segunda-feira, novembro 21, 2005

MAROCAS

Tomei uma decisão. Como diria José Sócrates, uma boa decisão!

Anda um país inteiro incrédulo com a forma como Cavaco Silva está a abordar esta campanha. Metade indignada com a vaidade e ostentação do candidato (e seus pares) em não aparecer, não debater, não lançar ideias, não explicar a sua visão de Portugal e do mundo e não ter uma palavra de conforto e afecto para com os portugueses que não só precisam desse alento como simultaneamente lhe respondem (ainda) com esperança e simpatia.
Ou seja: Estaria certo se sugerisse que o povo de Portugal gosta de ser maltratado?
A outra metade desdobra-se. Uns justificam, como é o caso de Pacheco Pereira por essa blogosfera, outros corrigem, como foi o caso do Professor Marcelo, nas "Conversas em família" da Radiotelevisão Portuguesa, no passado Domingo.

Mas é bom relembrar que isto não era para ser assim. O projecto era diferente. No dia da sua apresentação, Cavaco apareceu à porta de sua casa todo feliz, disponível para os jornalistas e a transbordar simpatia. Era este o mote!
Depois a viagem de carro. Depois o discurso. Não foram precisos mais de dois, três minutos para o antes homem-todo-sorrisos se transformar no crispado, carrancudo e triste Cavaco-tal-como-ele-é.
Acresce que no dia seguinte chamou Assembleia Nacional à da República. Gafe pouco importante não fosse ele candidato a Presidente da. Para além da expressão Assembleia Nacional não ser de boa memória para todos nós.

Aqui uma palavra sobre a vertente bafienta de Cavaco. Postei uns grafismos que comparavam Cavaco a Salazar. Esta questão está latente na opinião pública. Paulo Pedroso explica-a muito bem e as entrevistas da TVI colocam ênfase na opinião dos candidatos de esquerda sobre os riscos democráticos da eleição de Cavaco.
Sejamos claros: ninguém acha que Cavaco seja fascista, salazarista, ou que a sua eventual eleição pusesse em causa o estado de direito democrático em que vivemos (e que sabemos a quem devemos e também quem nada fez para que assim seja). Portanto consoante o meio em que intervimos (e os grafismos no meu humilde blogue, são simples desabafos criativos sem o peso da responsabilidade da comunicação para massas), a questão existe.
A própria postura de Cavaco Silva, agora como antes (o período da sua governação, nos lembra inevitavelmente, quem ele é!
E das duas uma: ou Cavaco pretende ser um presidente ausente do povo e das questões determinantes para o país e a sua campanha faz sentido, ou pretende intervir, como aliás afirma e a sua campanha é enganadora e mentirosa.

A partir de hoje esse senhor deixa de me importar. Passo a olhar só para Soares Presidente cuja campanha está, inequivocamente, a ser um exemplo de civismo, de política séria e de empenhamento pessoal. Pela mesma razão de sempre: Portugal.