiro, seria para mim um homem que a todo o custo eu, como adepto entenda-se, valorizaria.

Aos meus amigos benfiquistas sempre dei conta que Koeman foi o melhor treinador desde Toni, o campeão, não Toni o politiqueiro ao serviço da Administração Vilarinho. Sempre defendi que Trapattoni foi campeão por demérito dos adversários e não por mérito próprio. Sempre sustentei que Camacho foi um verdadeiro bluff que fez um único jogo estrategicamente brilhante: a final da taça contra o super campeão (europeu inclusive), FC Porto. Sempre defendi que Ronald Koeman é o treinador desejado em Barcelona e veremos senão já no início da próxima época. Dependendendo do resultado da final da Champions e da entrada na Liga...

Tenho escrito aqui que as contratações de Dezembro foram escabrosas e a situação responsável pelos maus resultados internos da 2ª volta. Aqui Koeman tem culpas no cartório. Pareceu que a única imposição que fez valer foi o factor estatura física dos atletas contratados. Mas é bom entender que Moretto, Marco Ferreira, Manduca, Robert e Marcel foram um desastre. Nenhum deles tem lugar no Benfica. E mais extraordinário: os artigos de opinião unanimes, as peças, as entrevistas que referenciaram estes jogadores como grande estímulo e grande operação estratégica favorável. Nada mais errado. Alguém fez isto para se encher e aí Koeman ao dar cobertura como no caso Moretto, errou.

Terminou a liga com 67 pontos, mais dois que Trapattoni o ano passado (65), sustentando a tese de vitória por demérito. Objectivamente Koeman fez melhor campeonato que o seu antecessor.
Ao chegar aos quartos de final da Champions superou os resultados de grandes clubes europeus como Manchester, Real Madrid e Chelsea tendo inclusive melhor prestação que José Mourinho que como se recordam perdeu os dois jogos com o Barça. Acima de tudo o Benfica deve ter encaixado mais dinheiro com esta prestação que a soma dos últimos dez anos.

Assim corre-se um risco enorme ao aceitar a partida de Koeman. Eriksson terá dificuldades, Scolari seria uma boa escolha dado o factor disciplinador, mas nenhum destes nomes está certo. A direcção do Benfica está presa por um arame que é a possibilidade de contratação do próximo treinador. A ver vamos se me calam como espero.