segunda-feira, agosto 21, 2006

Coincidência reveladora

Tem o humilde escriba dissecado a bizarria editorial da nação eis senão quando recebe, qual Wiston Smith, a revelação pior da sua evidente adulteração da observação do real.

Sexta recebe uma chamada de número anónimo. Identificada Mariana do jornal Expresso esclarece que quer entrevistar "pessoas afastadas da televisão". Em poucos minutos percebe que não estou afastado e desiste. Hoje, segunda, Susete do mui nobre e divertido, sempre astuto e perspicaz 24 Horas, revela o mesmo périplo. Passados longos minutos percebe que foi a televisão que se afastou e não a pobre primeira pessoa.
Acedo àquilo, porque me parece minimamente honesta. Esclareço que vou estar mais um ano chateado com eles, depois do que publicarem. Garante-me que não.

O que leva um jornalista ao Expresso e outro ao 24 Horas? Só pode ser a sorte, madrasta, pois então.

Imagino que quando saem à noite, uma ostenta o local de trabalho como quem usa brincos de pechisbeque adquiridos numa praia do Sul de Espanha. A outra, faz igualmente pela vida que vai não vai até lhe custa mais, porque não pode, como a primeira, fingir que toca piano e fala francês. Quando frequenta tertúlias esconde o seu empregador, porque apesar de quase todos os interlocutores o lerem a todos causa má impressão..

Mas as duas raparigas têm em comum "pessoas afastadas da televisão" e, sugeridas que foram por um editor eficaz, não devem ter presente que mais vale estar afastado, que por dentro de um sistema devorador de ideias, de conceitos e de métodos.
A não perder no próximo sábado. No Expresso ou no 24 Horas.