terça-feira, outubro 31, 2006

Senilidade

Mário Soares apresentou ontem o seu livro "Um Debate Ibérico no contexto Europeu e Mundial", que escreveu a meias com Frederico Mayor Zaragoza.
Foi um momento comovente ver Mário Soares a dirigir as curtas palavras que proferiu. "(...) Sou um combatente, acho que vou morrer assim(...)", afirmou ternamente.

Joana Amaral Dias começou por apresentar o livro, manifestando-se "habituada a sentar-me à sua esquerda e (...) estou aqui porque nas passadas eleições presidenciais comprometemo-nos a fazer um debate de gerações". Levava a lição bem estudada e foi irreverente: condição sine qua non que explica bem a relação que tem com Soares. Foi astuta ao elogiar e simultaneamente declarar as partes do livro que lhe são divergentes.
Freitas do Amaral foi, também, brilhante. Integrou o livro no quadro da sua própria experiência, inclusive como Presidente da Assembleia Geral da ONU. Aí anunciou surpreendente e pela primeira vez que quando exercia funções chamou os cinco representantes do Concelho Permanente para os inquirir sobre a dificuldade de fazer a, por eles, anunciada e adiada reforma. Todos, individualmente, lhe responderam um taxativo: "não haverá reforma!": Vivêssemos nós uma sociedade séria e focalizada e este testemunho seguramente abriria telejornais por esse mundo fora.
Propôs uma inteligente inversão do título: "Um debate europeu e Mundial no contexto Ibérico", justificado pela sua leitura e dimensão dos autores.
Terminou com uma brilhante ideia. Criar uma organização de Grandes Nomes Mundiais, que de forma ordinária e extraordinária, emitam opinião sobre as questões internacionais marcantes. Esta espécie de consciência crítica da obsoleta ONU, seria constituída por prémios Nobel, chefes de Estado e figuras de grande importância (Ex.: Butros Butros-Gali, Nelson Mandela, Mikhail Gorbachev, Joschka Fischer, entre outros, num grupo inicial de "cerca de 25", onde naturalmente incluiu Soares e Frederico Mayor). É uma ideia genial e não tenho dúvidas que será implementada, resta saber daqui a quanto tempo.


Enquanto decorria esta apresentação, no outro lado da cidade, no Atrium Saldanha, diz quem viu um aparato policial estrondoso. Aparentava indício de ataque bombista, embora as pessoas não fossem impedidas de entrar no centro comercial. Acontece que estava lá o Presidente da República, Cavaco Silva, aparentemente para ir ao cinema.
Esta fobia securitária não é exclusiva de Cavaco. Todos se lembram da forma como Santana andava rodeado de uma exagerada panóplia de forças policiais. Esta fobia daquele que desempenha o mais alto cargo da nação, revela bem o tipo de relação que alguns mantém com o povo que os elegeu. Basta ver Sócrates a passear sozinho nas Amoreiras e a forma como Soares sempre lidou com a situação. O célebre "Ó xô Guarda, vá-se embora, vá p'rá Porra!" é um inesquecível exemplo.
Afinal a SENILIDADE. Quando, um dia, Cavaco olhar para o lado e não vir a comitiva de polícia a seu lado, vai realizar que está tão só como sempre esteve. Mesmo quando enchia as ruas de polícia para ir ao cinema.

Um país distraído

Ainda não vi em Portugal, nada referente ao fenómeno mundial do momento.
O anti-semita, racista, machista, homofóbico e imperdível Borat estreia em Portugal a 30 de Novembro. Às vezes penso que andamos a dormir. Andamos?

Borat on Friday Night with Jonathan Ross

Borat interview with Chuck the Movieguy

(uma semana)

Peter Gabriel and Yusuf Islam - Wild World

Afinal andou sempre por aí. Estratégia, estratégia. O mito não pára.
Em Novembro de 2003, em Cape Town, no 46664 Concert .

Yusuf Islam - I Look I See

Em 2004, no Royal Albert Hall.

Ronan Keating ft. Yusuf Islam - Father And Son

Em Dezembro de 2004, um cover fraquinho...

Yusuf Islam - Heaven/Where True Love Goes

Giro, giro era fazermos cá um concerto da UNHCR...
Durante este anos o homem gravou discos só com percussões e vozes, sob temas religiosos. Andou sempre por cá e nós distraídos. O tema do novo álbum de originais (agora sim, sem limite temático e de intrumentos).

Promiscuidade na Euro Disney

O mundo está louco. É por estas e por outras que temos de dar razão ao homofóbicos. Uma coisa é a Minnie ser ninfomaníaca, outra é o Pateta ser um tarado sexual, o Mickey um sonso, o boneco de neve depravado e o Pluto impotente. Outra é o Teco gostar de sodomia masculina. A importância destas imagens é fundamental para compreendermos o actual estado de valores da humanidade. Nada desculpa a postura vergonhosa de Teco. Olhe para seu comportado irmão Tico, a ver se muda de comportamento. Faz todo o sentido o escândalo que estas imagens constituem.

segunda-feira, outubro 30, 2006

Num país onde o cantor de intervenção Sérgio Godinho é comentador de futebol...

... Um senhor lança um jornal só para contar as tricas de como foi despedido.

De resto, intelectualmente, continua a impressionar a classe política
e os comentadores.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Dia N


No dia em que o PS e o Benfica têm sufrágios, era bom que Sócrates ganhasse e Vieira perdesse :)

Eleições sem nada de especial. Em vez de ir votar é melhor serão ficar a ver a SIC Notícias. Às nove fala o Pai do País, Mário Soares e às vinte e três, Paulo Campos no Expresso da meia-noite. Acredito que serão momentos mais democráticos que os outros dois...

quarta-feira, outubro 25, 2006

Yusuf Islam - His Life And Conversion (Part 1)
Aqui está a entrevista do músico Yusuf Yslam, reproduzida em seis segmentos. O seu álbum, agendado para 16 de Novembro, deixa-me contente.
Não grava desde 1978, o último concerto foi em 79 e este ano reapareceu. Eu tinha saudades. Divirtam-se, porque afinal o que parece, às vezes, não é.

Yusuf Islam - His Life And Conversion (Part 2)

Yusuf Islam - His Life And Conversion (Part 3)

Yusuf Islam - His Life And Conversion (Part 4)

Yusuf Islam - His Life And Conversion (Part 5)

Yusuf Islam - His Life And Conversion (Part 6)

Yusuf Islam, "Peace Train"

Para finalizar uma versão recente (2006)...

terça-feira, outubro 24, 2006

Cat Stevens, "Hard Headed Woman"

... E uma antiga (1978).

quinta-feira, outubro 19, 2006

The Great Portuguese

Inspirado no polémico Great Britons que a BBC Two lançou em 2002, a televisão pública lançou mãos à obra e apresenta, orgulhosa, "Grandes Portugueses", no prime time da RTP1. Queria ter começado por escrever estas palavras dizendo que seria impossível para os ingleses misturarem Shakspeare com Beckham, mas saiu-me o tiro pela culatra. Afinal lá como cá os exemplos de sodomia pública não param, desde a meia hora que Petr Chec esperou por uma ambulância com um traumatismo craniano com afundamento, até este inovador conceito televisivo e estadual.

Num certo sentido uma das vantagens das estações privadas é a sua genuinidade, ou seja, não se podem dar ao luxo de enganar os segmentos, sob risco de os perderem. Assim, fazem produtos essencialmente pimba e quando arriscam algo mais elaborado, procuram seguir à risca as regras necessárias. A televisão pública pode cuspir calmamente na face dos portugueses, fruto um pouco da ideia do utilizador pagador: pagamos, logo aceitamos.

Uma grande portuguesa
O segredo do sucesso de Maria Elisa é simples: é uma figura banal e medíocre, condição sine qua non para vencer neste país, neste meio. De facto, ninguém consegue detectar uma ponta de talento, de eficácia, um rasgo, um momento surpreendente. Ela mantém-se numa verificável linha estável, num cinzentismo permanente, num tom monocórdico, embora arrastado, como convém.
O seu percurso representa justamente a falta de chama que a conduz circularmente ao topo do poder, por linhas tortas ou direitas.
Após muitos anos na RTP, Elisa saiu para lançar a televisão privada. A convite de Balsemão, foi a primeira Directora de Informação e Programas da SIC. Acontece que a sua prestação terá preocupado o homem forte da Impresa. A conturbada relação com a redacção (em formação) e decisões escandalosas na programação (como a forma de compra de O Labirinto à cabeça) terão levado ao seu original despedimento, pouco tempo antes do arranque da emissão da SIC, substituída então por Emídio Rangel. Voltou para a RTP (doravante A Mama).
Rapidamente conquistou novo lugar de realce, ora no entretenimento, ora na informação, ora no infoentretenimento. Em 2001 foi candidata a deputada pelo PSD e uma estranha polémica obrigou-a a ter de abdicar do quadro d'A Mama. Estranha porque Maria Elisa sentiu que a Lei da Incompatibilidade a visava e ficou magoada. Depois, afirmou mais tarde, sentiu-se desiludida com o PSD e foi colocada como adida cultural na Embaixada de Londres. Outros 4 milhões de portugueses, também desiludidos com o PSD, aguardam a mesma sorte: serem colocados numa embaixada. Freitas do Amaral acabou com certas mordomias e Elisa voltou a ficar triste. Regressou a Portugal via imprensa cor-de-rosa, estabelecendo-se no Porto a cavalo num romance com o digno e sério presidente do FC Porto. Diz-me com quem andas... Terminada a relação, volta agora à Mama, que a recebe chorudamente com a merecida passadeira (vermelha?).
O seu percurso próximo não apresenta qualquer dúvida. Se fosse uma folha Excel teria na coluna horizontal três fases: entretenimento, infoentretenimento e informação. Na coluna vertical outras três: optimismo, dúvida, pessimismo. Tudo fará para restabelecer a confiança dos seus pares do PSD.

O Formato
Primeiro estranha-se, depois adora-se. É um prazer poder escolher os Grandes Portugueses. Basicamente porque não existe qualquer possibilidade de critério para tal escolha. Não, não é um programa de non sense. É a primeira experiência daquilo que pode ser um novo conceito: a televisão surrealista.
O site do programa avisa-nos logo para esse exercício: podemos votar em quem quisermos. E lembra que a lista apresentada é só uma sugestão. Mas essa sugestão demonstra bem a dificuldade que se nos apresenta: como optar entre Beatriz Costa e António Livramento? Entre Belmiro de Azevedo e Maria João Pires? Entre João César Monteiro e o Santo António? (Aqui a escolha será mais fácil para os portugueses: o Santo António só fez milagres e nunca fez um filme negro).

Poderemos sempre pensar que alguns vão votar por opção política. Será evidente o que levará uns a escolher Zeca Afonso e outros Oliveira Salazar. Outros por clubite: embora erradamente, uns decidirão que o maior português é António Jesus Correia, outros, Eusébio.
O próprio outdoor que compara Rosa Mota a Vasco da Gama é revelador. O bem esgalhado trocadilho do ouro e da pimenta, fará com que muitos optem por ela, mas é uma comparação mais feliz que, por exemplo, Diogo Cão e Maria de Lurdes Pintassilgo, brincadeira que seria parva uma vez que a grandeza de uma figura não se mede pelo nome de animal que tem.
Uma das mais dolorosas escolhas será entre o primeiro e o último chefe de estado: D. Afonso Henriques e Cavaco Silva travarão um luta renhida até ao fim, com clara vantagem para o algarvio que goza de uma dinâmica vencedora e de apoio logístico, partidário e do Palácio. Além disso, no tempo do primeiro rei, o Algarve não fez parte do formado país o que demonstra bem a intenção de voto daquele território.

Salvaguardar que Mário Soares é o único português vivo sugerido cuja fotografia tem mais de 20 anos. É um claro sinal que quem aceitar a sugestão está a votar no fantasma e não no Mário Soares, vivo, activo e que recentemente concorreu democraticamente a eleições. Ramalho Eanes, Sampaio, Saramago, Paula Rego, enfim, todos os outros Grandes Portugueses vivos têm fotografias actuais.
Depois há também o aspecto lúdico. Na emissão do passado domingo, um separador apresentava uma sequência de alguns destes portugueses. Francisco Sá Carneiro aparecia a seguir a Fernando Pessoa. Essa ideia confirma a tese de muitos de nós que acham que o poeta e o político tiveram algum tipo de relacionamento...

Os que faltam
Não obstante a oportunidade de tão divertido programa e apesar de podermos votar em quem quisermos, é no mínimo injusto que alguns portugueses não estejam na lista de sugestão a começar logo por Maria Elisa, mas também Judite de Sousa, Fernando Seara, Manuela Moura Guedes e José Eduardo Moniz.
Eu, especialmente, sinto falta de Tamagnini Nené, Minervino Pietra e Manuel Galrinho Bento.
Sinto falta de uma área para Margaridas. Rebelo Pinto, Pinto Correia e Marante são grandes e indispensáveis portuguesas.
Acho a lista dos Cintra incompleta. Se Luís Miguel, o encenador, está, porque não está Sousa, o cervejeiro e Eduardo (...) Torres o crítico/autor de programas da RTP?
O público que, como eu, gosta de uma certa traulitada estranha que não constem figuras como o Melo, arruaceiro e o lisboeta da década de 60 mais danado para andar à pêra e Rosa Casaco, que não só comandou a brigada da "Operação Outono", que visou o assassinato de Humberto Delgado, como terá colaborado no espancamento de extermínio de Arajaryr Campos embora considere que foi traído pelo autor do disparo, Casimiro Monteiro, uma vez que a operação era de rapto e não homicídio.
Ainda na dinâmica da cacetada, noutro plano, mas afinal tudo vale em Grandes Portugueses, dois deveriam ser imediatamente colocados na pool: os Pintos. João fez tudo aquilo que um português quer fazer a um árbitro e Sá, tudo aquilo que um benfiquista quer fazer ao Fernando Santos.

A bronca na GB
Basicamente o programa, em terras de sua majestade, deu barraca. Estranho. E por alguns motivos: primeiro a BBC Two resguardou o mais que pôde Winston Churchil, para que não desse uma verdadeira cabazada nos oponentes, o que veio, finalmente, a verificar-se.
A rapaziada da Universidade de Brunel montou uma mega campanha para levar Isambard Kingdom Brunel, o engenheiro inglês responsável pela Great Western Railway e por vários projectos engenhosos como pontes, túneis subaquáticos e afins, a um escandaloso 2º lugar à frente de Diana de Gales (3ª), Darwin (4º), Shakspeare (5º), David Bowie (29º) e David Beckham (33º).
Finalmente, na lista final das 100 personalidades apenas 13 são mulheres, o que irritou as feministas e deu razão aos machistas. Os irlandeses foram excluídos (Bono e Geldof), Freddie Mercury (nascido em Zanzibar) não e o primeiro escocês apareceu em 20º lugar (Alexander Flaming) e o primeiro gaulês em 23º (Owain Glyndwr).

Claro que em Portugal não se vai pôr esta questão porque obviamente Eusébio é português e pode entrar e Xanana é timorense e não pode.

A minha Lista
Ao fazer um exercício muito idêntico ao do programa, constato que, ao contrário de outros compatriotas, dou muita importância às artes, às letras e às ciências.

1- João César Monteiro
2- Eusébio
3- Chalana
4- Rui Costa
5- Santo António
6- Nené
7- Ferreirinha (gostei muito da série e convém haver quotas)
8- Humberto Coelho
9- António Damásio
10- Coluna

11- José Águas, 12- Emanuel Nunes, 13- Toni, 14- Nuno Gomes, 15- Paula Rego, 16- Diamantino, 17- Simão Sabrosa, 18- Sobrinho Simões, 19- Rui Águas, 20- Mário Wilson, 21- Bento, 22- Fernando Pessoa, 23- Pietra, 24- Bastos Lopes, 25- Fernando Meira, 26- Mário de Sá Carneiro, 27- Vítor Batista, 28- Cavungi, 29- Shéu Han, 30- Álvaro, 31- Veloso, 32- Luís Miguel Cintra, 33- O Barbas, 34- Jorge Máximo, taxista, 35- Petit, 36- Ricardo Rocha, 37- Laranjeira, 38- Alberto, 39- José Saramago, 40- Simões, 41- Costa Pereira, 42- José Augusto, 43- Alexandre Quintanilha, 44- Jaime Graça, 45- Tavares, 46- Nelo, 47- Futre, 48- Miguel, 49- Manuel Fernandes, 50- João Magueijo, 51- João Alves, 52- Carlitos, 53- Jorge de Brito, 54- José Henriques, 55- Neno, 56- Florbela Espanca, 57- Florbela Queiroz, 58- Gil, 59- Paulo Madeira, 60- José Moreira, 61- Nélson, 62- Bruno Bastos, 63- Carlos Alhinho, 64- Infante Dom Henrique, 65- Carlos Lisboa, 66- José Azevedo, 67- Vanessa Fernandes, 68- António Leitão, 69- Silvino, 70- João Pereira, 71- Nuno Assis, 72- Quim, 73- Siza Vieira, 74- Gullit (célebre líder dos NN, já falecido), 75- Cosme Damião, 76- Ribeiro dos Reis, 77- João Santos, 78- Luís Filipe Vieira, 79- José Veiga, 80- Hélio Roque, 81- Manoel de Oliveira, 82- Torres, 83- Matine, 84- Malta da Silva, 85- Arsénio, 86- Félix, 87- Pipi, 88- da Margarida Rebelo Pinto, 90- Germano, 91- Borges Coutinho, 92- Manuel Damásio, 93- Cavém, 94- Paulo Jorge, 95- Luís Vaz de Camões, 96- Artur Santos, 97- Maurício Vieira de Brito, 98- Salazar, 99- Rosa Casaco e 100- Maria Elisa Domingues!


Conclusão
Dos fracos não reza a história, diz o povo e portanto toca a votar. Aconselho vivamente o voto por chamada de valor acrescentado. Pensa que vota assim, em quem quiser, sem pagar? Não esqueçamos um objectivo secundário: os nossos impostos pagam esta charada, sem espinhas. Mas se o in come for gratificante, outros belos programas se seguirão. Esse problema não diz respeito a Maria Elisa. Por esta altura estará de novo a caminho do quadro d'A Mama.

terça-feira, outubro 17, 2006

PS dá boleia...

Já não bastou a renúncia de Sampaio em receber, sob ameaça chinesa, o Dalai Lama com as honras devidas, ter sido atribuída a organização dos Jogos Olímpicos a Pequim (enfim, também os EUA de tempos a tempos os organizam), para agora chegar a vez do PS borrar a bota.

Consta que José Lello terá convidado o PC Chinês para estar presente no XV congresso nacional de Novembro próximo. Eles, claro, aceitaram.

Parece que a rapaziada não percebeu, ou leu sequer sobre, a recente polémica referente à presença das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colómbia) na festa do Avante.

Com um grande esforço acredito que, em teoria, seria possível, e recomendável, retirar a organização dos Jogos a Pequim, em honra das desaparecidas, torturadas e sumariamente executadas vítimas do regime chinês. Vai daí que eles não se poupem a esforços de diplomacia ao desbarato, numa lógica de propaganda bem ao estilo das ditaduras. Agora que lhes estendam a passadeira... E ainda por cima o PS!

Chinese use torture to extract confession, then execute

domingo, outubro 15, 2006

A ameaça Bush

Bush cumpre um final de mandato que lança questões perigosas para o futuro da humanidade.

Por um lado, é evidente que, ao entender que é vaga a noção de dignidade humana, de acordo com a Convenção de Genebra, o aproxima mais de Lhusama Bin Laden e de Hitler, como curiosamente mostravam os cartazes da extrema esquerda no arranque da desastrosa aventura do Iraque e que pareciam exagerados, do que de ser um democrata respeitador do Estado de Direito. Ironia das ironias, é o único argumento que resta aos defensores daquela guerra: caídos por terra o das Armas de Destruição Massiva e o das ligações à al-Qaeda, sobra o destronar de um ditador e o implementar uma Democracia, o que também não é verdade à luz da guerra civil que todos os oponentes previram.
Por outro, é inerência justamente do cargo de Presidente dos Estados Unidos a defesa intransigente dos valores da dignidade humana, do respeito pela cidadania, do combate à tortura, à exclusão e à violência. É também evidente que o seu discurso antagónico tem eco em alguns retrógrados intelectualmente pobres coitados que persistem na sua defesa: do Presidente e das decisões belicistas da sua Administração. Curioso verificar que os conservadores que procuram impor a democracia, o fazem recorrendo aos métodos desumanos, criminosos e nazis dos próprios não ocidentais terroristas.
Um terceiro aspecto não será quanto a mim despiciendo: será justamente neste campo de batalha que se jogará a próxima disputa eleitoral para a Casa Branca. Hillary Clinton e Condoleezza Rice terão de explicar muito bem aos eleitores a sua posição sobre a matéria e aí uma delas está claramente implicada neste retrocesso de 50 anos da civilidade americana.

Não sei como pode um país tão poderoso e tão estimulante (nas artes, nas ciências, nas indústrias) descer tão baixo. Afinal Bush foi (re)legitimado nas últimas eleições pelo seu povo, que agora, por mais arrependido e decepcionado que se mostre em sondagens e estudos de opinião, é também co-responsável pela histórica via do massacre e ficará, tal como o povo alemão, noutra escala, evidentemente ligado a este período de decepção macabra da sua... Própria dignidade. Afinal existe a dignidade humana, mas também a dignidade colectiva e do juízo final sobre esta já não se safam.

Daily Show de 26-09-2006

quinta-feira, outubro 12, 2006

Borat - Method Acting

O tal nervosismo que vos falava. O título devia ser: Method Clown.

Borat - Republican Committee Meeting

Ic.

segunda-feira, outubro 09, 2006

borat movie preview

Estou viciado. Não consigo parar.

Ando louco, tão louco, louco por ti

Borat


Em finais dos anos oitenta entrei num clube de vídeo e com uns trocos ganhos num labor apagado da memória, inscrevi-me e procurei uma K7 vhs.

Provavelmente a minha ideia era procurar algo erótico ou, em alternativa, algo erudito que refrescasse a alma.

Detive-me na prateleira de comédia naquele vídeo: Life of Brian. E lembro-me como se fosse hoje, as duas características que me despertaram para a vida. Brincar com Cristo (as fotos e a sinopse) e um grupo assinava a autoria e o protagonismo. Nunca mais fui o mesmo depois de Monty Python. (Tenho orgulho em, anos depois, ter traduzido e encenado um espectáculo a partir de um conjunto de sketches deles. Fui o único português que, ao contrário de os imitar, os pus em cena! Tenho mesmo franco orgulho).

Tenho seguido com atenção o percurso de Sasha Baron Cohen. Ali-G despertou-me e fiquei entusiasmado com a ideia criativa de ser Borat a apresentar os Europe Music Awards. Mas confesso que só há uma semana atrás realizei, via You Tube, a dimensão da personagem. O seu encanto, a sua poesia, a profundidade da sua dimensão. Para um actor nada é mais bonito que a ideia proibida de levar a realidade ao limite.

Borat Sagdiyev inspira-me. Às vezes deixa-me nervoso, embaraçado, corado. Desmancha-me sempre. Rio, como já não ria há muito. Desde finais dos oitenta. Yakshimusiz.

O filme estreia em Novembro. Só a ideia inscrita no título (Cultural Learnings of America), é suficiente para ficar ansioso.

Reza a lenda que a inspiração terá vindo do internet phenomenon de 1999, Mahir Çagri. Isso deixa-me fora de mim. Como é possível? Como é que alguém viu isto? Como se faz? Como se chega? Como se pode brincar assim?. I Like, yes.

sexta-feira, outubro 06, 2006

A sorte acompanha a besta

O ano lectivo passado, pode dizer-se, não foi bem chumbar. Poderia ter sido perder o ano e afinal foi ganhar.

A meio do primeiro semestre dois projectos irromperam a compenetração do empenhado aluno. Pensando que poderia fazer os exames, esperei por Julho. Mas aí a trama adensou-se e nem sequer me inscrevi.

Voltei este ano. Bolonha apareceu na linguagem corrente da Fac. e com o tratado as coisas mudaram. Logo a licenciatura passa a três anos em vez de quatro. Mas a matéria substancial é que tive de optar por novo curso. Em vez de Línguas e Literaturas Modernas (variante de estudos portugueses e ingleses) agora estou em Línguas, Literaturas e Culturas (variante em artes e culturas comparadas).

Não confundir com os cursos de Artes do Espectáculo, aqui a tónica mantém-se nas Línguas e Literaturas. Acresce que agora vario nas artes e quiçá nas culturas. Se o humilde escriba pudesse escolher uma licenciatura faria uma estrutura em tudo idêntica à que lhe calhou em lotaria.

Desapareceu o Latim e a Linguística, pena, apareceu o Espanhol (positivo: na última sondagem do El Pais, sim, eu teria votado na integração com os espanhóis, embora mudasse a nomeação para Ibéria, Estado das Regiões Unidas da) e a Literatura Comparada, mantendo-se o estudo da Literatura e da Cultura, bem como a Cultura Clássica. Menos duas disciplinas durante o ano e o resultado é um conteúdo feito à medida do seu explorador.

Acho que devia jogar no Totoloto. Vou esperar pelo Jackpot.

terça-feira, outubro 03, 2006

Loja de Quem?

Do cidadão, pois então! Ontem fui à de Telheiras. Missão: novo B.I. e nova Carta de Condução. Sem avisos prévios, compro os dois impressos e tiro fotos.

Guichet: para ter novo B.I., em caso de extravio, é necessário Cédula de Nascimento que só estará pronta no dia seguinte (hoje). Para pedir a Carta de Condução preciso, ou do B.I., ou do título provisório. O Passaporte não me serve para nada. Em Portugal, claro.

Objectivos: tirar dois novos documentos.
Custo: 14 aéreos (Cédula), 7.55 (B.I.), 10 (fotos)= Mais de seis carapaus antigos.
Resultado: Nenhum documento na minha carteira. Volto hoje para ajudar a resolver os problemas burocráticos dos senhores.