segunda-feira, dezembro 05, 2005

Portugal Maior

Esta frase faz-me pensar. Como podemos fazer um país maior? A questão e até dada a vantagem actual, poderia ser colocada noutros moldes. Portugal Melhor. Esse seria um bom mote. Mas não. O slogan é Maior.
Como? O Estado pensou nisso.

1º- Uma anexação dos territórios da Galiza seria difícil. Não que os Galegos não quisessem, mas Sua Majestade e o Governo de Madrid não aceitariam perder o único território fronteira com o Atlântico. Uma guerra com Espanha traria nesta fase um problema de amplitude financeira (por favor ler este termo com a mesma entoação que o candidato faz sempre que o aplica): um eventual boicote de nuestros hemanos, esvaziaria as prateleiras da Zara, faria com que os danoninhos passassem a ser adquiridos exclusivamente no mercado negro e pior que tudo, os benefícios da Repsol para os 300 mil eventuais sócios do Benfas seriam retirados sem apelo nem agravo.

2º- Apoiar os protocolos internacionais contra o aquecimento global. Esta questão é um pouco tabu, uma vez que o candidato nunca ouviu falar neste tema, a não ser uma secretaria de Estado que se chamava do Ambiente, mas que não estava integrado nas Finanças, portanto devia ser um assunto relacionado com essas chatices da cultura ou da Educação. Ora não que Portugal seja por aí além determinante na matéria dos icebergs que derretem, face por exemplo a países como os Estados Unidos ou a Austrália. Mas uma posição ambientalmente inequívoca do nosso país ajudava ao lóbi internacional da causa.
O mar ganha, por este efeito, terreno à terra. Que se lixe a conservação ambiental! O que dava jeito era que o processo fosse contrário: um aumento do território nacional em detrimento do Oceano (que afinal não precisa de tanto espaço, veja-se por exemplo o Oceanário ou o Zoomarine: os bichos adaptam-se bem aos aquários. Especialmente os peixes).
Esta situação era mais económica (leia-se como se deve ler financeira): evitava-se uma guerra e/ou a construção de diques (mais obras públicas tão contestadas nos dias de hoje, tão úteis no passado).

3º- A integração do enclave de Olivença. Esta seria a solução mais pacífica. Até porque teria o apoio da ampla base eleitoral que suporta Manuel Alegre. Atenção: não a meia dúzia de gatos pingados que aparecem todos os dias na televisão com ele. Muito mais que Helena Roseta, Inês Pedrosa, António Florêncio e o João Malheiro. Refiro-me à base sustentada nas sondagens dos 16% (o número mágico que persegue de Alegre) que veria com bons olhos mais um território nacional que, a exemplo de Barrancos, nos proporcionasse touradas de morte e coutadas raianas.

4º- Uma eventual integração do Arquipélago da Madeira estaria fora de questão porque Alberto João, apesar de apoiante do professor, nos traria mais problemas que os Espanhóis.

5º- Outra coisa boa seria usar a frase de forma alegórica. Mas para tal precisávamos de Scolari um pouco mais empenhado. Se fossemos campeões do mundo poderíamos dizer: Somos os Maiores! Mas como ele quer ficar em 8º... O facto de se mudar o slogan de Portugal para Somos e pluralizar o verbo não seria grande problema. Afinal esta candidatura prepara-se para, pela primeira vez na história da democracia, mudar de mote. Nunca nenhum candidato, partido ou grupo cívico se viu obrigado a mudar a sua frase para as massas. Pois que é certo que quando passar à segunda volta ninguém mais vai poder gritar: Cavaco à primeira. E o chato é que, embora a frase revele bem a criatividade daquela rapaziada, não originará uma sequência lógica. Ninguém vai gritar "Cavaco à segunda". E este é o cerne da questão.

2 Comments:

At 8:38 da tarde, Anonymous Anónimo said...

As Astúrias, o País Basco e parte da Andaluzia também têm fronteira para o Atlântico

 
At 12:56 da tarde, Blogger HB said...

Bem observado! O sentido era enfatizar a fronteira idílica do Oeste do Continente com o Oceano.
Mas é um erro bem detectado. Obrigado.

 

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