segunda-feira, junho 16, 2008

Semana Horribilis

Há 22 anos que a selecção nacional não tinha uma semana tão vergonhosa como esta que passou. Durante uma semana o público, os dirigentes e até a maioria dos jogadores foram humilhados, mal tratados, gozados até.
Desde Saltillo que não se assistia a tal embaraço, que tem obviamente um e só um responsável. Scolari mostrou a 4 ou 2 jogos de se ir embora, como é a sua verdadeira personalidade.

Cada um dos casos isolados seria absolutamente inédito na história da equipa nacional e se calhar na história de todas as selecções do mundo. Combinados, os três casos, revelam uma situação verdadeiramente calamitosa que só a vitória contra a (provável) Alemanha pode conseguir disfarçar. Mas, numa perspectiva fria e o mais possível distanciada, não podemos ficar insensíveis a tudo o que se passou.

1º Scolari/Chelsea
É evidente que Scolari não tinha quaisquer possibilidades de adiar o anúncio da sua contratação por Abramovich. Talvez tenha até conseguido que tal notícia tenha sido adiada até ao provável alcance do objectivo mínimo combinado com Madaíl: os quartos de final.
Mas é inédito: os treinadores que abandonam as respectivas selecções e até os que já estão escolhidos pelas respectivas federações, são enunciados antes ou depois do Euro e não durante a competição. Foi assim com Van Basten, Koebi Kuhn e Otmar Hitzfeld.
O mais vergonhoso deste anúncio é que bem se vê a diferença de relacionamento de Scolari com o futuro patrão em relação ao actual, seguramente para ele um pobre dono de uma padaria com quem tem de falar de quando em vez. Vai levar consigo Murtosa? Vai ter o controlo e a supremacia que tem em relação à imprensa portuguesa? Vai manter com os jornalistas britânicos o estilo quero, posso e mando que tem com os nossos? E eles? Vão aturar-lhe os arrufos, má criações e cinismo, que os nossos diariamente aturam? Vão achar normal que perca um jogo, assuma que estava à espera, depois do próprio e o capitão de equipa e todos os jogadores que pronunciaram, terem garantido a vitória contra a Suiça?
É mais que evidente que Scolari teve bons resultados, globalmente, ao serviço da selecção portuguesa. Um 2º e um 4º lugar no Euro e no Mundial, revelam bom trabalho. Mas as condições em que tais resultados aconteceram são únicas. E a sua relação com os adeptos da selecção, com os jogadores, com a imprensa e com os dirigentes, fazem-me suspeitar de algo: não conseguirá chegar ao final da época nos Blues de Londres. É um sujeito que precisa de muita margem para errar para conseguir atingir objectivos. E ali a margem será zero!

2º Deco
Nunca assisti, talvez tenha havido algum caso, a um jogador abandonar um estágio neste género de competições, quanto mais durante a própria. Dizem-nos que foi tratar do divórcio. Acredito. Porquê? Não poderia tratar depois do Euro? Qual é a diferença substancial? Só mesmo se pretender assinar um contrato com outro empregador e para tal queira estar desvinculado dos compromissos matrimoniais que comprometerão o encaixe financeiro que pretende. Não. Não tem um familiar às portas da morte. Não nasceu um filho. Um divórcio levou um jogador a abandonar a concentração da equipa nacional durante o Euro 2008. Que outras excepções poderão ser patrocinadas pela federação e ordenadas pelo actual seleccionador? De certeza que se um jogador solicitar idêntica benesse, lhe é autorizada? E se não for? Como fica o ambiente naquele grupo de “irmãos”?

3º Derrota com a Suíça
Scolari achou normal o resultado. Mas não, não é. Humberto Coelho em situação idêntica ganhou 3-0 à Alemanha. E só com Couto, dos titulares, a titular, se não me falha a memória (Fiz 28 anos nesse dia e sim, estava no estádio). Eu não acho. Acho uma vergonha, fruto sem dúvida, da 2ª parte inqualificável da equipa que representa a federação de Portugal. Mesmo com uma péssima arbitragem como bem lembrou Joaquim Oliveira. Portugal só podia ter ganho, outro resultado é uma péssima prestação e um desrespeito para os emigrantes, para os que se deslocaram de propósito e para os milhões que se juntaram para apoiar a equipa.


Esta semana horribilis, felizmente terminou. Um bom resultado contra a Alemanha afastará todas as nódoas da nossa prestação. Mas, esta semana, os três casos que se sucederam, não são positivos para a vitória que todos desejamos. Pelo contrário. Prejudicam o já por si mesmo difícil: a passagem às meias finais. Estarei lá, como estive em Genebra contra a Turquia. E estranho: aquele que parecia ser o nosso maior problema fora do terreno de jogo, é afinal um cordeirinho de comportamento se comparado com os seus “compatriotas”, Scolari e Deco. As nossas esperanças voltam a virar-se para Ronaldo. Noutros tempos, também a grandeza de Figo, Rui Costa e companhia, eliminaram a merda que à sua volta era criada. Em 2002 não conseguiram. E este ano? Cara ou Coroa. Gritarei até que a voz me doa. O que não chega para nada.

quarta-feira, junho 04, 2008

Só encaixam metade

A decisão da UEFA de afastar o FC Porto da liga dos campeões não é tão má como parece. Pelo menos do ponto de vista financeiro o clube receberá metade do valor atribuído às equipas que entram na fase de grupos, 2,5 Milhões de Euros.

O montante será pago pelo Sporting, clube amigo, numa alegada contratação de um jogador dispensado pelo treinador Jesualdo.

Com metade do encaixe, a penalização do FC Porto é assim atenuada, sendo de somar as saídas de uma ou outra truta para garantir uma época sem sobressaltos financeiros. Mas a primeira ajuda veio da mão amiga do clube satélite do Futebol Clube do Porto, o Sporting Clube do Porto.

segunda-feira, junho 02, 2008

A um passo de mudar a América

Só falta mesmo a contagem das primárias de amanhã em Montana e Dakota do Sul para Barack Obama ser consagrado o candidato democrata às eleições presidenciais.

Clinton poderá amanhã emendar a mão dos últimos meses e sair airosamente da corrida que perdeu: no voto popular, nos estados, em delegados e super delegados. Em todas as frentes o Senador do Illinois venceu a sua oponente. Amanhã vencerá os estados que faltam e superará os 2118 delegados (novo “ticket” depois de admitidos os delegados da Florida, onde não fez campanha e do Michigan, onde nem estava no boletim de voto. Estados castigados e retirados da Convenção pela Democratic National Convention antes das próprias eleições, por anteciparem o voto).

Clinton poderá também insistir em chegar à Convenção de Detroit e procurar um golpe de secretaria, uma vez que, mesmo estando em minoria de delegados, a diferença pode dar para criar o caos político.

Obama enfrenta agora outro momento político. Partiu como “underdog” contra a senadora de Nova Iorque e inverteu a campanha com o seu “momentum”.
Clinton conseguiu denegrir o adversário, através de uma campanha negativa. Como resultado, Obama, que liderava todas as sondagens contra todos os candidatos democratas e republicanos, está agora em desvantagem muito ligeira em relação a McCann.
É uma vantagem partir como “underdog”. Que o diga MacCann. Muitos dos votos de Clinton serão, com o passar do tempo, canalizados para Obama. Não tenho grandes dúvidas que a corrida final para a Casa Branca, com mais peripécia, menos palhaçada, será um passeio tranquilo para Barack Obama. Só falta mesmo uma coisa: que Clinton saia da cena mediática para que os democratas possam partir para o verdadeiro combate.

Notas de Comunicação 2

A ideia hipócrita que se tenta passar sobre a chamada política espectáculo, não passa disso mesmo: demagogia, populismo e cinismo.

Exemplo acabado é o de Ferreira Leite. Anunciou no espectáculo de lançamento da sua campanha que não contassem com ela para o fazer. Passou a campanha em palcos, com os mal conseguidos cenários, frases e todas as características necessárias a quem quer comunicar: áudio, iluminação, etc.

Na verdade os momentos de comunicação política indispensáveis à vida contemporânea, poupam milhões de euros em publicidade pura e dura e asseguram uma comunicação directa, ainda assim, mais verdadeira com as pessoas, embora no “mass market” sempre e cada vez mais dependente do critério editorial do jornalista, do editor, do director, que, de acordo com os seus próprios objectivos políticos, censuram, escolhem e passam o lápis.

Finalmente e verdadeiramente faltará o investimento na avaliação concreta e séria nos projectos onde sucessões de políticos e responsáveis públicos falharam. Esse escrutínio é hoje feito por mera associação livre, sem qualquer consistência técnica, simplesmente por vontade de denegrir aqui, escondendo ali e cacicando acolá. Avaliaria igualmente a importância de várias medidas legislativas e políticas do actual governo, que criou mecanismos em diversas áreas, no sentido da clarificação, da transparência e do rigor. Essa parte da acção governativa, está completamente esquecida no sector da informação pública.

Notas de Comunicação

O Sporting mostrou verdadeira raça do leão.

Durante anos tem feito uma verdadeira campanha pública, dirigida pelos seus altos responsáveis, presidentes e treinadores, que visa descredibilizar a acção de responsabilização dos agentes desportivos que não são sérios. A base dessa estratégia passa por colocar todos os agentes externos no mesmo saco: todos os árbitros são corruptos, todos os dirigentes dos clubes estão envolvidos, todos os responsáveis federativos e da liga pertencem a um “umbrella” de comunicação denominado “Sistema”.
O lançamento propositado da suspeição e confusão geral visa dificultar e emaranhar o esclarecimento cabal da verdade desportiva.

Paralelamente o Sporting é o maior suporte do “Sistema”. Assim foi com as ligações de Sousa Cintra com o poder do norte, na célebre viagem com Durão Barrosos e outras, assim foi com a amizade íntima de Dias da Cunha com Pinto da Costa e assim é, a partir de ontem, com o anúncio da contratação de Hélder Postiga.

A contratação do avançado português, que até considero razoável jogador, é estranha no quadro de um plantel que de certeza não precisa de um ponta-de-lança. Liedson, Djaló e os contratados do ano passado, Tiuí, Purovic e Derlei, perfazem uma linha da frente de 5 homens. Estariam os dirigentes, ainda assim, descontentes, assumindo portanto um conjunto de barretes que enfiaram (quiseram enfiar)? Teoricamente possível, mas não é verdade.
A contratação de Postiga representa, de acordo com os jornais da especialidade, um encaixe financeiro para o FC Porto de 2,5 Milhões de Euros, mantendo o clube do norte 50% do passe do jogador e recebe um jovem júnior do Sporting, que os conhecedores das tácticas de Pinto da Costa sabem, terá mais possibilidades de afirmação que o próprio Postiga. Todo o clube “Andrade” trabalhará nessa pequena humilhação. Um verdadeiro negócio da China: o Porto vende metade do passe de um dispensado, recebe um júnior e encaixa 2,5 milhões do clube anti-sistema que possui 5 avançados na equipa.

O Sporting é o Patinha Antão do futebol. Ele candidatou-se exclusivamente para combater Ferreira Leite. O Sporting, no meio futebolístico português, existe para lançar a confusão que iliba os corruptos.
O mais estranho não é isso: é incompreensível que o Sporting não receba por esse papel a que se presta. Não! O Sporting paga! O Sporting, inventor da marca “Sistema” paga ao “Sistema” dois carapaus e meio dos grandes. E não bufa!

Notas de Comunicação 3

Deve ou não a Selecção Nacional passar o estágio em festanças organizadas para dar e receber apoio político? É subjectivo. Presidente da República sim, Câmara Municipal não.

O problema é que não faz sentido ir ter com os dignos representantes do povo, ignorando ostensivamente o próprio povo que fora dos elitistas espaços escolhidos aguarda e acarinha os jogadores.

Foi vergonhoso ver os jogadores a caminho do Teatro Viriato e do Teatro de Belém, sem um aceno, um cumprimento, um autógrafo, às pessoas que por eles esperavam, na esperança de obter mais reconhecimento que qualquer vitória que venham a alcançar.