segunda-feira, agosto 01, 2005

OTA


Por dois motivos diferentes, embora com origem no mesmo quadrante político, a Opinião Publicada, parece aceitar a Rede de Alta Velocidade (RAVE), na mesma medida que recusa o novo aeroporto na OTA.

Ao contrário, não tenho dúvidas sobre a necessidade de construção do novo aeroporto da OTA, enquanto em relação à RAVE julgo só poder fazer sentido se se atingirem os níveis de velocidade máxima e se for consubstanciada a possibilidade de transporte de mercadorias.

Do ponto de vista político é essencialmente um falso problema de origem emocional. Por um lado Marques Mendes aposta no aparente afecto que os candidatos (de todos os partidos) acham que a população tem pela Portela. A sobrevivência política de Mendes depende dos resultados em Lisboa e no Porto, ao contrário de todos os outros lideres partidários.

Do ponto de vista da matéria económica, este espernear compulsivo dos suspeitos do costume, vislumbra que algo terá saído da esfera das suas influências. Parece que o PSD queria fazer a OTA, como anunciou vezes sem conta, exclusivamente se definisse as regras do jogo. Isto não lhes fica bem, mas enfim.

Quem viveu, estudou e trabalhou, toda a vida em Lisboa sabe que sempre se ouviram as queixas de segurança que assustam todos nós. O aeroporto alimentou sempre as fobias dos lisboetas na mesma medida que a possibilidade de um grande terramoto. Sempre se ouviu a perigosidade que os pilotos atribuem à localização do actual aeroporto, especialmente na aterragem. Para além disso e independentemente do factor risco acrescido, ninguém poderá deixar de concordar que é diferente a existência de um acidente no meio de uma grande urbe, em relação a um descampado perto de uma vila.

Mas porque podemos sair à rua e cair-nos um vaso na cabeça, como alguns profetas da desgraça gostam de lembrar, há um outro efeito contemporâneo, ainda mais nefasto, porque é contínuo e não extraordinário.

Luísa Schmidt, conceituada analista ambiental, esclarece na revista Única (Expresso, 23-07-2005) que um estudo recente da Universidade Nova revela que Lisboa é a capital dos países da união europeia com maiores índices de poluição. Eu não conheço o referido estudo, mas é notado que as causas para tal calamidade se devem à emissão de combustíveis. Gostaria de saber quanto dessas emissões se deve à aceleração e desaceleração de milhares de aviões, cujos motores carburam combustíveis altamente nocivos e mesmo em cima das nossas cabeças.

Achei piada a ver o senhor actual chefe da Quercos, numa apresentação pública do anterior governo PSD, em plena campanha para as últimas legislativas, que como se vê, com ou sem co-inceneração, foi inútil. Já acho estranho nem uma palavra sobre esta matéria de saúde pública ambiental. E já agora uma pergunta: para que serve a legislação sobre emissão de ruído? Se quiserem cedo o meu escritório para que se possa medir o ruído causado e a frequência diária do mesmo.

4 Comments:

At 11:11 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Concordo inteiramente com este teu ponto de vista.
No entanto, falta-lhe um pequeno pormenor, em relação ao RAVE, se fizessem a ligação ao porto de Sines, então aí, já seria viável aquele antigo sonho dos portugueses, de embarcar e desembarcar as mercadorias de e para a Europa através dauqle porto

 
At 12:49 da manhã, Blogger HB said...

Integralmente de acordo. Imagino que seria mais lucrativo que a ligação Porto/Vigo.

 
At 9:07 da manhã, Anonymous Anónimo said...

A ligação Porto-Vigo é só para dar um rebuçadito (muito caro) à malta do Porto. "Carago"!!!!
Não tem o mais pequeno interesse comercial

 
At 10:58 da tarde, Blogger HB said...

Ah, sim. Embora ache genericamente que a construção do tgv não deva ser visto numa lógica estritamente comercial, mas também estratégica.

 

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