terça-feira, setembro 21, 2004

A Mortificação Corporal de Bagão


blogger Posted by Hello

Eu, em crítica tenaz permanente, na procura exaustiva da desmontagem das várias ilusões artísticas e sociais, corroborador da tese de César Monteiro segundo a qual o Quim Barreiros é muito melhor que os Madredeus, porque simplesmente não está ali para enganar ninguém, reconheço que adorei o Código DaVinci, que li de alguém, tendo ficado pelo Capítulo 51, aguardando que o LP me empreste a sua cópia.
Acho o livro, até agora, fantástico, mas adiante porque não intento fazer considerações literárias. Por agora.

As referências (surpreendentes para mim) que o autor faz ao Opus Dei deliciaram-me. Efectivamente ficamos a saber que o livro inspirador da seita é O Caminho, de Josemaría Escrivá (fundador por inspiração divina) e que instiga os membros a sofrerem física e psicologicamente.
Um desses métodos é o cilício, instrumento que se pode ver na foto. Funciona como uma espécie de liga de arame farpado e pretende relembrar o utilizador dos seus compromissos com a abstinência erótica, uma vez que (tese no mínimo ridícula) o desejo sexual dilata o músculo da perna aumentando a dor. Os utilizadores negam que o usam e não confirmam a sua existência.

Aqui podem ver esta e outras técnicas de sofrimento, sugeridas pela organização.

As recentes aparições e todo o discurso do Ministro das Finanças apelam a algo parecido: o povo tem de sofrer! Ninguém se preocupa em explicar ao governante que a sua missão é precisamente oposta ao que advoga. A função de um governante é aumentar a qualidade de vida das pessoas e minorar o seu sofrimento. Fica na memória o seu discurso de incentivo ao esforço das famílias, muito bem desmontado pelo PAS/País Relativo.

Bagão, de forma por enquanto metafórica, apela aos valores que fundamentam a sua doutrina de vida. Tão pessimista como ando, acredito que o povo gosta destes pais castigadores (Salazar, Cavaco) e lhe devolverá a bênção. Toca a votar no CDS, que a culpa cristã não pode morrer solteira.




PS - Não se sabe a posição de Paulo Portas sobre a utilização do cilício, mas dão-se alvíssaras a quem tiver pistas.